Dylan está encostado no carro, com os braços cruzados e distraído com alguma coisa acontecendo ao redor. Ele não me nota de imediato, o que me dá tempo para observá-lo. Sinto meu coração bater diferente, de um jeito confuso, mas surpreendentemente animado. Estou animada por vê-lo? Por que sinto que estou traindo Duke, quando sequer tive algo com ele?
Os cabelos de Dylan dançam com o vento, enquanto seu rosto está tranquilo. Diferente da noite de outrora, que inspirava aflição e dor. Muita dor. Ele diz que não, mas algo me diz que ele não quero apenas ficar debaixo d'água. Para um nadador experiente como ele se apresentou, é sabido que é perigoso mergulhar no mar à noite, com as ondas instáveis e irregulares. Uma parte de mim não quer ir embora e deixá-lo sozinho, com medo de que ele volte para aquela solidão.
— O que faz aí na escada? Venha logo! — Ele diz, interrompendo minhas divagações.
Eu sorrio.
Vou até ele, que abre a porta para mim.
— Não sabia que você tinha carro. — Comento.
— É do meu pai, mas ele quase não o usa. Ed era quem mais dirigia esse, agora sobrou para mim.
— Não entendo nada de carro, mas é bonito.
Ele pega algo do porta luva.
— Vou precisar cobrir seus olhos. — Informa.
— Por que?
— Porque é surpresa, Saddie.
— Não querendo me levar para um asilo, não, né?
Ele ri.
— Deixe de ser medrosa. Vire-se.
Eu me viro de costas para ele, que cobre meus olhos com um lenço.
— Prometa que não vai tentar tirar isso.
— Prometo. Mas, para onde está me levando, Dylan?
— Se eu disser, qual a graça de vedar seus olhos?
Ele tem razão.
Ouço o som do carro sendo ligado, e sinto o movimento dele saindo do lugar. Sinto tudo. Sinto o cheiro de Dylan, uma colônia refrescante. Sinto o som dos grunhidos dele, e dos seus resmungos.
— Por que perguntou se eu estava te levando para um asilo?
— Porque vive dizendo que dou conselhos de velhos.
Ouço sua risada.
— Saddie, você é realmente única. Acho que nunca conheci alguém como você.
— Você também é... único. Tem um jeito próprio de se expressar, mas ao mesmo tempo, não sei quem é você.
— Eu já contei muito sobre mim, Saddie.
— É, eu sei. Mas quem é seu verdadeiro eu. É difícil saber qual das vozes na sua cabeça o representa.
— Não importa. Gosto de quem sou quando estou com você.
Meu coração bate acelerado, fora do ritmo. Por que estou me sentindo assim?
— Algum dia, você vai me contar o que ainda não me contou?
— Tipo o quê? O que você quer saber, Saddie?
— Não consigo pensar em nada agora... Quando eu souber, te pergunto.
— Certo.
Levamos aproximadamente quarenta minutos para chegar. Ele abre a porta do carro para mim e segura meu braço.
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Má Companhia
RomanceSaddie vive esperando pela volta do seu primeiro amor, que voltou para a Itália. Enquanto isso, ela lida com o drama dos pais e conhece o misterioso Dylan, que faz de tudo para conquistar o seu coração.