SEIS

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Dan partiu rapidamente com Anelise nos braços em direção ao quarto que ela estava. Chegando lá, a depositou sobre a cama cuidadosamente. Tirando alguns fios de cabelo que repousavam no rosto pálido, ele percebeu alguns sinais do quanto ela foi maltratada. Seus olhos profundos, tinham as olheiras avermelhadas. Suas bochechas estavam como se ela tivesse corrido uma maratona e o contorno de seus lábios totalmente sem cor.

— Meu Deus, o que fizeram com você? — ele expressou dando um suspiro, olhando cada detalhe da face cansada, enquanto seus dedos percorriam levemente o rosto dela para tirar os fios de cabelo grudados pelo suor.

Sem demora, Grace entrou no quarto com a respiração agitada.

— O que houve, Grace? — ele perguntou, e antes de ter a resposta, pediu: — Mas, por agora, me traga algum perfume ou álcool para tentar acordá-la.

A morena rapidamente providenciou um vidro de perfume. Dan umedeceu bem o algodão e passou próximo ao nariz de Anelise e, depois de alguns segundos, ela começou a mexer o rosto enquanto aspirava o cheiro, provocando alguns espirros. Poucos segundos depois, seus olhos se abriram e encontraram os dele, mas Anelise não sustentou aquele olhar, logo desviou o rosto. O homem a fez sentar na cama e a menina colocou o mão sobre a cabeça se sentindo confusa. Por um ínfimo momento, ela jurava ser tudo aquilo um sonho, mas ao olhar para Dan e Grace soube que o seu inferno continuava. Ela estremeceu.

— Calma! Você desmaiou. Por acaso comeu algo hoje? — Ele quis saber, mantendo a voz neutra, mas vendo que ela parecia mais magra compreendeu a situação. 

— Não tive tempo! — Lise respondeu, deitando a cabeça novamente no travesseiro, que até então estava erguida em defesa.

Ela se sentia um pó. Mais derrubada que as muralhas de Jericó. A verdade era que queria extravasar um monte de ofensas sobre aquela mulher que a maltratou e para aquele homem, mas estava cansada. Cansada demais! 

— Grace, traga algo para ela comer, por favor! — ele pediu a jovem, que até então ouvia tudo com olhos complacentes para Anelise.

Ela assentiu e saiu, voltando um tempinho depois com um bandeja com o prato de comida, suco e alguns analgésicos. Dan, que até aquele momento estava abaixado perto da cama, levantou-se ordenando:

—  Se ajuste e coma — expressou a olhando tentar se levantar. Mas a cada movimento, ela deixava um gemido de dor escapar.

Então, apoiando seu braço, ele a ajudou se endireitar sobre a cama e voltou a posição que estava.  Os próximos segundos que se passaram foram Anelise tentando cortar a carne e as verduras em seu prato, que apesar de macias e molinhas, eram um desafio para a jovem que se encontrava sem força alguma nos membros.

Observando o esforço fracassado dela, Dan se aproximou, abaixou-se novamente perto da cama e, sem aviso prévio, pegou os talheres de sua mão  começando a dividir toda a comida e cortar a carne em pequenos cubos. Ao terminar, entregou o garfo a ela, que pegou surpresa, mas incapaz de reclamar. Ele percebeu as mãos com calos, além de vários lugares com pequenos hematomas. Suspirou em meio as suspeitas de quem fez isso, embora houvesse avisado que aquela situação era temporária e que a menina não deveria sair do quarto.

Para findar a mínima dúvida, Dan se virou para Grace que observava tudo com atenção, e perguntou:

— Quem fez isso? Foi quem estou pensando?

— Se você está pensando na  mege... senhora Georgia, acertou! Ela não me deixou me aproximar da menina e agora vemos o porquê. Torturou a coitada até onde conseguiu — Grace respondeu com seu costumeiro tom ácido ao se referir a Geórgia.

Se Ficares AquiOnde histórias criam vida. Descubra agora