As probabilidades nunca estão ao nosso favor

Aliança

Roland chegou com o amanhecer. Ele bateu na porta de Neil, e quando Neil abriu, ele apenas levantou uma sobrancelha para Andrew na sala.

“Renée está procurando por você”, ele informou a Andrew.

Claro, Andrew teve que ir. Os tributos entram na arena sozinhos. Ele passou por Neil, mas não sem roçar os nós dos dedos nas costas de Neil. Neil não pôde vê-lo sair, então se virou para Roland, que acenou com a cabeça na direção da porta do telhado. Ele ajudaria Neil a se vestir para os Jogos, então eles foram juntos para o telhado. Neil estava prestes a subir a escada para o hovercraft quando se lembrou. “Eu não disse adeus a Renée.”

"Vou dizer a ela" disse Roland.

A corrente elétrica congelou Neil na escada até que o médico injetou o rastreador em seu antebraço esquerdo. Agora eles sempre seriam capazes de localizá-lo na arena. O hovercraft decolou e Neil olhou pelas janelas até escurecer. Roland continuou pressionando-o para comer e, quando isso falhou, para beber. Neil conseguiu continuar bebendo água, pensando em que tipo de arena poderia estar esperando por ele. Um deserto onde a água seria escassa ou, como nos Jogos de Wymack, uma área onde tudo era venenoso. A desidratação era uma morte terrível, e ele precisaria de sua força para manter Andrew vivo.

Quando chegaram à sala de lançamento na arena, Neil tomou banho. Roland penteou-lhe o cabelo e ajudou-o a vestir uma roupa interior simples e uma camisa preta fina. A roupa de tributo deste ano foi um macacão preto e cinza justo, feito de um material muito transparente, com zíper na frente. Um cinto acolchoado de quinze centímetros de largura coberto de plástico preto brilhante. Um par de sapatos de nylon com sola de borracha.

"O que você acha?" Neil perguntou a Roland.

Roland franziu a testa enquanto esfregava o tecido fino da manga de Neil entre os dedos. "Não sei. Oferecerá pouca proteção contra o frio ou a água.

"Sol?" Neil perguntou, imaginando um sol ardente sobre um deserto estéril.

"Possivelmente. Ou trópicos. Se tiver sido tratado" disse Roland. "Oh, eu quase esqueci isso." Tirou do bolso o alfinete de pata de raposa laranja de Neil e o prendeu no macacão.

Eles se sentaram, como haviam feito no ano anterior, esperando até que a voz dissesse a Neil para se preparar para o lançamento. Roland o acompanhou até a placa circular de metal e fechou o zíper do macacão de Neil com segurança.

“Lembre-se, Neil”, disse ele, “você não está sozinho”. Ele segurou o rosto de Neil em suas mãos por um segundo e deu um passo para trás enquanto o cilindro de vidro deslizava ao redor de Neil.

"Obrigado", disse Neil, embora Roland provavelmente não pudesse ouvi-lo. Ele ergueu o queixo e esperou que o prato subisse. Mas isso não aconteceu. E ainda não deu.

Neil olhou para Roland, confuso. Roland apenas balançou levemente a cabeça, tão perplexo quanto Neil. Por que eles estavam atrasando isso?

De repente, a porta atrás de Roland se abriu e três Pacificadores entraram na sala. Dois prenderam os braços de Roland para trás e o algemaram, enquanto o terceiro o atingiu na têmpora com tanta força que ele caiu de joelhos. Mas eles continuaram batendo nele com luvas cravejadas de metal, abrindo cortes em seu rosto e corpo. Neil começou a gritar, batendo no vidro inflexível, tentando alcançá-lo. Os Pacificadores o ignoraram completamente enquanto arrastavam o corpo flácido de Roland para fora da sala. Tudo o que restou foram as manchas de sangue no chão.

Enjoado e apavorado, Neil sentiu o prato começar a subir.

Ele ainda estava encostado no vidro quando a brisa atingiu seu cabelo e ele se forçou a se endireitar. Bem na hora também, porque o vidro estava recuando e ele estava livre na arena.