Se Ficares Aqui

OITO

O ar fresco de Brasov roçou na barba de Dan Brassard assim que saiu do carro. Olhou para o lado e notou como algumas pessoas o analisavam, talvez por suas roupas sociais. Ele arrumou os óculos no rosto e perguntou a um de seus homens de confiança, Aurel:

— Onde é a igreja?

— Logo na próxima rua. Paramos aqui para que o carro não chame tanta atenção — disse o homem de cabelos castanhos e bigode.

Os dois seguiram pelas vielas de Brasov. Dan analisava como as pessoas perambulavam para lá e para cá e sem nem imaginar que viviam debaixo do olhar de tantos homens. Brasov não estava sob a jurisdição do clã Brassard ou qualquer outro, mas não deixava de ser um lugar que poderia muito bem ser utilizado hora ou outra para seus negócios. Podia se dizer que era uma localidade de passagem.

Enfim, chegaram a uma congregação. Era bem diferente das grandes e históricas igrejas da cidade. Ele observou como havia muitos jovens no local fazendo diversos serviços de venda, entrega de alimentos e outros mais. Pareciam ser um espaço religioso bem ativo. Ele chegou perto de umas das pequenas bancas de vendas e logo ouviu:

— Salut, Senhor! — Uma mulher mais velha com um lenço na cabeça o saudou.

— Senhora, seu reverendo está? — ele indagou a mulher.

— Sim! O que deseja? — Ela arqueou a sobrancelha com certa curiosidade. Por certo, que um homem com uma postura imponente daquele não era comum ali.

— Preciso falar a sós com ele. Acredito que um reverendo sempre tem tempo para uma alma, não? — Dan expressou com espontaneidade.

A mulher deu um sorriso tímido e consentiu. Avisou que ia informá-lo da sua presença e que esperasse. Ele assentiu. Enquanto aguardava passou a averiguar os belos vestidos com estampas coloridas. Eram muito bonitos. Isso fez sua mente viajar em direção a jovem em sua casa, pensando que talvez ela gostasse de vestidos assim. Porém, como saberia? Não conhecia nada da menina, que chegou em sua vida em circunstâncias tão difíceis. A única coisa que sabia é que ela estava sob sua proteção e precisava urgentemente descobrir uma solução para tudo aquilo. De repente, dois rapazes que saíram de dentro do templo o tirou de suas reflexões. Um deles falou algo que chamou a atenção de Dan.

— Você tem certeza que ela te ligou na noite passada? — Um rapaz de camisa rosa e cabelos ondulados indagou com incredulidade.

— Acha que eu não reconheceria a voz de Anelise? É claro que era ela!

Dan ao ouvir o nome de Anelise, de imediato, observou o rapaz cuja boca pronunciou o nome da jovem que estava em sua casa. Ele se atentou ainda mais a conversa, apurando a audição.

— Alfredo, ela não disse onde estava? — o de camisa rosa questionou. — Você avisou ao pastor?

Aquele nome não passou despercebido para Dan. Sim, ele se lembrou de quando Anelise chegou e entre o estado de lucidez e delírio falava de um tal "Alfredo ". Dan analisou o rapaz moreno de cabelos enrolados de cima abaixo.

"Então, aquele era o tal homem que estava no inconsciente dela aquele dia" pensou, semicerrando os olhos.

— Avisei sim, Jonathan. Ele disse que iria à polícia. — Alfredo bufou. — Por Deus! Se eu soubesse onde Anelise está a buscaria nesse instante e gostaria de ter o prazer de dar um murro no rosto do homem que fez isso com ela. Se eu o encontrasse o esmagaria com as minhas próprias mãos. — O jovem invadido pela ira fechou o punho com toda a força que possuía.

— Bună dimineața, rapazes!

Alfredo ainda estava vermelho de raiva quando se virou para o lado e notou ter sido abordado por um homem um pouco mais velho que ele, porém, de boa aparência e certa nobreza.