não é brincadeira!

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Primeiro Engfa ergueu uma das sobrancelhas em surpresa, para logo em seguida enrrugar a testa, demonstrando confusão por tais questionamentos da esposa.

- Como assim, Charlotte?... Você não sabe quem eu sou?

A loira sentou-se na cama e em silêncio se pôs a fitar brevemente a outra mulher desconhecida. Esforçou-se ao máximo para lembrar-se do rosto daquela estranha ou quem ela era, mas foi em vão porque não conseguiu recordar nada a seu respeito. Ela lhe era uma completa desconhecida!

- Me desculpe, mas não sei mesmo quem é você, nem onde estou e muito menos quem sou.

- Charlotte Austin Waraha se isso for algum tipo de brincadeira sua, saiba que é de péssimo gosto. - sua expressão se fechou em seriedade ao fazer aquela reclamação.

Muito embora sua esposa não fosse dada a esses tipos de "brincadeiras", Engfa quis acreditar que Charlotte estivesse jogando com ela e por isso, estava dizendo aquelas coisas sem sentido.

- Não é brincadeira! Minha cabeça está vazia!... Eu não me lembro de nada e nem de ninguém.

Seu rosto não exibia qualquer resquício de que aquilo fosse alguma possível pegadinha ou brincadeira sua, o que deixou Engfa em pânico.

- Ah, meu Deus! Não pode ser verdade!

Como assim sua esposa acorda sem lembrar-se de nada?

Ontem a noite, antes de dormir, Charlotte estava perfeitamente bem, um tanto inquieta é verdade,um tanto inquieta é verdade, porque Engfa percebeu, mas estava bem e com todas suas lembranças. Agora, sem motivo algum aparente, amanhece assim: desmemoriada.

Engfa podia ver nos olhos da esposa um enorme e profundo vazio.

Confusa e desorientada, Charlotte desviou o olhar da mulher estranha ali com ela e passou a observar cada canto do quarto buscando ter algum resquício de lembrança que lhe fizesse reconhecer aquele lugar, mas tudo o que ela via ali, inclusive a mulher a qual arriscava um olhar de soslaio no momento, eram totalmente desconhecidos para Charlotte. Era como se estivesse vendo tudo pela primeira vez, não reconhecia nada.

- Por que não me lembro de nada? Perdida a ela indagou mais para si mesma do que para Engfa, que assim como a esposa ainda se encontrava tão assustada com aquele fato, quanto a outra mulher.

- Também gostaria de saber!

Assim como Charlotte, Engfa murmurou mais para si mesma do que propriamente a esposa.

Levando as mãos na cabeça, Charlotte começou a entrar em completo desespero.

- Céus! Onde estão as minhas lembranças?... Por que as esqueci?... O que houve comigo?

À medida que praticamente cuspia cada uma daquelas perguntas, o desespero por não conseguir encontrar respostas para aqueles questionamentos, foi só crescendo mais e mais na mulher. Sua respiração tornou-se ofegante, as mãos passaram a apertar com força a cabeça em uma tentativa desesperada de quem sabe assim, "reaver" as memórias perdidas, mas elas não voltavam. Nervosa, desesperada e perdida, a mulher desabou em um choro.

Ao ver a esposa naquele estado, chorando compulsivamente, de fazer seus ombros e o corpo todo chacoalhar, Engfa não pensou duas vezes em passar os braços em torno da esposa e abraçá-la, para tentar acalmá-la e também, acalmar a si própria diante daquela situação assustadora que estavam vivenciando naquele momento.

O mundo parecia ter desabado sobre suas cabeças com aquela inexplicável e súbita amnésia de Charlotte.

Por longos minutos a loira chorou nos braços de Engfa, feito uma menina assustada, fazendo com que seus corpos chacoalhassem por conta da força com a qual seu choro vinha. A esposa de Charlotte também não se conteve e deixou que várias e várias lágrimas molhassem seu rosto.

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