A REGRA

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O barulho dos pássaros, o lago e o vento fresco em seu corpo o despertaram em uma harmonia mágica. Tófani se espreguiçou procurando o calor do corpo que antes estava deitado em seu peito, não havia nada ali, outra vez.

mas dessa vez, havia estranhado o frio que seu peito o fez sentir. Se sentou e passou suas mãos pelos olhos, a sensação de acordar sozinho não era tão boa quanto deveria ser. Sentiu falta de um sorriso ou apenas um murmúrio dizendo que não queria acordar.

Se levantou procurando pela casa, nada e mais nada. O lugar estava tão vazio quanto seu olhar, perdido.

Já havia tomado banho, se trocado  e quando foi pegar seu celular debaixo do travesseiro encontrou um papel. Um papel perfeitamente dobrado, ele puxou e abriu rapidamente

Bom dia, acordou bem?
Desculpe sair sem falar nada
Tive que ir embora antes para que meus pais não pudessem notar minha ausência.
Fiz um café pra você, espero que goste!
Quando ler isso me avise, vou pedir para o motorista te buscar.

Ah, fica tranquilo, ele vai guardar nosso segredo.
Um beijo, caipira <3.”

O mais velho passou os dedos pela letra e por fim, pelo pequeno coração desenhado.
sentiu seus olhos escapar do líquido claro e salgado. Passou a mão pela bochecha e suspirou.

“Eu não posso sentir nada, por favor, meu Deus”.

Guardou a carta em seu bolso e desceu  novamente para tomar café.

                       ꒰⁠⑅⁠ᵕ⁠༚⁠ᵕ⁠꒱⁠˖

Apenas ao entrar já sentiu o ambiente pesar. os olhos de sua mãe sobre si, ela estava com um semblante de quem não havia dormido a noite sentada no sofá com os braços cruzados.

– posso saber onde é que você estava? – o menino se encolheu e deu passos para trás, suspirando.

– desculpa, esqueci de avisar… eu dormi na casa da Malu – mentiu, assistindo a imagem de sua mãe fechar os olhos em reprovação.

– Pedro Augusto você acha que eu nasci ontem? Eu liguei pra ela e pedi pra passar o telefone já que supostamente você estava lá, e adivinha só? Não estava! Enquanto você mora nessa casa você me avisa pra onde vai ir, está entendendo?
Eu não dormi preocupada com você, e nada de atender o celular ou dar sinal de vida. – ela falava alto com a voz trêmula.

– me desculpa, mãe. – olhou para seus pés enquanto pensava. – prometo te avisar.

Deixou o cômodo subindo as escadas, entrou em seu quarto e se jogou em sua cama, colocando os fones em seu ouvido, só queria estar nos momentos que vivia junto com as pessoas que o conheciam de verdade.

O turno de seu irmão havia acabado e ele assumiu o seu, estava na locadora pela tarde arrumando algumas coisas e ouvindo música. Ouviu a porta abrir e ergueu o olhar logo viu as figuras conhecidas.

– amor, você tá pálido, que isso? – Malu se aproximou mostrando Renan atrás dela.

– eu achei que fosse minha mãe, ela tá puta comigo então eu prefiro evitar hoje – deixou a caixa na mesa.

– você quer conversar? foi mal ter te entregado ontem, eu não sabia o que fazer de verdade. – a menina explicou mexendo nos anéis.

– tá tudo bem, eu nem te avisei que sairia – riu em nervosismo.

– tá e onde você tava ontem? Eu te liguei também, você não atendeu – Renan era que perguntava.

– eu, não preciso expor minhas intimidades pra vocês não, eca – disse tentando disfarçar enquanto ria.

Lábios de vinho - pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora