DEZENOVE

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Após deixar Anelise no quarto, sob os cuidados de Grace, Dan seguiu para o seu escritório a passos firmes e em meio a turbilhões de pensamentos. Ele só tinha uma pergunta, mas não havia uma resposta.

"O que farei para livrar Anelise da morte?"

— Meu Deus, me dê uma solução! — Ele fechou os olhos assim que entrou no escritório e suplicou por uma ideia. — É o seu querer mesmo que sua filha morra inocentemente por causa dessa tradição?

Dan andava de um lado para o outro e olhou para a prateleira de livros, encontrando no seu campo de visão o livro de tradição de seu clã que havia revirado palavra por palavra afim de achar um atalho para fazê-la escapar da morte, mas não tinha nada que desse esperança.

Em meio aos pensamentos conflitantes e intensos, a porta do escritório abriu e Aurel, seu capataz particular, se aproximou. O homem sabia quando seu patrão estava tenso e nervoso e naquele fim de dia o rosto de Dan estava mais vermelho que o normal.

— Scuze, senhor. Atrapalho?

— O que deseja, Aurel? — Dan não estava apto para outras conversas até resolver aquela.

— Era um assunto da empresa, mas pode esperar. Pelo visto, não está muito bem para conversas. Mas se eu puder ajudar, teria todo gosto.

Dan parou de andar e repousou o olhar sobre seu homem de confiança. Não poderia pedir nada a ele, pois ninguém tinha o poder de fazer alguma coisa.

— Gostaria que pudesse fazer algo, Aurel. Mas existem momentos na vida de um homem em que ele percebe a sua limitação e entende mesmo que não é Deus para resolver tudo. — Dan respirou fundo. — E isso é realmente a prova de nossa miséria humana.

— Kafa, perdão pelo meu atrevimento. — Aurel deu passos à frente. — Mas isso tem a ver com a jovem que está prestes a ser condenada, não?

Dan apenas o fitou com ares de incredulidade.

— Receio que não haja a possibilidade de livrá-la dessa sentença ou há?

— Se houvesse eu já teria providenciado o auxílio necessário e com certeza...

— Kafa, não se lembra da Magna Carta sobre os clãs? Em nenhum momento ousou ir até ela?

Os pensamentos do Dan se tornaram nebulosos em meio ao falatório de Aurel. Como poderia ter esquecido daquela que formava o conjunto de leis sobre todos os clãs desde os primórdios. O líder dos Brassard se condenou de todas as formas por não ter consultado aquele documento. Ele precisava buscar a Magna Carta e estudar sobre os papéis que recaíam aos Kafa de cada clã.

— Aurel, por que não me lembrou disso antes?

— Kafa, você tem passado muito tempo tenso e sozinho. Não queria ser visto como um intrometido. — Aurel soltou o ar. — E o senhor é inteligente, pensei que lembraria.

Dan suspirou.

— Às vezes nos intrometermos ajuda a salvar uma vida. Vamos, me leve até onde ela está para que eu posso analisar o que a Magna diz sobre casos como de Anelise.

Aurel não se moveu e Dan não entendeu o motivo do funcionário ficar no estado de paralisado.

— O que aconteceu?

— Creio que se lembra que a Magna Carta não fica em Romanov e demorará ao menos dois dias de viagem e fora o tempo que terá de obter para estudar bem a situação. — O homem gesticulou com a mão. — E lembrando que o livro fica nas terras dos Scolare. Ele não entregarão fácil.

Dan havia se esquecido de como aquele tipo de livro era guardado a sete chaves em terras a oeste da Romênia. Precisava mesmo descobrir a solução e nada poderia impedi-lo disso.

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