Anelise avaliou a sala escura em que foi lançada como um saco de batatas, com as mãos amarradas para trás. Seu coração só faltava pular para fora da caixa do peito com toda aquela situação. Não aguentava mais ser lançada de um lado para o outro como se fosse um brinquedinho nas mãos daqueles delinquentes. Quando aquele inferno teria fim?
— Ora, ora! Se, enfim, não tenho aqui a filha do miserável do Clinford. — Um timbre desdenhoso ecoou pela sala e uma porta se fechou.
A jovem sequestrada sentiu o estômago revirar ao escutar a maneira raivosa como as palavras haviam sido ditas.
— Eu disse para a sua família que eles iam pagar bem caro por terem matado mais um de nossos homens — o tom feroz declarou e Anelise avistou sapatos pretos se aproximarem dela. Os nervos estavam a ponto de explodir.
Ela não conseguiu olhar pra cima.
— Você e toda a sua família miserável vão começar a pagar por todo o mal que nos fizeram. Nem que seja a última coisa que eu faça nesta vida! — O homem pegou o cabelo de Anelise e puxou, fazendo-a olhá-lo.
Ambos se visualizaram, a penumbra da pouca iluminação que ele acendeu quando adentrou o ambiente, e Lise notou como havia um brilho de ódio pairando sobre o olhar daquele homem de cabelo cacheado e lábios finos.
— Eu juro que seus dias comigo serão os piores de sua vida. — Ele apertou mais o fios do cabelo dela, levando-a lagrimar. — Sua família vai pagar tão caro. — As palavras saiam entre os dentes.
— Você... — Anelise tentou formar uma frase, mas ele apertou ainda mais o couro cabeludo dela.
— Ainda tenta dizer alguma coisa? O que poderia falar a fim de fazer você ser livre? — Ele entortou a boca e balançou a cabeça. — Acho que nada. Mas...— Ele, de repente, observou bem o rosto e corpo da garota, vestido com roupas simples, mas limpas e declarou: — Acho que antes de tudo, eu posso me divertir com você. — E fez um caminho com o polegar pela mandíbula de Lise, o que a fez sentir tamanha repulsa.
— Vai para o inferno! — ela exclamou e, sem medir as consequências, cuspiu no rosto do homem.
Ao receber o escarro em meio aos olhos, aquele homem sentiu a ira fervilhar com tamanha velocidade que era como se o vulcão tivesse entrado em erupção.
Anelise nunca se esqueceria da força da mão de um homem. Ela sentiu seu rosto esquentar de tal maneira e a boca cuspir o sangue pra fora que em seguida tudo que conseguiu fazer foi cair no chão e virar para o outro lado. Tudo na sala começou a girar e a vista ficou embaçada. Sentiu a morte bem de perto, não aguentaria muito na mão daquele homem. Talvez fosse melhor mesmo.
— Você nunca mais vai ousar bater no rosto de um homem, sua... — Ele a chutaria se não fosse interrompido pelo som da porta sendo escancarada e pela voz mais odiosa que pudesse escutar.
— Narcís, não ouse continuar! — Dan ecoou sua ordem em alto e bom som, adentrando com passos duros no local.
Ele avistou como Anelise estava revirada no chão, encolhida e tremendo, fazendo sua piedade ser misturada com o ódio daquele maus tratos. Suas emoções brigavam dentro de si. Qual delas poderia vencer?
— Aurel, a tire daqui e a leve para o carro — Dan disse enquanto se aproximava do primo.
— Ninguém vai levá-la daqui! — Narcís declarou com tamanha raiva, que nem refletiu na emoção rígida e ácida do primo já próximo de si. — Ela é minha. Eu que mandei a sequestrar, mas aqueles idiotas que a levaram para você. Mas não se preocupe, não precisa mais tomar conta dela. Por isso, mandei buscá-la.
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Se Ficares Aqui
RomantizmLonge do seu país, Anelise vê seu mundo ir ao chão quando é sequestrada pelo clã Brassard. Ela tenta de todas as formas fugir, porém seus planos são frustrados. E o único lugar em quem buscará segurança é no homem que deveria odiar. Mas muitos acont...