No quarto estava uma bagunça, assim como sua cabeça. O garoto estava deitado de barriga para cima com a cabeça apoiada na beira da cama, seus olhos fechados e seus pensamentos dançando em um só momento.
Se questionava o porquê de não ter reagido, porque ter retribuído, porque não pediu pra parar? no fundo, a verdade é que fez porque quis. Tão difícil aceitar os fatos, mas ele sentia e queria saber o que eram aqueles sentimentos.
Uma mensagem? Será que ele tem direito?
Adormeceu em meio a tantos porquês. O álcool que ainda estava em seu corpo se despediu deixando outro em seu lugar: a ressaca.
– bom dia beijoqueiro – Pedro sentiu uma almofada em sua cabeça. Era Thomás, seu irmão mais novo.
– já não falei que você não pode entrar no meu quarto sem bater? Seu, merdinha – jogou de volta o travesseiro no menor.
– eu tô curioso desde ontem pra perguntar o que aconteceu, porque você chegou aqui de um jeito cômico.
Ele quase não se lembraria, mas o momento veio a sua mente. Chegou tropeçando na escada, se jogou na cama e tirou o moletom. Se abraçou a ele imaginando o cheiro e o toque. Ainda tinha em sua linha de vista os lábios avermelhados pela cor do vinho. O sorriso que o cacheado deixou escapar depois do beijo, o jeito como ele puxava seu cabelo. Os corpos colados, dedos entrelaçados em sua nuca.
Merda!
Correu para o banheiro ignorando a existência do irmão que gritava que ele tinha sido atacado por uma "sangue suga", nem o banho gelado fazia sua cabeça parar de doer menos, mas o pior era sentir a falta da noite passada, daquele momento específico.
꒰⑅ᵕ༚ᵕ꒱
Arrumava os CDs na prateleira, enquanto cantava ”all to well”. Sentiu mãos em seus ombros e quase deu um pulo para trás, mas estava tudo em seu lugar.
– o que aconteceu que você não atende celular e nem dá sinal de vida? – Renan perguntou enquanto tomava milk-shake sabor morango. Malu estava logo atrás, segurando alguns livros.
– não achei que as pessoas legais da faculdade tivessem tempo pra gastar com um vagabundo – Pedro riu, e largou a caixa em cima da mesa.
– não foge do assunto, eu não caio nessa! Porque você tá agindo como se estivesse tentando se isolar? – Renan pegou a caixa e começou a ajudar com os CDs.
– okay, vocês querem saber. – Pedro se sentou no chão, ali mesmo onde estava.
– ontem a garota que me deu um chupão, a mesma que você perguntou. Então, ela meio que já me esculachou no passado de um jeito que eu nunca esqueci, ninguém disso. – confessou buscando em sua cabeça.– você gostava dela? Tipo romanticamente falando, quando ela te esculhambou? – agora era Malu quem perguntava curiosa.
– eu achava ela incrível, tipo… não vou explicar minimamente, mas eu admirava okay? Ela me humilhou e toda a graça dela eu deixei de entender. – gesticulava enquanto se lembrava de falar.
– entendi, isso te deixou mexido? – Renan foi até o amigo, sentado do seu lado.
– acho que eu tenho medo de deixar tudo acontecer de novo – Tófani explicou, apoiando a cabeça no ombro de seu amigo.
“Quando eu vejo ela, lembro o tanto que eu não sou nada perto”.
– se eu fosse você, jogava ovo na janela dela – Renan brincou recebendo um tapa de Malu.
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Lábios de vinho - pejão
FanfictionPedro e João não conseguem dividir espaço ou tempo sem transformar em uma bolha de insultos inacabados. nada muda, mas se transforma. quando o mais velho sente o cheiro do álcool bater em seu pescoço, o vicio do gosto de vinho em seus lábios.