Cerca de quinze minutos depois da boa ducha, Engfa saía do banheiro bem mais relaxada e usando uma de suas curtas camisolas que já começavam a marcar sua barriga de grávida. Teria que providenciar logo outras camisolas mais largas, porque logo as que possuía, iam começar a ficar apertadas demais.
A professora notou a esposa lhe olhar de cima a baixo e engolir a seco ao vê-la surgir com a curta e justa roupa de dormir. E ao dar a volta na cama para ir se acomodar em seu lado, Engfa percebeu de soslaio que Charlotte seguiu-a com o olhar como costumava fazer antes. Quis sorrir disso, mas se conteve.
- Então o que quer conversar comigo?
Ela se pronunciou enquanto se acomodava a cama e puxava o lençol para cobrir suas pernas que a camisola deixava de fora.
- Hã?
Charlotte respondeu de forma avoada. Sequer tinha prestado atenção no que a esposa havia perguntado, pois estava mais interessada em admirá-la naquela camisola que só lhe deixava mais linda.
- Charlotte?! - Engfa olhou para a esposa e dessa vez não conseguiu conter o sorriso diante da cara abobalhada que a outra tinha ao olhá-la.
- Desculpa... Eu... Me... É... - pausou em sua embolada tentativa de explicação. Não sabia e nem queria confessar que havia se distraído ao vê-la tão linda naquela camisola.
Por um segundo Engfa quis incitar a esposa a concluir sua fala, mas depois desistiu diante do rubor na face de Charlotte. Aquilo lhe deu uma vaga ideia do motivo dela estar daquela forma. E diante desta nova "evidência", a ideia de que sua mulher já lhe amava como ela afirmou a Thomás, ganhou mais força para Engfa, fazendo o coração da professora disparar.
- Sobre o que quer conversar comigo? - repetiu a pergunta já que Charlotte pareceu nem ter ouvido da primeira vez em que fez o questionamento.
- Hãm... Bem, é que... - iniciou, desviando o olhar da esposa para não perder o foco do assunto que queria tratar com ela. - Conversando hoje de tardinha com a Maria, soube que temos uma casa de veraneio. É verdade? - arriscou um rápido olhar para a esposa.
Um misto de decepção com frustração acometeu Engfa. Amorena esperava de todo coraçao ouvir outra coisa da esposa não aquilo.
"Que tola eu sou por achar que ela sentisse algo por mim e fosse me contar isso. Acorda, Engfa! Sua mulher só vai voltar a te amar quando recuperar a memória!".
- Bee?
Charlotte notou um repentino ar de tristeza na esposa e ficou sem entender nada.
- É verdade, nós temos essa casa! - forçou o seu melhor sorriso para a esposa e confirmou a informação após uns minutos em silêncio. Empurrou goela abaixo em um gole em seco a decepção que foi não ouvir o que queria.
Se Charlotte ainda não me ama, paciência!
- Nunca mencionou sobre essa casa. Maria me disse que nós costumávamos ir muito pra lá.
A professora sorriu agora de forma sincera ao lembrar das muitas vezes em que foram para à casa de veraneio.
- Sempre que tínhamos - oportunidades íamos para lá mesmo, principalmente em férias ou feriados prolongados. Nossos filhos adoram aquela casa. - 0 sorriso dela se intensificou e isso não passou despercebido por Charlotte. - É uma casa muito bonita, grande e fica bem perto da praia. O imóvel era da sua mãe, na verdade, e ficou pra você de herança quando a Ana faleceu.
Um breve instante de silêncio se fez presente entre elas depois que Engfa mencionou sobre a mãe falecida de Charlotte. Até então a professora não havia entrado em detalhes com a esposa sobre seus parentes. Obviamente tinha lhe contado a respeito deles, mas apenas nomes e coisas superficiais, nada tão profundo e detalhado. E diante da menção da esposa sobre sua mãe, Charlotte sentiu curiosidade em saber mais, por isso a interpelou:
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memórias perdidas
Fiksi PenggemarDuas mulheres apaixonadas e há quinze anos juntas; filhos amorosos e carinhosos; uma verdadeira família feliz. Mas uma inexplicável e súbita perda de memória vai abalar a felicidade dessas pessoas. Sem aparente razão, Charlotte acorda em uma manhã n...