VINTE E UM

188 22 64
                                    

Dentro do carro, Anelise não conseguia olhar para Dan e apenas fitava a paisagem do lado de fora. Apesar de ter vários questionamentos, preferiu ficar em silêncio. Por um bom tempo, não ligou para o caminho que o carro perseguia, porém assim que avistou a placa de Brasov seu coração acelerou.

— Por que estamos em Brasov? — A curiosidade a fez conversar.

— Acredito que aqui tenha uma igreja que é familiar, não? — Dan a mirou com cortesia.

Anelise sentiu a respiração ficar ofegante em decorrência das misturas de emoções que começaram a alvoroçar em seu peito.

— Eu... Eu... — Ela colocou a mão sobre a testa e sentiu as lágrimas a visitar, mas não queria chorar na frente de Dan Brassard, embora seu olhar nunca tenha sido julgador em relação a ela.

— Eu o quê? — O homem franziu o cenho.

— Eu não esperava por isso. Obrigada! — disse num sussurro e seus olhares se enlaçaram por um tempo.

Ele não declarou nada a fim de não constrange-la, mas sabia que a jovem estava emocionada e feliz. Imaginou que talvez ela tivesse perdido a esperança de ver novamente sua congregação, porém, de certa forma todo aquele caos serviu como benção também para Dan.

— Mas, eu gostaria de saber como que vamos chegar tão de repente na igreja? As pessoas lá vão saber que não estou mais desaparecida e, sim, que...

— Anelise, eu visitei a sua igreja na época que ainda investigava sobre você. Precisava confirmar se suas palavras eram reais. Lembra-se?

Ela apenas assentiu.

— Depois disso, eu tive a chance de conversar mais com o seu pastor. E ele soube a verdade — proferiu sincero.

O olhar da jovem se arregalou. Como o pastor poderia saber de seu paradeiro e não ir atrás dela?

— Mas... Mas... — Sua garganta parecia ter uma pedra no meio.

— Mas ele sabia que não deveria fazer nada, ou a sua vida correria ainda mais perigo — Dan respondeu a indagação que certamente a jovem faria. — Ninguém, Anelise, pode livrá-la disso. Ah, não ser que o próprio Deus a transporte de modo invisível para outro lugar.

A jovem suspirou e murchou os ombros, pois sabia que isso não aconteceria.

— Porém, acredito que será bom para você entender algumas outras coisas. Está certo?

Anelise assentiu e calou, por um momento, suas muitas indagações. Então, sem pensar, colocou a mão suada e fria no assento do banco a procura de apoio. Todavia, o que encontrou foi o oposto do que sentia, a mão grande e cálida de Dan já estava no lugar. A jovem retirou seu membro tão rapidamente que parecia ter levado um choque, virando-se em seguida para a janela, sem notar que não foi apenas ela que sentiu algo com a ação impensada.

Após um tempo, o carro virou na esquina da igreja e quando Anelise avistou aquele pequeno prédio, suas emoções apertaram mais no peito, mas ela conseguiu as manter firme. Ao menos foi o que pensou, pois suas as bochechas ficaram tão vermelhas por causa dos pensamentos conflitantes, que chamou a atenção de Dan.

Assim que o veículo parou, o motorista abriu a porta para os dois sair e Anelise, ao contemplar, diante de si, a imagem do edifício tão amado, sorriu como se não houvesse melhor motivo na vida e nem ninguém a observando. Pois, aquilo era realmente especial.

— Vocês fiquem aqui e somente eu e ela entraremos — Dan deu ordens aos seus seguranças, e seguiu com a jovem.

Eles caminharam lado a lado e a jovem percebeu que a igreja estava vazia, o que fez seu coração murchar. Tinha saudade de tantas pessoas e gostaria de poder reencontrá-las, principalmente, seu bom amigo Alfredo. No entanto, antes que pudesse lamentar mais em seu coração, ouviu:

Se Ficares AquiOnde histórias criam vida. Descubra agora