SEIS MESES

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Seis meses, cento e oitenta e dois dias que se encontravam pelas madrugadas geladas debaixo das estrelas mais bonitas da cidade.
várias descobertas sobre o dono dos cabelos cacheados, Tófani descobriu alguns talentos de João, e coisas que ele sentia falta quando não estavam um com o outro.

Fez uma lista mental.

Já não era mais uma imagem sobre alguém que só pensava em roupas caras, aquela visão que tinha antes era tão superficial. Mas não admitiria tão fácil assim, era como se pudesse comemorar sozinho a cada coisa legal que descobre sobre João. Ele já sentia que precisava o ter na vida dele, mas toda vez que tentava verbalizar algo carinhoso ele acabava se embolando e dizendo algo em tom de implicância, mas faziam seis meses, já é um bom tempo para dizer algo, não? ele não queria se precipitar

- não é verdade que tinha um elefante aqui ontem Pedro? - Malu comenta sentada no banco do parque, ela percebeu que o outro viajava.

- uhum - ele respondeu destruído olhando a grama.

- PEDRO - ela gritou quase fazendo o amigo cair para trás, agora acordando. - desde que você começou a sair com essa garota você fica viajando igual um pateta, o que cê tem hein?

- eu acho - respirou fundo. - talvez eu goste dessa pessoa de verdade? - ele sorriu de lado. - só não é uma boa ideia porque
el-ela, nós! - Coçou a garganta. - somos tão diferentes e eu acho que não é mútuo.

- acho que você não deveria sofrer por algo que não é mútuo, se ela não gosta de volta, então de afasta. - Malu incentivou assistindo os olhos tristes de Pedro se abaixarem.
- porque acha que não é mútuo, vocês já falaram sobre isso? - ela perguntou segurando no ombro do amigo.
- se não, acho que você deveria contar.

- é que na verdade, ela é... - suspirou fundo pronto para falar, mas Renan voltou com os milkshakes que eles tinham pedido, cortando totalmente a onda de coragem que ele tinha tido, por um segundo.

- ela é? - malu pegou seu shake o balançando.

- ela é de longe - deu a pior desculpa de todas.

Honestamente, eles eram de mundos distantes.

A madrugada havia chego.

Pedro estava em seu quarto desenhando algo que queria pichar, até que levou um susto com algo batendo na sua janela.
A abriu e avistou o carro estacionado em frente a sua casa, deslizou a mão em sua cama procurando seu celular, percebendo que tinham duas chamadas de João.

Ele colocou um moletom e desceu correndo.

- E quais são as suas intenções com o meu irmão? Se você acha que ele é qualquer um você já se desengana tá, ele tem família, vai ter que pedir a mão dele pro meu pai - o Tófani mais velho ouviu a voz do irmão enquanto apontava uma bola de basquete para João, que parecia assustado.

- minhas intenções, eu acho que você não tá afim de saber não - o cacheado respondeu soltando um riso.

- Não entendi qual a graça - Thomás cruzou os braços. - Ele não é só um corpinho bonito não viu, ele tem valores!

- Thomás, para com isso que vergonha - Pedro disse puxando o irmão para longe do cacheado, que ria sem parar. - de onde você tirou isso de intenções, tá maluco?

- Eu vi num filme que quando as pessoas namoram você tem que saber disso, e também você fica igual um idiota suspirando pela casa quando fala com esse cara pálida eu preciso me assegurar de que ele não vai te iludir né - o menor respondia sério.

João ouvia de trás com a sobrancelha arqueada.

- vai pra dentro, para de ser esquisito e diz pra mãe que eu volto amanhã e que vou dormir na Malu - Pedro ordenou sem coragem de se virar para João.

Lábios de vinho - pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora