Lábios de vinho - pejão

PARTE DE MIM

Leiam os avisos finais.

                          ꒰⁠⑅⁠ᵕ⁠༚⁠ᵕ⁠꒱⁠˖

As risadas falsas, ele as atropelou na entrada e passou longe. Bateu a porta da sala de música e suspirou fundo. 

Lembrava de seu pai o dizendo várias vezes

 “Não precisa chorar, quando você estiver triste você pode pegar quantas bebidas você quiser naquela adega” 

Ele não iria fazer, ele não precisava daquilo. 

se sentou no banco em frente ao piano e dedilhou as teclas.

– olha quem apareceu, meu advogado! – ouviu a voz de Isabela atrás dele, ela depositou um beijo em sua bochecha. 

– Oi, como é que você tá? não sabia que tinha voltado da Itália. –Uau, tá linda – sorriu vendo a irmã girar mostrando o vestido. 

– eu tô bem, mas tem alguém aqui que me parece triste – se sentou ao lado do irmão. 

– eu só tô cansado, da faculdade. – olhou pra ela esperando que acreditasse. 

– claro, você mente na minha cara. é por causa da viagem, você não quer ir? – perguntou enquanto João mexia em seus cabelos. 

– não importa o que eu quero, eu preciso fazer o que o pai quer e é sempre assim, você sabe – soltou as palavras enquanto fechavam piano. 

– João, você não é mais um bebê, enfrenta ela! Pensa comigo, você tem em mãos a coisa que ele tem mais medo, que é a mídia – ela aconselhava. 

– do que você tá falando?Acha que se eu assumir a mídia vai me apoiar? 

– se sair na mídia que o pai controla sua vida e é um homofóbico, ele pode não perder tudo mas vai perder o que ele mais gosta, que é a fama. – ela falava sorrindo enquanto João levanta uma sobrancelha. 

– eu não acredito que a mídia vá me ajudar nisso, só queria poder me livrar dessa droga dessa faculdade de direito pelo menos – finalmente soltou, ele não costumava falar nada do que sentia. 

– eu ajudo você, eu já moro sozinha e você pode morar comigo – abraçou o irmão. – Você precisa mostrar pro pai que você é forte. 

– EU NÃO SOU, EU NÃO SOU FORTE BELLA – gritou como prendia a tanto tempo. 

– me diz o que você guarda nessa cabeça, hum? Eu sempre estive aqui prá você. – ela o encarava sincera.

– ah, eu não quero parecer ingrato. eu sempre tive tudo na vida de um jeito super fácil. – suspirou. 

– tudo? João a gente mal sabe se abraçar, porque nossos pais não ensinaram como se abraça, não falamos “eu te amo” NUNCA, eles decidiram o resto de nossas vidas e você nem pode ser você mesmo! – ela falava em um tom super potente. – você não é e nem vai ser feliz nesse inferno de vida planejada, você não é um brinquedo! – suas palavras eram duras e pareciam afetar o lugar certo.

– Olha pra mim, eu saí daqui porque não aguentava mais lidar com isso, você também pode! – ela falava mais calma, mas seu tom era sério. 

– eu não sei nem se eu gosto de quem eu quero ser – ele prendia as lágrimas enquanto olhava para o chão. 

– porque você não sabe quem você quer ser, foda-se o papai, vai atrás da sua própria vida! 

– me ajuda, você me ajuda? 

duas semana se passaram 

Pedro estava assistindo um jogo de futebol na sala, seu celular vibrou em uma mensagem.