Os Jogos do Tordo - Capítulo 21

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Déjà vu é um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo.

Com certeza essa é a melhor expressão que posso usar para simplificar a situação que está acontecendo diante dos meus olhos. Tudo começou com o sorteio das garotas.

Effie Trinket disse:

— Bom, vamos começar primeiro com as damas — Logo após o pronto pop do presidente tocar, repetindo mais uma vez todo aquele Blá-blá-blá...guerra, uma guerra terrível e a justificativa para que nós, jovens dos distritos, fossemos todos os anos aniquilados em prol da diversão dos viventes da capital.

Vi Effie colocar uma de suas mãos em uma urna transparente e redonda onde de lá não sairia apenas um nome mais uma vida também.

— Primrose Everdeen — E nesse momento, meu mundo pareceu desabar.

A garota sorteada é uma criança. Devia ter acabado de completar 12 anos. Seus cabelos eram Dourados e seu rosto era completamente inocente e assustado. Graças a recente condenação, estava na sua frente.

Foi então que eu vi um grito. Uma garota de cabelos escuros começou a gritar.

— Eu me ofereço — Ela disse — Eu me ofereço como tributo.

É impossível não lembrar de uma cena, insistem de anos atrás da minha vida, da minha prima se oferecendo por mim.

A garota que haver sido escolhida começou a gritar, então o rapaz mais velho pegou nos braços e tirou de longe, porque ela queria ir atrás da irmã, que logo foi conduzido até o palanque por pacificadores.

Effie pareceu estar achando graça de aquilo tudo.

Aquela era se não me engano a primeira voluntária do 12 em setenta e quatro anos de jogos ela era a primeira a se oferecer para o evento que possivelmente causaria a sua morte fatídica.

Foi uma garota, subiu no palco, percebi que ela não era muito mais nova que eu. Effie a fez se apresentar a todos. O nome dela era Katniss Everdeen e a garota antes sorteada era sua irmã mais nova.

O próximo nome é ser sorteado em fez gelar tanto quanto o primeiro.

— Peeta Melark.

Aquele nome ecoa na minha cabeça. Eu sabia quem era, conhecia o menino pequeno, de cabelos louros, que agora se tornaram homem. E que em breve, poderia muito bem morrer na área.

Depois que a cerimônia da colheita se encerrou, começaram os sempre comuns e tristes preparativos para levar a dos tributos até a capital. Houveram alguns minutos para que os parentes familiares próximos pudessem se despedir dos tributos escolhidos deste ano. Não queria ver o alvoroço que aconteceria o choro e todas as coisas que acontecem. Despedidas assim onde não se sabe se você verá seu filho, seu irmão ou seu amigo novamente.

Por isso esperei no carro. Enquanto o tempo passava. Demorou aproximadamente meia hora até que os tributos chegassem e fossem levados à estação de trem. Effie. Não parava de falar o caminho inteiro, falando sobre as maravilhas da capital, sobre o quão rápido e tecnológico era o trem e todas as coisas incríveis que eles viram.

É estranho, como mesmo depois de tantos anos vivendo na capital. Eu ainda me incomodava. Com a total inconsciência que estava ao redor de seus moradores. Era ridículo. Como eles não percebiam como monstruosa era a situação, colocavam crianças e adolescentes todos os anos e faziam disso um espetáculo.

Quando chegamos ao trem, eu não tinha dito mais nenhuma palavra. Eu sabia que meu pai estava lá sentindo o cheiro forte de whisky em algum lugar. Provavelmente ele estava no vagão bar.

Deixei os tributos se adequarem ao espaço dei tempo a ele para entenderem a situação e por minha vez fui procurar meu quarto para ter um minuto de paz e silencio.

Assim que entrei no quarto como se tivéssemos algum tipo de conexão mental recebi uma ligação.

— Mal se passou um dia e você já liga para mim? — Tento esconder o que acabou de acontecer na minha vós não quero que ele saiba o quanto isso me afeta.

— Você está bem? — Ele perguntou — Acabei de ver a transmissão do 12, sei o quanto isso pode ser difícil para você.

O problema é que Finnick me conhece bem demais.

— Vou sobreviver — Respondi — Não precisa se preocupar comigo se concentre no seu jogo esse ano.

— Kal... — Ele parecia querer me dizer alguma coisa só que eu sabia que esse não era um bom momento para isso.

— Vou ficar bem eu prometo — Disse a ele — A gente se vê mais tarde.

Desliguei antes que ele pudesse dizer alguma coisa e resolvi que já tinha passado tempo de mais me escondendo. Era a hora de enfrentar o monstro que assombrava o meu passado, eu deveria enfrentar isso não só porque era a coisa a certa a se fazer como também porque era o meu trabalho.

Por isso eu estava aqui. Eu era a mentora e tinha como responsabilidade cuidar dessas crianças para que elas sobrevivessem a isso, esse era o meu trabalho.

Quando cheguei no vagão restaurante o lugar onde geralmente os tributos eram colocados para comerem e ganharem peso o mais rápido possível vi um rosto que não via a anos.

— Já deve ter conhecido os tributos desse ano — Falei sendo a primeira a quebrar o silêncio.

— Sim, tive o desprazer para ser sincero não estou impressionado. A garota que se ofereceu pela irmã é amarga e sem nenhum carisma e o filho do padeiro parece forte, mas tem coração mole.

— Você parece muito convicto disso mesmo não tendo falado com eles por mais de cinco minutos — Disse me permitindo me servir uma taça de vinho — Diferente de você eu tento tirar o melhor dos tributos dar uma chance a eles ao invés de cair bêbada e os deixar por si.

A anos meu pai havia desistido de ser um mentor de verdade, de tentar a esperança havia sumido dos seus olhos. Talvez se não tivesse conseguido algumas vitórias teria o mesmo destino que ele, só que para mim a diferença entre nós era que ele havia falhado e eu não. Nunca falhei em todos os jogos que mentoreei e no meu jogo em venci então isso era algo mais.

Meu nome estava em jogo, minha reputação e tudo que passei anos construindo. Não deveria me importar com essa merda, mas era a única coisa que eu sabia fazer então só tinha isso. Ao menos era menos repulsivo do que me prostituir na capital não que fosse um trabalho mais honrado, pelo contrário ensinar crianças a serem assassinas.

Tributo de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora