LUZ DA LUA

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Ele não estava nervoso antes, estava inseguro. Mas agora sua insegurança havia dado uma volta, porque tinha um João dirigindo para um lugar longe, coisa que ele normalmente não faria, apenas para o fazer ter uma lembrança boa daquele dia.
Sua primeira vez com uma menina tinha uma história tão ridícula que ele fingia que a primeira era a segunda, e a segunda foi em uma escada de incêndio. Pensar na ideia de ver o corpo inteiro de João começou a fazer seus pelos arrepiarem e o nervosismo aparecer.

– Bem vindo a minha casa, na verdade eu só vou morar aqui quando fizer vinte e um, os meus pais não acham que dezenove quer dizer que sou adulto – ele revirou os olhos.
– mas você é a única pessoa que pisa aqui então, bem vindo!

Mais uma vez surpreso, ele havia confiado a Pedro um lugar onde aparentemente era o ápice do seu conforto. Só a Pedro.

A casa era enorme, e tinha um grande lago ao redor dela. Caminharam pela passarela de vidro e entraram na casa.

– eu não coloquei rosas pela casa, mas eu queria te levar em um lugar específico, vem cá – João entrelaçou os dedos do outro e o puxou. Agora seu corpo todo parecia estar em combustão, começou a tremer e sentiu suas mãos soarem. Eles pararam em uma área na frente do lago, era uma sauna.

– o lago é aquecido então, pode ficar tranquilo. – João apontou e Pedro suspirou.

percebeu o nervosismo do outro e se aproximou, ficou em frente a ele e segurou suas duas mãos.

– hey, você tá bem? se quiser a gente pode deixar isso e ficar nas nossas brincadeiras, elas também são bem boas. – disse baixinho.

– não é isso, eu s-só… tô um pouco nervoso, tipo, o que eu tenho que fazer? – ele gaguejou fazendo o cacheado se aproximar mais.

– se fizer se sentir melhor. – pegou da mesinha um controle onde deixou as luzes mais baixas, apenas a luz da lua iluminava o lago e seus corpos, voltou a se aproximar de Tófani e segurar em suas mãos, guiou elas até sua cintura, depois por debaixo de sua camisa deslizando os dedos em seu peito.

– me imagina como uma das suas artes, deixa eu ser sua obra. – ele sussurrou olhando os lábios do maior. – eu sou sua escultura, sua pintura, você me faz seu, me traça como faz com seus desenhos– disse colando mais os corpos, enquanto Pedro soltou de suas mãos agora as usando sozinho.

As roupas foram  retiradas peça por peça, eles não tinham pressa. João entrou no lago esperando pelo outro que já estava logo atrás. A única luz que os iluminava refletia nos olhos e nos lábios de João, o fazendo brilhar por inteiro, Pedro podia ver seu corpo brilhar.
Os lábios se juntaram e Pedro encostou o mais novo na borda de vidro, suas mãos já voltaram para a cintura do outro que pousou a cabeça em seu ombro enquanto sentia suas pernas sendo separadas, e já estavam entrelaçadas na cintura de Pedro.

– eu nunca tive chance de dizer.. o quanto sempre te achei bonito, por inteiro. – o cacheado solta em quase um suspiro, descendo suas mãos às costas dos outros, sentindo o corpo dele se mover.

– você por inteiro é indescritível

O outro devolve também em outro suspiro, puxou as mãos de João às apoiando para trás entrelaçadas a sua, enquanto deslizava seus dedos pelos anéis pesados.
O vapor da água, a luz da lua, a pele e os olhos do menino eram a vista mais bela que Pedro já havia presenciado. Seus corpos estavam unidos, Tófani se sentia em outro universo. Voltou a apertar a cintura do outro enquanto sentia a sensação de todos os seus órgãos formigarem, se movia dentro de João fortemente, enquanto ouvia seus murmúrios no pé do seu ouvido.

Deslizou suas mãos agora sozinhas pelo peito desnudo do mais novo, que segurando seu maxilar, apoiou uma mão em seu ombro e puxou seus lábios com os dentes, delicadamente. Sua língua explorava o espaço mais repleto de estrelas que sua órbita havia explorado. O corpo do menor se contorceu deixando um gemido contra o seu lábio, as testas estavam coladas e o cacheado sentiu o corpo do mais velho descansar sobre o seu alguns minutos depois. Os lábios voltaram a se tocar, seus olhos se fecharam na mesma hora, Tófani deixou um sorriso escapar.

(...)

Sentado na cama João se lembrava, as  pupilas dilatadas de Tófani agora tinham outro motivo, João se assustou quando percebeu. Ele assistiu a pupila de Pedro dilatando diante de seus olhos enquanto repetiam o ato do lago no chuveiro, não sabia o que fazia mas não iria se afastar nem por um segundo.

– você que cozinhou? – Pedro apontou para a lasanha. – ele comia a lasanha tradicional enquanto João comia uma de queijo vegano, de fato, ele havia acabado de descobrir que ele era.

– Sim, porque, tá ruim? Se quiser eu posso pedir comida chinesa e… – parou quando Pedro pegou seu garfo de sua mão e colocou a lasanha de queijo em sua boca.

– eu adorei, não sabia que você cozinhava tão bem, assim eu realmente vou me apaixonar e você vai ter que me pedir em casamento, porque eu sou um moço de família né. – comentou fazendo João rir, o cacheado imitou o ato de Pedro, e colocou o garfo dele em sua boca.

–  falando em casamento, você vai assinar isso aqui – João pegou seu celular apontando para um PDF. – para garantir que você não vai espalhar que estamos tendo algo, quer dizer, que você tá me comendo.

– o que? Isso é ridículo, eu não vou assinar nada – Pedro resmungou puxando seu garfo de João, voltando a comer sua lasanha.

– ou você assina, ou nunca mais vai ter esse corpinho aqui – falou com um tom de deboche.

– João, eu não preciso assinar um papel pra cumprir minha palavra, eu jamais contaria pra ninguém. – suspirou chateado. – acha que só porque eu não tenho grana eu vou te chantagear? – afastou seu corpo do outro na grande cama.

– não é por você… é que já me aconteceu que tentaram expor minha sexualidade, meus pais surtaram e agora eles acham que eu tô curado, foi bem difícil convencer eles, e foi bem difícil aceitar que não tinha nada errado comigo. E aceitar o fato de alguém ter me usado daquele jeito. eu não consigo evitar lembrar, entende? eu me sentiria mais seguro se você fizesse isso. – pediu com a voz baixa.

Tófani notou os olhos do outro encherem, não caia nenhuma lágrima mas eles brilhavam forte.

– eu vou assinar e ler todas as páginas – se aproximou do corpo do cacheado, o puxando para deitar em seu peito. – sinto muito por ter acontecido isso com você, mas eu juro por tudo que jamais vou te machucar de qualquer jeito, só se você pedir – ele falava baixinho enquanto enrolava os dedos nos pequenos cachos, ele deveria admitir que sempre quis fazer isso.

– eu vou pedir, pode deixar – João sorriu.

                        ꒰⁠⑅⁠ᵕ⁠༚⁠ᵕ⁠꒱





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