Devo ter visitado um punhado de sites sobre folclore brasileiro, tentando descobrir uma forma de livrar o patrão Kun de sua maldição — haviam muitas lendas, mas nunca uma que podia me dizer exatamente como resolver aquilo. Havia dito ao senhor Cornelius que buscaria uma forma de livrá-lo da maldição.
Talvez eles não encontraram por não terem muito contato com a tecnologia, mas com o advento da internet, era mais fácil, as lendas se cruzavam em algum momento e ainda poderia achar estudos mais aprofundados.
Um dos sites indicou um livro sobre mitologias brasileiras e tinha um estudo completo sobre o lobisomem e sua lenda complexa, infelizmente não tinha como piratear na internet e só havia para comprar. Eu não podia esperar online, quase um mês, então descobri que havia alguns exemplares na livraria da cidade.
Larguei o computador na cozinha e corri para a saída, pegando a bolsa e chaves do carro, pois quanto mais rápido descobrisse, mais rápido o patrão Kun voltaria a ser um humano, se é que ele já foi alguma vez.
— Onde vai, garota saliente? — parei na porta ao ouvir aquela voz, voltando minha cabeça na direção do chefe.
Nossa senhora, como aquele homem era perfeito; aquelas toras de braços sob a camisa social e o blazer — e as pernas?! Outra visão do paraíso; o rosto de bebê e expressão de bom moço fazia enorme contraste com aquele corpo gostoso de homem bom. Eu o encarei dos pés a cabeça na maior cara de pau, por que não?!
— Meu rosto é aqui, garota pervertida! — só então percebi que olhava para a parte inferior dele e encarando seu rosto, lancei um sorriso cínico.
— A parte de baixo é mais atrativa — respondi descarada e ele balançou a cabeça enquanto descia as escadas. — E respondendo sua primeira pergunta, estou indo na cidade, porque encontrei um livro que pode dizer como livrar o senhor da maldição do lobisomem. — Sorri satisfeita e ele franziu o cenho, aumentando os passos até estar frente a frente comigo.
— Você o quê? Isso não tem cura.
— Claro que tem!! — respondi convicta. — Agora se me der licença... — virei para sair, mas ele agarrou meu braço.
— Vou com você!
O caminho até a cidade foi feito em silêncio, mas minha língua estava coçando pra fazer meus comentários e às vezes encarava seu rosto e depois o corpo, o que lhe chamava atenção virando para mim fazendo cara feia. Ele que lutasse, porque eu não iria deixar de fazer aquilo, porque eu sabia que aquele jeito de bom moço era só fachada.
Ele parou o carro de frente da livraria, então eu lhe disse que iria na frente fazer a compra, enquanto o mesmo iria atrás de uma vaga. Saltei do automóvel e corri direto para dentro do estabelecimento, que mais parecia um grande sebo antigo.
Ali tinha um odor de coisa velha e poeira, mas não demorou para encontrar a balconista, uma senhorinha simpática, que me disse em que seção estava o livro que eu procurava. E nossa como foi difícil encontrar, só havia um único exemplar e estava muito bem escondido entre vários outros livros de kama sutra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beauty and the Beast (Qian Kun)
WerewolfUma jovem fugindo do seu passado, se ver envolvida em uma questão difícil de remediar... a fera solitária e amaldiçoada, que habitava a casa da colina era seu mestre, amigo, amante... seria a jovem bela a salvar a besta horrenda de sua maldição? Kun...