Embora o voo para a Itália tenha ocorrido bem, o moreno estava completamente desestabilizado de sono. Seus olhos pesavam mais que seus pensamentos, mas no momento em que desembarcou, seu coração tomou conta dos sentimentos de seu corpo.
Agora estava em roma, sem malas ou algo a mais, apenas seu celular e muitas palavras guardadas.
Andando pela cidade junto ao nascer do sol, admirou sua riqueza natural. O Horizonte era encantador, mas estava se esquecendo de algo. Ele se lembrou no mesmo instante em que foi parado por um moço na rua.
Ele não sabia italiano, nem inglês e nem nada além de português, como aquilo iria funcionar? O caminho inteiro não pensou em como chegaria até João, só precisava estar na Itália. Brigou muito com o Google tradutor até que o moço da padaria mais próxima entendeu que ele queria um lanche, e precisava carregar o celular.
Ele explicou que era um brasileiro, mas tudo isso com o comando de voz do Google– PORRA PARA DE DESATIVAR SOZINHO, SUA BURRA – Pedro dava bronca no sistema do Google tradutor. – não complica minha vidaaaa eu tô com fome – choramingou enquanto tentava solucionar seu problema.
O ponto era que seu celular estava viciado, e ele não conseguia usá-lo direito com menos de 60% de bateria. O padeiro o ajudou com a carga e ele comeu um grande hambúrguer. A única coisa que pensava agora, era em um banho.
– calma Pedro, é pelo seu bonequinho de plástico e Jajá vocês dois vão estar juntos na banheira cara dele enquanto ele canta no seu ouvido – mentalizou deixando um sorriso bobo escapar, o padeiro o olhou com um semblante estranho, como se estivesse constrangido.
– Okay Pedro, hora de ir embora – falou consigo mesmo. Ele tinha alguns euros para gastar, mas não era muito, precisava economizar.
Pagou seu lanche e saiu da padaria, com sua bateria agora completa.Resolveu fazer a coisa mais inteligente no momento, talvez deveria explicações depois.
– porra finalmente, achei que tava morto ou sei lá, onde você tá? – a voz de Malu estava acelerada.
– não tem como a gente conversar agora certinho mas eu juro que explico tudo, só por favor me passa o contato da irmã do João, por favor não pergunta agora – ele dizia rápido, e sem fôlego.
– não morre não, calma lá, estou te enviando – ela respondeu e Pedro ouviu a notificação de apitar, desligou o celular depressa e adicionou Isabella.
– oi, tudo bem? Sou eu, o Pedro… não sei se o João já falou de mim
꒰⑅ᵕ༚ᵕ꒱˖
As coisas estavam menos complicadas, mas ainda era difícil saber qual a direção dos lugares. Não tinha dinheiro para táxi, e todas as vezes que ele tentava pedir carona, passavam ele. Isabella o ofereceu para buscá-lo, mas quando viu essa mensagem ele já estava longe de onde estava pela manhã.
– Brasiliano, senza registrazione non puoi lavorare
( brasileiro, você não pode trabalhar sem um registro)– cara, eu não faço ideia do que você disse, mas eu lavo a louça toda, por favor olha – pegou o tradutor e disse "eu lavo a louça toda, por favor, é dessa vez, eu preciso muito de grana" e mostrou para o homem.
– sei disperato, amico – o italiano analisou o caso. ( amigo, você parece necessitado)
Pedro continuava com o tradutor
– tem alguém que eu amo muito, essa pessoa precisa saber – ele apontou o tradutor novamente.
A lábia dele funcionava até sem entonação de voz, o homem havia o ajudado. Eles fizeram um acordo de que Pedro iria trabalhar pela tarde lavando as louças do restaurante, e ele receberia por seu dia, assim conseguiria pagar o táxi para a casa de Isabella.
Ele achava que o restaurante não tinha tanto movimento, até ver o total de quinhentos pratos em sua frente. Fora os outros talheres. Colocou seu fone e começou a ouvir pagode,sua playlist terminou indo para a de rock, depois dela a de pop e se encontrava agora ouvindo reggae.
No final do dia, seu trabalho estava feito. Conseguiu alguns euros que pudessem pagar pela sua viagem e até sobrou para algo que queria ali. Para o seu azar, quando ele saiu dali sua calça se prendeu em algo do comércio e se rasgou. Ele tirou sua camisa e amarrou na cintura, as pessoas o olhavam como se fosse algum crime.
– O quê foi, no Brasil eu sou até que bonito – ele apontou pra si mesmo respondendo para um italiano aparentemente conservador que fazia careta. Chamou o carro, mais uma vez com a ajuda do Google, colocou novamente sua camisa tampando o rasgo da calça e entrou no carro.
Como uma cidade pequena como aquela, poderia demorar tanto tempo para chegar em qualquer lugar?
Ele praticamente se jogou para fora do carro, pagou o taxista e correu para o número da casa. Era um lugar escuro, estranho. Quando chegou em frente a casa, um grupinho de jovens se aproximou dele falando coisas que ele não entendia, mas parecia um alerta vermelho.
Ele se afastou andando para longe, apressou seus passos e olhou para trás. Eles estavam correndo. Ele correu, e correu tão rápido que seu sapato ficou até mais desgastado do que já estava.
Até que quando olhou para trás já não havia mais ninguém.Mas algo inesperado aconteceu. Colocou a mão em seu peito, ele doía forte e sua respiração estava descontrolada.
estava tendo uma crise de asma, e estava sozinho.
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Lábios de vinho - pejão
FanfictionPedro e João não conseguem dividir espaço ou tempo sem transformar em uma bolha de insultos inacabados. nada muda, mas se transforma. quando o mais velho sente o cheiro do álcool bater em seu pescoço, o vicio do gosto de vinho em seus lábios.