Juntou todas as suas forças e foi para o aeroporto. Depois de muito pensar,
Pedro decidiu que não iria interceder.
Ele atiçou o modo avião de seu celular,
se atreveu a levar consigo o moletom vermelho do cacheado e seguiu seu caminho. Bella o insistiu para ficar, mas João estava claro quando disse que seria melhor para eles dois.Do outro lado da cidade, o cacheado ligava desesperadamente para Bella.
Seus olhos estavam vermelhos pelo choro, os flashes em seu rosto não paravam de serem disparados e ele.correu ao estacionamento o mais rápido que conseguiu.
Sua irmã já havia o avisado de que ele não encontraria Pedro lá, ele estava voltando ao Brasil. Com as mãos suando, olhos ardendo e muitas palavras confusas pediu que a irmã mandasse uma passagem e acelerou até o aeroporto. Nunca foi tão rápido, podia ver a poeira contra o vidro do carro.
Quando estacionou, correu apanhando seu celular tentando não surtar. Ele ligava mas Pedro não atendia, tentou inúmeras vezes daquela forma. Quando finalmente estava no aeroporto, foi parado por um segurança pois ele corria feito um louco, ele foi reconhecido e perguntava sobre Pedro freneticamente.
– esse vôo saiu há alguns minutos, senhor. – o homem dizia em inglês com seu sotaque italiano.
– você não pode estar falando sério – a voz de João estava cansada, e trêmula. Ele não iria mais segurar, se permitiu deixar as lágrimas caírem enquanto sentia o terno sufocar.
– acalmasse, vou lhe trazer um copo d'água. – o homem tentava prestar serviço, mas João não parava de chorar.
– eu não quero nada, obrigado. – foi o que ele respondeu. Se levantou e praticamente se arrastou. Havia tirado um peso de suas costas, mas como toda a ausência de peso deixava a presença do cansaço.
Sua mãe havia o mandado uma mensagem de texto dizendo
“ você sabe o que você fez,
vamos ter uma conversa séria e longa para consertar toda essa merda".
Ele respondeu “eu não sou mais seu filho, já sei. Mas também não significa que eu não vá processar vocês"Seus olhos observavam a mensagem, ele estava com fome. Se levantou para ir até a cafeteria, apoiou suas mãos na porta e a puxou. Quando foi a fechar, do vidro transparente conseguia avistar a figura.
O moreno estava com seus fones de ouvido, um moletom vermelho e os cabelos molhados.Não pensou duas vezes em correr, até se esqueceu que havia uma porta alí no meio e bateu com a cabeça.
Os funcionários riam enquanto ele tentava correr o mais rápido possível contra o tempo ( e a porta)Ele correu, não iria gritar porque o outro estava ouvindo algo e aparentemente concentrado. Ele correu, viu o outro encostar na parede, Pedro olhou para baixo.
Tófani sentiu seus fones serem puxados, se virou rapida e violentamente com um tapa.
– eu nunca fui roubado no Brasil pra um europeu me roubar tá tirando? Vão me zoar se souberem disso – ele dizia antes de ouvir aquela risada, e o rosto se virar pra ele.
– você já me bateu mais forte, caipira – João disse com a mão no braço, onde tinha levado o tapa
Ele colocou os fones em seu ouvido e pode ouvir, Pedro ouvia sua música:
Angel baby.
Parecia agora a hora exata, a música citava o que ele precisava dizer.– Eu tinha começado a desistir da expressão “para sempre” Até que você abriu mão do céu para que pudéssemos ficar juntos” – o cacheado pegou as mãos do maior enquanto ele cantava baixinho só para que ele ouvisse.
O maior se surpreendeu quando João o abraçou, tão forte. Ele se aconchegou naquele ninho. o seu lugar favorito seria dentro do abraço de Pedro. tirou os fones do ouvido, ainda com as mãos de Pedro em sua cintura e segurou seu rosto.
– depois que você me ensinou abraçar parece tão fácil – o cacheado sorria.
– João, eu te amo tanto tipo...pra caralho – a voz do outro estava trêmula, assim fez perceber que seus olhos estavam vermelhos. – não sei se consigo acreditar que você não vai embora de novo –
o moreno soltou fazendo o mais novo engolir seco. Porque ele teve tanto medo, por tanto tempo, que nunca se deu conta de quantas vezes havia fugido.– eu não sei como te fazer acreditar que eu vou ficar – deixou suas lágrimas caírem, surpreendendo novamente o outro. João estava se desprendendo das amarras que o sufocaram, ele se expressava verdadeiramente para Pedro.
– eu quero ficar com você, só com você – deixou um riso escapar em meio às lágrimas. – eu consegui falar pro meu pai sobre a gente.
Pedro arregalou os olhos, não esperava que aquilo fosse acontecer tão cedo.
João estava chorando com toda sua veracidade. Agarrou o corpo do mais novo em um outro abraço, acariciou os cachos dele enquanto esperava cessar seus soluços.– eu quero aprender a amar você do jeito mais brega possível – João finalmente voltava as palavras.
– quero poder te beijar em público, te abraçar e poder falar o porquê eu tô tão feliz pra Malu – Pedro completou, sentindo as mãos geladas do outro em seu rosto.
– agora meio que três mil pessoas e o mundo todo ouviram que você é meu namorado, a este ponto ela deve saber, foi mal – João dizia sem graça, passando a mão por seus cabelos.
– como assim três mil pessoas? O seu pai te expôs? – a feição preocupada de Pedro fazia João querer o beijar inúmeras vezes.
– Na verdade eu fiz um discurso na premiação dele, ele adorou – mentiu, sentindo as mãos de Tófani voltarem para sua cintura.
– eu sempre quis ser namorado de famoso, essa é minha profissão dos sonhos – ele disse alto enquanto sorria.
– okay, minha Virginia, entendi o recado. – o cacheado respondeu antes de abafar o riso do outro com seus lábios colados nele.
Matar as saudades não seria o certo para descrever, a metade com coração de Pedro que pertencia a João havia retornado a sua casa. O arrepio que sentia, era a sensação de que seu lar estava completo. O amor que precisava estava ali, no seu coração.
Nunca havia amado tanto quem ele era, e sentia seu corpo vivo. Como um homem supersônico.
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Lábios de vinho - pejão
FanfictionPedro e João não conseguem dividir espaço ou tempo sem transformar em uma bolha de insultos inacabados. nada muda, mas se transforma. quando o mais velho sente o cheiro do álcool bater em seu pescoço, o vicio do gosto de vinho em seus lábios.