Jogos da Capital - Capítulo 16

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 Não contei a ninguém sobre a reunião com o presidente, era obvio que essa era uma mensagem discreta, não poderia sair espalhando sobre isso nem mesmo contar a Finnick, que depois de termos disso interrompidos disse que tinha um compromisso e foi embora rápido.

O dia se seguiu como o planejado tivemos a gravação do programa e depois fui deitar e dormir o resto do dia sabendo muito bem que essa poderia ser minha última boa noite de sono, porque nunca se sabe o que podemos esperar do homem mais cruel e ditatorial de toda a Panem.

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O som dos saltos batendo no piso de mármore era a única coisa que eu conseguia ouvir enquanto outro avox me guiava em uma procissão silenciosa até o escritório pessoal do presidente.

Assim que paramos a porta se abriu revelando um homem de idade avançada, mas cujo número acho que nunca saberei, seus cabelos eram claros e o porte era menos abatido do que deveria ser. Acho que é isso que se espera da postura do líder de uma nação, porém não me esqueceria de quantas vidas a nação que ele rege com punho de ferro foram tiradas sem piedade.

— Senhorita Abernathy — Disse ele indicando para que eu me sentasse na cadeira em frente a sua escrivaninha.

— Presidente Snow — Cumprimentei em com uma meia reverencia, tentando manter a minha postura o mais rígida possível e impassível para não mostrar nenhum mínimo de fraqueza.

— Acho que lhe devo felicitações pelo seu décimo oitavo aniversário — Disse ele se servido de uma xicara de chá.

Todas as vezes em que fecho os meus olhos gosto de me imaginar em um mundo diferente, com uma vida completamente ignorante a minha. Outro nome, outro rosto e outra história. Em um mundo talvez que não seja tão bruto e cruel quanto o meu e em que a minha vida não esteja sempre em risco.

A morte paira ao meu redor eu sinto isso olhando nos olhos quase translúcidos do homem que fora responsável direta e indiretamente pela morte de tantos.

Todos conhecem os boatos daqueles que visitam o presidente e perecem repentinamente de uma doença misteriosa e do cheiro que ele insiste em esconder com as rosas brancas, me pergunto se entrarei na lista de mais uma morte sem aparente explicação depois daqui, ou se terei um destino pior que esse.

Nunca pode se tentar adivinhar nada quando se vive na capital sendo nada mais que um intruso.

— Eu fico honrada — Disse a ele dando um sorriso tímido.

— Sabe de uma coisa Senhorita Abernathy, creio que não seja do seu conhecimento, mas eu e seu avô fomos muito próximos a algumas décadas — Disse ele colocando açúcar no seu chá — Gold Stone ele era um homem de capacidades formidáveis, assim como a maioria dos membros da sua família. Muitos dizem que foi sua bisavó que foi a visionária da família, porém eu acredito que a vitória veio mesmo da capacidade do seu avô.

Ele me ofereceu uma xícara de chá, mesmo que eu tivesse negado a princípio, aceitei sabendo que era uma ordem implícita.

— Um homem com grandes ambições e que protege a família, é uma característica de se orgulhar — Ele disse.

— Infelizmente não mudou nada no fim — Falei o deixando surpresa e enquanto dava uma pausa bebendo o chá — Acho que concorda comigo presidente quando a mais pura verdade, que aflige a humanidade é a de que não importa o que se faz em vida ou quanto tempo se vive a morte é um destino certo que não se pode fugir para sempre.

Ele assentiu.

Logo senti minha garganta coçar e meu pulso acelerar, olhei para o chá que não era nada além de um líquido escuro e aguado — Ele percebeu meu repentino desconforto e não pude evitar o pigarro que saiu da minha garganta.

Tributo de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora