Desde o passeio de moto, Duke e eu trocamos algumas mensagens. A primeira, foi ele quem enviou, com as informações da festa que havia mencionado. Depois, partiu para alguns emojis aleatórios, talvez tentando puxar assunto, e começamos a conversar sobre um pouco de tudo. Ele me contou sobre a Itália,, que aprendeu a fazer vinho. E também contou que odiou ter ido para lá, mas que se adaptou muito mais rápido do que quando veio para Pocomoke. Confessou que sentiu falta dos Estados Unidos e da escola.
Ele:
"Odiei ficar sem os hambúrguer do Sojo Burger."
Eu:
"Infelizmente, o Sojo fechou. Fizemos até um abaixo assinado, entretanto, descobrimos que o proprietário estava doente e os filhos nada interessados em continuar os negócios do pai. Foi triste".
Ele:
"Fiquei sabendo. Foi o primeiro lugar que fui, assim que cheguei. Agora aquilo lá é uma lanchonete esquisita com plantas para todos os lados, como se fossem veganos. Nada contra, mas é esquisito".
Eu:
"Uma vez, alguém me disse que às vezes as coisas precisam mudar, para dar lugar às coisas novas".
Ele:
"Sabe do que senti falta?".
Eu:
"Do que?"
Ele:
"De ouvir você tocando piano".
Para tudo! Meu coração bate tão rápido que esqueço de respirar.
Eu:
"Achei que odiasse piano".
Ele:
"Nunca odiei. Só que alguns alunos da minha mãe não tocavam tão bem como você".
Eu:
"Eu tive essa impressão porque você parecia evitar, e sempre saía correndo".
Ele:
"Eu nunca saí correndo, isso não é verdade. É que eu sempre pensava que estava atrapalhando você"
Eu:
"Nunca estava me atrapalhando, Duke".
Ele:
"Fico aliviado por saber".
Não recebia só mensagens de Duke. Dylan sempre mandava algumas, desde o começo do dia até o final. Às vezes ele enviava fotos, bem aleatórias. Algumas com amigos, outros sozinhos. Eu soube que ele e Ed foram ao túmulo da mãe e da irmã. Imaginei como deve ter sido difícil para ele fazer isso, mesmo estando com o irmão.
Acho que Dylan percebeu um distanciamento da minha parte, e não manda mais tantas mensagens como antes. Evito cobranças, tanto da minha parte quanto da dele, porque não temos nada concreto. Ficamos juntos apenas uma vez e, de fato, fiquei extremamente balançada. Muito, absurdamente balançada por ele. No entanto, a volta de Duke para a minha vida bagunçou tudo.
Encontro meus pais no sofá da sala, vendo álbuns de fotos. Eu não quis interrompê-los e fiquei os observando por algum tempo. Meu pai parece estar feliz, é como se ele nunca tivesse saído de casa. É como se o divórcio nunca tivesse acontecido. Talvez os adultos sejam seres mais confusos do que os adolescentes.
— Saddie estava linda com essa roupa vermelha e esses sapatinhos pretos. — Comenta minha mãe.
— Lembra que ela dormiu com esta roupa por vários dias e não queria tirar nem mesmo para tomar banho? Ela sempre chorava quando tentávamos tirá-la. — Relembra meu pai, com os olhos fixos na tal foto.
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Má Companhia
RomanceSaddie vive esperando pela volta do seu primeiro amor, que voltou para a Itália. Enquanto isso, ela lida com o drama dos pais e conhece o misterioso Dylan, que faz de tudo para conquistar o seu coração.