O sol começava a nascer no horizonte e o frio dominava aquela manhã e seria um ótimo momento para continuar dormindo, mas Anelise já se encontrava acordada desde as 4h da manhã. Seu sono nunca mais tinha sido profundo, era leve ou regado de pesadelos.
Resolveu se levantar e caminhar por aquele casarão escuro e terrível. Seus sentimentos para a residência do clã Brassard eram nada mais que repugnância. Desejava sumir dali. E certamente aconteceria com sua morte marcada para o próximo mês e não estava muito longe. Umas lágrimas caíram de seus olhos ao constatar como sua vida estava amordaçada a uma situação da qual não tinha possibilidades de escapar. Ela não tinha mais força para lutar.
Após colocar uma roupa de frio, saiu do seu aposento e andou por entre o imenso corredor de onde ficava seu quarto. Ao chegar perto da cozinha, observou adiante um corredor mais afastado e seguiu até ele. Estava meio escuro e o seu espírito se revestiu de breve coragem, afinal, estava sentenciada a morte mesmo, menos ou mais dias não faria diferença.
No fim, encontrou uma porta meio aberta e resolveu abri-la. Aos poucos, foi entrando e se deparou com um quarto mobiliado com imóveis de estilo antigo e feminino. Ela achou interessante aquele lugar e imaginou o que seria ali, pois apesar de estar devidamente arrumado, parecia não ser usado por ninguém.
— O que será tudo isso aqui? — Anelise se indagou, enquanto tocava uma escova que repousava sobre a imensa penteadeira de madeira.
Ela visualizou brevemente seu rosto no espelho e ficou chocada com o quanto tinha emagrecido. Sua pele não tinha viço e as olheiras estavam imensas. Mas do que adiantaria se arrumar para alguma coisa?
Ao reparar a escova em suas mãos, resolveu passar entre os fios emaranhados, mas quando ia encostar o objeto nos cachos, ouviu:
— Não ouse sujar a escova de Catalina com seus fios imundos! — A voz de Geórgia fez Anelise estremecer dos pés a cabeça.
A mulher, com toda sua brutalidade, veio sobre ela e tirou de suas mãos a escova. O olhar era tão furioso que Anelise não duvidou da possibilidade de levar um tapa bem ali.
— Ah, me desculpe. Eu nem deveria estar aqui! — Aquele comportamento da jovem não era muito costumeiro, porém a menina não tinha forças para brigar.
Georgia a olhou de cima a baixo com evidente escárnio. Empinou o nariz e indagou:
— O que faz aqui? Como achou este lugar?
— Não conseguia dormir e segui para a cozinha, mas o som da porta batendo pelo vento me chamou a atenção e então cheguei aqui neste cômodo — olhou ao redor — esquisito.
Georgia a visualizou com sua indignação, mas fez algo totalmente oposto do que Anelise esperava.
— Para sua informação, isso aqui era o quarto da noiva de Dan!
A notícia brusca fez Anelise piscar mais vezes do que gostaria. Ela simplesmente não tinha uma opinião e nem entendia o motivo daquilo estar sendo lhe informado e, principalmente, por Geórgia.
— Ele a amava tanto que quando a Catalina morreu, não conseguiu se desfazer de suas coisas. — A irmã de Dan colocou a escova novamente na penteadeira. — Mas ele não aguenta vir aqui e, portanto, eu cuido dessas coisas por amor ao meu irmão e seu sofrimento. Com certeza, ele nunca amará alguém como Catalina. Ela era única!
Lise prendeu os lábios sem resposta. Literalmente, não compreendia o motivo daquela conversa repentina.
— Por isso, venho cedo antes de todo mundo levantar para limpar aqui e conservar a memória da minha cunhada intacta. — Os olhos azuis da mulher se cravaram bem na jovem. — Entendeu bem?
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Se Ficares Aqui
RomantikLonge do seu país, Anelise vê seu mundo ir ao chão quando é sequestrada pelo clã Brassard. Ela tenta de todas as formas fugir, porém seus planos são frustrados. E o único lugar em quem buscará segurança é no homem que deveria odiar. Mas muitos acont...