Capítulo 17

98 26 11
                                    

Cerrei os punhos quando vi o patrão subindo as escadas. Não podia acreditar que ele me deixou de novo na vontade e simplesmente sumiu.

Em certa parte entendi que aquele foi um dia complicado e eu não podia cobrá-lo sobre algo que nem tínhamos. O único sentimento ali era unilateral — apesar das provocações, apenas eu sentia alguma coisa, eu que agia como uma imbecil sempre que o via.

Meu trabalho ali era resolver sua situação, buscar formas de descobrir como libertá-lo da maldição. E daí se ele disse que eu era sua mulher na frente do meu ex noivo e pai? Aquilo foi apenas uma encenação e no fundo não existia nada entre nós.

Claro que aquilo não significava que não continuaria me insinuando, pois era muito divertido, principalmente quando o deixava vermelho de vergonha. Então soltei um suspiro pesado e caminhei em direção a cozinha — precisava cozinhar alguma coisa para esquecer aquele fogo no c*.

Tinha corrido rapidinho no carro para buscar o livro sobre folclore e enquanto cozinhava macarrão na panela, mantinha os olhos fixos no livro, assim como o notebook aberto em abas sobre maldições folclóricas. A maioria dos artigos eram apenas representações fantasiosas e estudos históricos do que se era contado na época da colonização.

Aquele foi um período complicado e havia poucas anotações a respeito da lenda do lobisomem. Recorri também aos manuscritos dos legados, pois alguns também fizeram pesquisas para descobrir uma forma de salvar Kun de seu fardo imortal.

Nada parecia realmente entrar em um consenso, pois por volta dos anos dez, o legado da época pediu ajuda a um feiticeiro de magia africana, para ajudar. Entretanto, esse feiticeiro disse que a maldição só poderia ser quebrada por aquele que a lançou, ou seja, o xamã indígena, que já devia estar morto séculos antes.

Também cheguei a pensar em buscar ajuda de xamãs indígenas, talvez um deles tivessem a resposta, mas encontrar um era como buscar agulha no palheiro. Minha cabeça fervilhava, os olhos ardiam e mal consegui dormir, trabalhando naquilo — além de sempre ter que voltar para a mansão, manter tudo limpo.

Naquela noite me entreguei ao cansaço na biblioteca mesmo. O sol já tinha se posto, mas como não era lua cheia, ficava um pouco mais tranquila. Recebi o telefonema do senhor Cornelius, dizendo que em breve estaria na mansão para tentarmos os rituais que encontrei.

Eu tinha anotado todos os rituais existentes para acabar com a maldição em um caderninho — todos catalogados como os fajutos e os que pareciam sérios. A verdade era que eu temia não conseguir e no fim das contas ficar velha como o senhor Cornelius e morrer sozinha, pois passei mais tempo me dedicando a outra pessoa.

— A biblioteca não é lugar para dormir — abri rapidamente os olhos percebendo que cochilei no chão sobre os livros na mesinha.

Ergui meus olhos e o patrão Kun estava na porta do cômodo, lindo como sempre, usando um paletó vermelho, com uma camisa de gola rolê, calça social escura que moldava bem suas coxas grossas, enquanto o cabelo muito bem cortado nas laterais era um charme a parte. Deveria ter uma placa avisando que aquele homem era um perigo para calcinhas, pois a minha queria ir com Deus.

 Deveria ter uma placa avisando que aquele homem era um perigo para calcinhas, pois a minha queria ir com Deus

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Beauty and the Beast (Qian Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora