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O vento fresco visitava a pequena cidade de Romanov, que era atrativa aos turistas por causa de sua arquitetura histórica e população de espírito calmo, fazendo qualquer um se sentir num mundo medieval.

— Se me perguntassem há dois meses que eu conheceria a Romênia nunca que acreditava. Na verdade, se me perguntassem se eu gostaria de visitar este país talvez dissesse que não. — Anelise deu um sorriso enquanto prendia seus cachos num coque. — Você já entendeu que eu sou meio clichê e tinha o sonho de conhecer a Disney.

— Você tem 21 anos, Lise. É meio que normal ainda sonhar com o clichê. — Alfredo pronunciou, guiando sua amiga para o outro lado da rua.

— Mas veja como a gente não sabe o que é melhor, né? Eu nunca escolheria este país, mas Deus na sua sabedoria, sabia perfeitamente que ele era o ideal para uma curiosa de história e arte da antiguidade. Este país tem um toque do passado em qualquer lugar. — Ela abriu os braços e deu uma rodada, como que mostrando toda aquela beleza. — Ainda bem que a igreja liberou a gente para um dia de folga.

— Sim, e vamos aproveitar porque nesse último mês as coisas vão ficar mais aceleradas — o amigo disse, achando engraçado a demostração de empolgação de Lise.

— Então, seremos bons desbravadores esta tarde.— Ela deu um largo sorriso que ressaltava uma pequena covinha no lado direito. 

Eles caminhavam pelas ruas e Anelise apontava para as casinhas de parede de pedra, as pequenas lojinhas de decoração rústica e até os edifícios mais modernos possuíam seu toque de antiguidade. Num dos altos da colina, um castelo de pedra exibia sua exuberância. Por uns instantes, a jovem moça Imaginou como seria morar num palácio antigo daquele. Que loucura seria viver assim, mas também deveria ser uma aventura.

Junto com Alfredo chegou perto de uma das lojinhas para ver o que se vendia ali e talvez pudesse comprar algo para levar como lembrança. Antes de entrar, ela olhou para o lado e avistou um homem de jaqueta de couro preto a olhando a distância, apesar de sentir um arrepio na pele, não se deixou abalar. Era só uma má impressão. Ao abrir a porta, ouviu aquele som de sininho, aquilo foi meio que se sentir naqueles filmes de natal.

— Eu nem acredito que daqui a um mês já volto para o Brasil — ela disse e seguiu para perto de uma prateleira com variadas xícaras.

— É curioso que morávamos em cidades tão perto no Brasil, mas só viemos nos conhecer na Romênia. A vida é estranha às vezes  — Alfredo riu e chegou mais perto dela. — E olha que fazemos parte da mesma denominação, ainda que de cidades diferentes.

Lise sorriu.

— Você sabe que eu sempre ajudei as irmãs no Instituto e era difícil participar desses eventos da mocidade. Mas Deus quis que a gente se conhecesse nem que fosse do outro lado do mundo. — Anelise o olhou com carinho. — Está vendo como os planos deles não podem ser frustrados?

— Que bom que as irmãs pagaram sua missão aqui. — Alfredo deu um empurrãozinho nela, que riu.

— Sim, eu sou muita grata. Você sabe que as irmãs foram...

De repente, o som do sininho tocou novamente e passou pela porta aquele homem de jaqueta preta, barba escura e olhos negros. Anelise crispou os olhos e um mau presságio pesou no seu coração, ao ver o olhar dele se firmar nela. Mas ela negou que fosse algo sério. Era somente o resquício de medo vivenciado por ter assistido um filme de terror na noite passada. Ela decidiu não mais assistir aquele gênero, pois a fazia ficar pirando com coisas comuns.

— Alfredo, vamos sair daqui?

— Mas não vai querer comprar algo?

Ela prendeu os lábios e viu o homem chegar mais perto, mas ele fazia o movimento de quem tava olhando alguns daqueles objetos postos à venda.

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