Mon
"— Família de Samanum Anuntrakul?"
Ouvir essa frase e não saber o que esperar fez com que cada segundo passasse como horas, cada minuto como dias, nesse momento a terra parecia girar lentamente, mais uma vez sentia meu corpo não me pertencer, mesmo fora de mim tentava me concentrar em ouvir o que a médica tinha a dizer, tinha esperanças, precisava ter, precisava que meu mundo continuasse aqui, comigo.
— Sou a Dra. Ally, recebi Samanun na emergência, infelizmente o acidente foi grave, o estado dela de certa forma também está, preciso que entendam que poderia ter sido muito pior, ela teve uma concussão e um inchaço no cérebro, houve hemorragia interna, e muita perca de sangue, porém na cirurgia conseguimos conter ambos, agora nossa preocupação maior é com a concussão, ela está estável no momento, porém não fora de risco, vamos induzí-la ao coma por 48 horas para tentar ajudar com que o cérebro se recupere mais rápido, logo ela irá ser encaminhada para UTI e vocês poderão vê-la. – as palavras da médica me atigiram em cheio, me deram alívio, e ao mesmo tempo preocupação, olho em direção aos pais de Sam e ambos pareciamos ter a mesma sensação. A Sra. Nueng vem até mim, me abraça com se o gesto fosse algo que acalentasse ambas, a mesma confusão de sentimentos estavam ali, alívio por saber da estabilidade de seu estado, tensão por não saber o que poderia vir a seguir.
— Minha querida, vou liberar a sua permanência, ok?! Sei que é o que Sammie gostaria que fizesse, e é o que quero também. – diz segurando minhas mãos, vejo o alívio de todos ao saber que Sam está de certa forma bem, estável, mas em meu coração ainda sentia peso, dor, e medo, muito medo de perdê-la.
Muitas coisas se passam pela minha cabeça, apesar da minha inquietude e o receio que pairava sobre mim, nenhuma me leva a acreditar que minha garota não iria sair bem dessa situação, ambas precisávamos e dependíamos disso, e eu, sinceramente não existo sem ela, não aguentaria. Park e Lisa chegaram ao hospital, a loira trouxe roupas para que pudesse me trocar, ela mesmo que silenciosamente sabia o que eu estava sentindo apenas com um olhar, Lisa visivelmente abalada e com olhos vermelhos – como todos que estavam ali – conversava com Tee, Kade e Jim, minha mãe era o conforto para a senhora Nueng, enquanto Saint se isolava. Todos sentem tudo e nada ao mesmo tempo, e de alguma maneira tentam ao máximo controlar a aflição e o misto de emoção que sentiam. Minha mãe, que não sabia até então, que era tão próxima a minha sogra, parece tentar convencê-la a ir para casa, também levar o marido para que ambos pudessem descansar. A mais velha parece aceitar enquanto o homem se recusa a deixar o local, seus olhos tinham medo e pesar, mas ainda não entendo a culpa que eles carregam, uma culpa que transparece ser um fardo deveras pesado demais para carregar, o homem mal me olhava, também não se aproxima ou faz menção de querer se aproximar da filha, seja lá o que aconteceu, a restrição que ele mesmo se impõe diz algo que ainda não sei o que significa, porém algo me diz que de certo modo, não gostarei de descobrir. Assim como ele, me recuso a sair deste hospital, não irei sair daqui, não posso, não vou deixá-la novamente.
— Precisa de algo, Mon? Trouxe roupas para você tomar um banho, se trocar, precisa descansar também, já comeu? Vai dormir aqui? Falei com sua mãe, Lisa vai na casa de Sam pegar algumas coisas para ela. – Park me bombardeia de informações, entendo sua preocupação, esse é um dos traços de sua personalidade que mais aprecio, sempre foi cuidadosa, e desde que nos separamos, tornamos-nos incrivelmente mais próximas. Rosé é uma cuidadora nata, sabe o que falar e fazer em momentos de crise, e quando precisam do apoio dela. Ela me envolve em um abraço apertado, tentando partilhar dar dor que sinto para que o fardo não seja tão pesado, seu abraço e o sussuro dizendo que tudo ficaria bem me fez sentir mais vontade de desabar, volto chorar copiosamente em seus braços enquanto a loira afaga minhas costas, quase que tocando minha alma e encontrando minha tristeza que estava tomada por toda ela. Em meio a soluços e olhos ardendo, depois de um tempo consigo responder seus questionamentos.
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Tales of the Heart
FanfictionSam, uma escritora renomada vê sua vida mudar ao reencontrar a inspiração de suas obras e grande amor de sua vida. Ou Mon Fotógrafa Jornalística, agora noiva, volta da guerra e acaba reencontrando alguém importante de seu passado, que por força ma...