Capítulo 16

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A pedido do meu pai, voltamos para a casa de praia. Desde que chegamos, minha mãe ficou calada, quase que o tempo todo. Tentei entretê-la com algumas coisas, mas foi frustrante. Tudo o que está acontecendo está afetando-a mais do que eu imaginava.

— Quer ir à praia, aproveitando que estamos aqui? — Sugeri.

— O sol está escaldante demais até para mim. Quem sabe outra hora.

— Mãe, você não pode ficar assim.

— E como eu deveria ficar? Tudo isso está sendo tão... difícil.

— O que você e o papai conversaram?

— Muitas coisas, Saddie. E você não precisa se preocupar com nada.

— Soube do que o papai fez, com esta casa de praia?

— Ele contou, mas é difícil acreditar. Ele quis vender nossa casa, então... — franze o cenho — acho que ele foi manipulado.

— Pela Madison?

— Por quem mais seria? Ela o rondeia, como um abutre.

Não posso discordar dela. Madison realmente parecia querer limitar nosso acesso ao meu pai, até num momento como este.

— Você já a conhecia? — Pergunto a ela.

Minha mãe balança a cabeça, confirmando a minha suspeita.

— Ela trabalhava com seu pai. Uma vez eu a vi no trabalho e... suspeitei do olhar dela, que parecia apreensiva com a minha presença. Foi a primeira vez que suspeitei das traições dele.

— Por que nunca me contou isso?

— Não é algo que se conta a uma filha, Saddie.

— Mesmo assim. Me sinto culpada por ter ligado para ela e não para você quando encontrei o papai desacordado.

— Não se culpe. Querendo ou não, ela estava mais próxima do que eu.

Talvez minha mãe estivesse certa, mas não deixo de sentir culpa por envolver Madison, quando eu poderia lidar com isso de outra forma. Ou talvez não, quem sabe.

Vejo o carro de Dylan passar, que para ao lado da nossa casa. Uma garota sai do lado do passageiro, e Dylan desce do carro logo em seguida. Ele não olha para trás, talvez nem saiba que estou ali, na varanda, olhando tudo. Ou fingiu que não me viu.

Ele põe as mãos nas costas da garota e a acompanha até sua casa.

— Ele tem namorada? — Minha mãe pergunta, tão confusa quanto eu.

— Se tem, ele esqueceu de me contar.

— Você está interessada nele?

— Não.

— Tem certeza? Parece decepcionada.

Eu a encaro, com o olhar de quem não quer mais continuar o assunto.

— Vou dar uma volta na praia. — Aviso. — Quer vir junto?

— Vou ficar aqui mesmo.

— Certo.

— Não demore muito, farei o jantar.

— Pode deixar.

Ajeito meu short amarelo com estampas florais e desço os degraus da escada da varanda. Atravesso a rua e caminho em direção à praia, para a parte mais vazia da areia branca.

Quando eu era criança, adorava encher meu baldinho vermelho de conchinhas e tudo o que encontrava na areia da praia. Uma vez, meu pai e eu encontramos uma estrela do mar e a colocamos no meu baldinho com água. Eu me lembro de ter ficado eufórica, olhando para o bichinho estranho de cinco pernas.

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