O GOSTO

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A música era mais alta que as vozes das pessoas. Tófani começou a sentir frio por estar molhado, e começou a beber.
Uma dose, duas doses, várias doses.

Quando se encontrou com Malu e Renan, a amiga queria o bater por estar molhado naquele frio, por orgulho.

- eu ofereci banho e roupa, mesmo que ele tenha pulado meu muro, mas ele é um imbecil orgulhoso e prefere ficar morrendo de frio - João dizia rindo, com semblante raivoso.

- eu tô pegando fogo agora, e você - Pedro apontou para o menino. - é um chato, nem parece que essa é sua festa, só fica ditando regras e sendo mandão enquanto seus convidados pegam todas as gatinhas. - rio.

Renan encarou o mais novo e riu de lado, João saiu batendo os pés em passos firmes. Ele voltou depois um tempo com um moletom preto. Renan e Malu agora estavam dançando na pista, Pedro comia algo que sujava suas mãos de um jeito impressionante, pois não havia como sujar, mas ele conseguiu.

- eu sei que você disse que não quer - chegou de mansinho. - mas eu sei que você usa aquela coisa para asma, isso vai te fazer muito mau amanhã - estendeu o moletom. - você ainda pode tomar banho quente.

- você que escolheu esse doce? Tem gosto de plástico - Pedro respondeu bebendo refrigerante.

- céus, como você é teimoso. Aceita essa porra antes que eu mesmo faça você vestir a força - João colocou firmeza na voz. Pedro ficou em silêncio por um tempo, mas começou a rir.

O cacheado se levantou desistindo, suas mãos estavam limpas.

꒰⁠⑅⁠ᵕ⁠༚⁠ᵕ⁠꒱⁠˖

O cacheado se trancou no banheiro, inúmeras vezes para respirar fundo e voltar a ser legal com as pessoas. Estava tentando dar o melhor de si, mas naquele mês especialmente tudo parecia pesar em sua mente. Ele não gostava de aniversários, ele não gostava da data do dia três.

Voltou para fora e encontrou seus amigos, alguns desconhecidos da faculdade. No canto estava Pedro, com um conjunto de moletom que parecia ser seu, ele havia aceitado sua ajuda?

- tabom, essa é a brincadeira é sete minutos no paraíso.

- que coisa de criança - Renan ria.

- cala boca, crianças não tem desculpas para beber, nós temos. - malu virou a garrafa.

Sete minutos no paraíso era a brincadeira onde você ficava na dispensa por sete minutos com alguém, quem escolhe sãos os jogadores. é uma desculpa pra fazer pessoas se beijarem ou fazerem as pazes.

João negou, Pedro negou, mas seus corpos foram carregados até a dispensa.
Ouviram o barulho da chave trancando, eles não tinham saída.

- fizeram isso porque sabem que te odeio, não é justo - Pedro começou a bater na porta.

- para com essa porra, a música lá fora tá alta e ninguém se importa pra vir abrir.

- isso significa que vamos ficar trancados por mais de sete minutos? - Pedro questionou, agora batia forte na porta.

- tenha santa paciência, para com esse caralho de barulho! - João puxou as mãos de tófani. O moreno estremeceu com o toque, mas puxou sua mão de volta e deixou o corpo do mais novo contra a porta, ficando de frente para ele.

- aqui é muito apertado, se você apertar mais eu fico sem ar - Pedro respondeu respirando fundo. Ainda segurava o punho de João sem perceber, olhando para sua boca.

- tá mesmo bem apertado - João respondeu tentando não seguir seus pensamentos.

- eu não gosto de lugar fechado - Pedro fechou seus olhos, João mordeu seu mindinho, era uma mania que tinha.

- eu poderia ligar pra alguém se meu celular estivesse aqui - se sentou no chão, Pedro tropeçou em seu corpo.

- eu não tô pedindo sua ajuda, só tô pensando alto. Na verdade eu não tô nem falando com você.

- você ta sim, tá me explicando a situação - João se levantou e estendeu a mão para o maior se levantar.

- porque você age como se eu tivesse piolho? - Pedro finalmente perguntou, o álcool ajudava.

- porque você se comporta como se eu fosse o Anti Cristo - João explicou minimamente

- Bem, perdoe os meus pecados ou me ensine a pecar- o moreno riu de seus pensamentos. João chegou mais perto apoiando seus ombros a frente do outro, que estava com as costas apoiadas na porta.

- eu ensino - foi o que disse antes de agarrar os cabelos do outro, se envolvendo em um beijo.
As mãos do outro pararam sobre a cintura do mais novo enquanto as apertava, João desceu seus lábios ao pescoço do outro, dando atenção a pinta localizada ali, subiu de volta aos lábios dele e os puxou com um suspiro, ouvindo o barulho da fechadura sendo destrancada, Pedro pulou para trás,e quando a porta se abriu correu rápido.

Mordeu seus lábios sentindo o gosto de vinho tinto, provavelmente caro demais para estar em seus lábios, estes
estava no do mais novo, nos lábios de João.

- quero saber quem foi a maluca que te fez esse chupão enorme em meio a uma festa" - comentou a loira a caminho do carro, carregando o amigo. Ela pediu um Uber. Pedro não estava em condições de dirigir.

Seus pensamentos só sentiam o cheiro do vinho, o toque quente do sol da meia-noite.

Lábios de vinho - pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora