Os Jogos da Capital - Capítulo 20

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Acho engraçado como pequenas coisas podem ser transformadoras na vida, um evento que pode muitas vezes ser ínfimo causar na vida de alguém consequências catastróficas. Como o bater de asas de uma borboleta ocasionando um terremoto no outro lado do globo.

Diria que muitos acontecimentos da minha vida podem ser dados a estes efeitos, embora alguns possam ter sido mais diretos, porém acho que a essência é mesma, uma ação comum e que teve consequências inimaginavelmente desastrosas.

— Como vou conseguir passar semanas com eles sem o matar? — Questionei a Finnick enquanto colocava toda a minha frustração em um bolo de chocolate.

— Kal não seja dramática ele é o seu pai e não um ditador maluco.

— Não — Falei enfiando um pedaço de bolo na boca — Esse era o meu avô e graças aos céus ele já está morto — Deixei um pouco de farelo cair da minha boca.

Finnick se aproximou de mim e limpou um pouco de cobertura que tinha na minha bochecha, lambeando depois o próprio dele, como ele podia ser tão sexy mesmo nas coisas mais simples? Será que tinha noção disso?

— Sabe essa é uma ótima oportunidade para vocês fazerem as pazes — Falou ele em um tom apaziguador.

— Não, não é e só para constar não sou eu que tem que fazer as pazes com ele se isso estivesse em questão e só para constar não está! A pessoa que deveria implorar por perdão e uma não segunda mais DÉCIMA chance é ele.

Derrotado com meus argumentos Finnick suspirou.

— Por favor, nunca me deixe esquecer o quanto você é uma criaturinha rancorosa.

O rancor era uma palavra incha para ser usada em relação à minha meu pai. Desavenças? Com certeza faziam parte da nossa relação, assim como abandono e o fato dele ser um alcoólatra de merda.

As coisas pioraram depois dos jogos e ficou difícil de fingir que o vício não existia, e quando tudo o que eu tentava fazer era sobreviver e quem sabe prosperar nesse mundo de merda Haymitch Abernathy adorava jogar na minha cara o quão parecida com eles eu estava.

Um dia eu simplesmente cansei dessa merda toda e fui embora depois de uma briga terrível.

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A notícia que haveria esse ano dois mentores para o distrito 12 correu, e o distrito que até então tinha basicamente uma vitória e meia. Essa seria uma edição divertida diziam os comentaristas.

Tudo pelo show.

A viagem de trem até o doze era curta, principalmente quando se considerava o quanto já estava acostumada a viver nesse vai entre a capital e o distrito 5.

Já havia muitos anos que eu não ia até o doze.

Cheguei um dia antes da colheita e uma das casas vazias na vila dos vitoriosos foi preparada para me receber esta noite. Era escuro quando cheguei então fui direto para a cama e não pensei em mais nada até sentir que o sol estava próximo de nascer.

As manhãs no 12 eram exatamente como me lembrava. Diferente do ou da capital, não havia sempre luzes ofuscantes, impedindo o brilho do Sol. À noite, a escuridão era completa. E de dia a luz vinha num azul tão claro e límpido que era possível distinguir as nuvens no céu. Eu sentia falta disso, não podia negar.

Engraçado como anos de rotina, nunca podem se apagar. Mesmo de anos passado, anos desde a minha edição dos jogos, eu ainda treinava, mesmo que um pouco. Talvez fosse algo pra conseguir gastar quantidade de energia que por anos ou exigir do meu corpo e simplesmente deveria acessar, eu não consegui. Eu ainda treinava, lutava fazer alongamentos, mesmo que sozinha, Finnick às vezes participava comigo.

Tributo de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora