Tributo de Prata

Jogos do Tordo - Capítulo 28

  A vida eterna eterna é uma fantasia, mas não importa quando dura nunca seria tempo suficiente.
Isso nos corrói, destrói e rasga. Me olho no espelho e é como memórias que se foram como o gelo derretendo no fim do inverno com a chegada da primavera.
  Tanta coisa havia mudado e mesmo assim a natureza continuava a mesma, uma maldição a qual estava fadada de viver sempre revivendo os Jogos.
  — O que achou? — Perguntou Tigres a mim enquanto estava encarando meu reflexo.
Avalio com cuidado o vestido preto exageradamente justo busto mas que vai se soltando aos pontos e de derrama em um mar de seda negra, conforme me mexia o vestido emanava luz como de ouvissem pequenas estrelas escondidas dentro daquele tecido.
  — É lindo — Falei — E com certeza não é do Cinna falei encarando Tigres.
  A alguns anos ela havia sido praticamente expulsa dos jogos como estilista, um dos motivos era que ela havia conseguido com o passar dos anos chegar ao máximo de modificação corporal que um humano poderia ir até mesmo aos padrões da capital possuindo um rabo e até mesmo bigodes de um felino.
Com os jogos de Katniss acabei me aproximando do seu estilista que se ofereceu para me vestir quando fui sorteada. Aceitei por medo que algum idiota da capital ficasse responsável por me vestir nesses jogos e para o meu alívio encontrei Tigres lá como assistente de Cinna na minha equipe de preparação.
  — Você sempre foi inteligente demais Kalea — Ela disse e quanto colocava alguma alfinetes da minha cintura ajustando cuidadosamente o vestido — Talvez eu tenha o ajudado com um esboço ou outro, mas os créditos ficaram para ele.
  — Porque Snow te proibiu de fazer roupas aos tributos — Falei notando o balançar nervoso no seu rabo e o revirar dos olhos felinos.
  Tigres não me contava muito sobre o que exatamente aconteceu como o porque ela decidirá de tornar assim e o que exatamente aconteceu para ela não participar dos jogos como estilista, mesmo assim via a tristeza dela nisso.
  Viver anos na capital me fez perceber que as pessoas dos distritos fantasiam muito sobre os luxos da capital, aqui vejo tanta pobreza quanto lá só que em outros aspectos, eles não passam fome, porém vivem em um mundo tão aprisionado como o nosso a única diferença é que eles não entendem isso se acomodam em sua prisão de ouro e se divertem vendo os menos favorecidos sofrerem.
  — Obrigada — Falei a ela — Não conseguiria imaginar outra pessoa que não fosse você aqui.
Sua mão segurou a minha com um aperto forte por apenas um segundo vi algo que parecia ser emoção nos seus olhos quase não humanos e então o transe se desfez e ela voltou a arrumar a barra da minha saia.
  Meus cabelos estavam praticamente duros com a quantidade exagerada de gel colocados para trás brilhavam tanto quando o vestido.
  Resolvi mudar o visual novamente nesses jogos, atitude infantil provavelmente sair do cabelo platinado que me acompanhou durante meus anos na capital para o castanho que era do mesmo tom escuro do da minha mãe.
  Quando cheguei até onde as carruagens estavam estacionadas junto dos cavalos percebi que era a primeira a ficar pronta e nenhum tributo havia chegado ainda. Me aproximei da minha carruagem e passei a mão na crida de um dos cavalos de pelagem marrom que puxariam a carroça durante o desfile.
  Senti seu cheiro antes que ele se que se aproximasse de mim a almíscar era um aroma muito característico não dele em si mas do papel que ele tinha de interpretar.
  — Cadê a sua roupa? — Perguntei a Finnick encarando a pequena tanga que não deixava literalmente nada para a imaginação.
  Sua estilista não tinha se dado o trabalho de costurar uma roupa para ele simplesmente o colocará pelado para o desfile com um colar esquisito e um pano velho cobrindo o necessário para que não tivesse uma nudez tão descarada.
  — Não gosta do que vê Kalea?
  Me aproximo dele olhando a minha volta vendas e há mais alguém aqui, porém só há ele.
  — Na verdade estou me perguntado como vai aguentar o frio vestido assim — Seu sorriso era sempre meu ponto fraco como alguém podia ter covinhas tão perfeitamente simétricas ?
  — Talvez seja essa a proposta da roupa, passar a impressão de que necessito que alguém venha me esquentar.
  Idiota.
  Senti meu coração começar a acelerar com aquela maldita preliminar onde ficávamos debatendo coisas sem sentido.
  — Golpe baixo, seus patrocinadores ficarem morrendo de pena talvez lhe mandem um casaco na metade no percurso.
  Logo nossa distância foi cortada em um pulo quando ouvi passos próximos de nós. Não estávamos em casa sozinhos e tínhamos um segredo a guardar. Por sorte quem estava aqui era um rosto muito doce e familiar.
  — Maggs — Corri na sua direção dando um abraço na mulher mais doce que já havia conhecido — Eu sinto muito — Sussurei em seu ouvido, ela não precisava estar aqui foi Anne a escolhida mas ela se ofereceu como um tributo.
  Maggs criou Finnick, uma pessoa como ela merecia ter uma morte pacífica em casa e não numa arena, com mais de oitenta anos essa era uma sentença de morte ela sabia disso, mas me admirava que mesmo assim ela não tirava o sorriso doce do rosto.