Tributo de Prata

Os Jogos Vorazes - Capítulo 5

Olhando no espelho eu parecia estar em frente a uma completa estranha, mas era o meu reflexo que eu via. O vestido que eu usava era brando musselina de ceda com um corte que me deixava com a cintura muito fina e os seios bem destacados.

Minha maquiagem embora leve deixava meu rosto mais anguloso e o cabelo trançado, tudo isso me compunha um visual estranho e eu aparentava ser bem mais velha do que eu realmente era.

Provavelmente era essa a intensão da equipe de preparação, que a Capital me visse como uma competidora, mais forte e com experiencia, ainda sim não enxergava um pingo de mim no reflexo.

Assim que saí da sala de preparação consegui ouvir o som de palmas e gritos eufóricos de multidão, o programa mais aguardado antes dos jogos era com certeza a entrevista exclusiva de Ceasar Flickerman dava antes dos jogos avaliando atentamente cada um dos tributos antes deles serem jogados na arena.

Ele fazia isso a muitos anos sei que entrevistou os meus pais não só nos seus jogos mais depois também e isso me dá uma vantagem se eu souber usar. Me preparo aguardando ansiosamente pelo momento em que meu nome é chamado e a multidão aplaude.

— Agora eu sei que todos estão ansiosos para receber um rostinho tão familiar, muitos familiares dela já passaram por aqui então eu sei quando digo que estamos muito ansiosos para conhecer Kalea Abernathy.

Entro tentando me adaptar ao ambiente na minha volta as luzes neon piscando, os gritos e aplausos da multidão é muita informação para eu processar, mas tento ignorar não parecer uma estranha e nem deslocada. Sorrio e aceno para a multidão me aproximo de Ceasar e recebo um abraço dela, enquanto o quanto isso pode significar para mim foi rápido seco e obviamente sem fato, mas ele não tinha feito nada parecido com nenhum dos tributos entrevistados até agora.

— É um prazer finalmente te conhecer pessoalmente Ceasar — Falei exibindo meu melhor sorriso para ele e a plateia.

— Digo o mesmo Kalea — Ele faz uma pausa — Posso te chamar de Kali? — Pergunta.

— Não se quiser continuar com a cabeça — Respondi em um tom provocativo.

— Ah esqueci que estou lidando com uma jovem letal — Diz ele rindo e apontando para os dois acentos no meio do palco — Você é tão parecida com a sua mãe, parece que estou com a própria Petra Stone no palco, tenho certeza que se ela estivesse aqui estaria muito orgulhosa.

Sorri para ele e assenti.

— Sabe o meu maior desejo para esses jogos é fazer honra a memória dela.

Ouço o som de comoção da plateia, o papel de filha perdida da Capital me cai bem como uma luva.

— Tenho certeza que você já está fazendo isso — Fala Ceasar — Mas agora mudando de assunto eu sinto que eu preciso de fazer uma perguntinha — A multidão começa a rir o que me dá uma ideia de que eles sabem o que ele fará — Que eu tenho certeza que muitos estão curiosos para saber a resposta.

— Pois então diga — Respondo rindo.

— Será que a sorte está mesmo no seu sangue?

Respirei fundo e encarei a multidão antes de me voltar a Ceasar, esse momento já havia passado pela minha cabeça um milhão de vezes ensaios de entrevistas. Quais perguntas ele faria, quais respostas eu deveria dar. Tudo deveria ser fácil, simples mas na vida real colocando tudo em prática não levei em conta o quão meu pulso estaria acelerado e o quanto minhas mãos pareciam tremer descontroladamente.

— Sento totalmente sincera, sempre achei essa história meio boba. Mas quando você é selecionada uma segunda vez para os jogos com certeza têm alguma coisa por traz — A capital eu deveria responder, mas não falaria isso porque seria como colocar um alvo nas minhas costas — Sorte, destino chame como quiser eu só sei que estou onde estou agora e vou fazer o meu melhor.