Fiquei pensando em toda aquela história que o senhor Cornelius me contou, aquilo era um grande gatilho, quase não dormi durante a noite, tendo as imagens macabras da mãe do chefe morrendo no tronco, seu estupro e transformação. Se foi terrível para mim apenas imaginar, para ele que viveu foi pior, os pesadelos deviam torturá-lo todas as noites.
Na minha cabeça o chefe era apenas um homem brucutu, mas ao contrário disso, ele era apenas um homem com marcas no corpo e na alma, por isso as cicatrizes nas costas. Meu coração se apertou de tal forma, que devo ter chorado diversas vezes, porque por um lado eu entendia o que era ser oprimida e estar sozinha.
Queria saber mais sobre ele, perguntar a Cornelius sua história ao decorrer dos anos, mas nosso pequeno diálogo na cozinha foi deixado claro que nada que foi dito deveria ser repetido, pois parecia doer, entretanto minha curiosidade era maior que o juízo.
Em meio aos meus pensamentos, vi o chefe atravessar a sala, caminhando em direção ao escritório — queria falar com ele, agradecer por ter me ajudado e dizer que não o abandonaria, além de levar um bolo que fiz para que experimentasse. Bati de leve na porta e ouvi sua voz do outro lado dizendo para entrar.
— Chefe, lhe trouxe um lanche — entrei carregando a bandeja sorrindo.
Céus, que homem gostoso!!
Pensei ao vê-lo em sua mesa, camisa social com as mangas erguidas até os cotovelos, destacando os músculos dos braços, óculos repousados no rosto, enquanto lia alguns papéis. Seus olhos se ergueram para mim — sua boca vermelha era um desenho perfeito, tão beijável, ao ponto que pensar nela em meu corpo me fez suspirar.
— Obrigado, senhorita! — disse com sua voz grave, ao mesmo tempo que era melancólica e suave; então pus a bandeja com o bolo e o chá em cima de sua mesa.
— Chefe — comecei, tendo sua atenção por fim. — Obrigado por ter me salvado naquele dia — sorri.
— Você já me agradeceu — disse voltando a olhar seus papéis.
— Eu sei, mas queria reforçar e além do mais, tomei a decisão de nunca abandonar o senhor! — novamente seus olhos se ergueram em minha direção, franzindo o cenho. — Quero que saiba que estou aqui para somar e mesmo sendo um grande gostoso — ele revirou os olhos. — Prometo que não vou ser saliente... — ergueu uma sobrancelha. — Prometo tentar! — sorri largo.
— Fico grato por sua disposição, senhorita Santos — respondeu ameno. — E sobre sua saliência, duvido muito que consiga se controlar, você cheira a desejo reprimido — ergui as sobrancelhas surpresa. — Meu nariz coça sempre que está perto de mim.
— Espera aí, também não é assim! Eu não fedo, sou muito cheirosa, modéstia a parte — me defendi.
— Claro que não! Tem um cheiro tão devastador, que é difícil ficar calmo, quando se tem uma b*ceta, que parece ter um gosto e cheiro maravilhosos, sedenta ao meu lado! — abri a boca chocada com a sinceridade das palavras do chefe, porque eu não imaginava que ele tinha esses pensamentos sobre mim.
— Chefe, eu só flerto com o senhor por brincadeira! — tentei remediar a situação, mas seu olhar rígido sobre mim causou um calafrio e umidade dentro da roupa.
Deus, por que ele sendo tão rígido me dá tanto tesão?
— E por que está com esse cheiro?
— Que cheiro? — me fiz de desentendida, entretanto, o chefe Kun sobressaltou da mesa, fazendo com que recuasse, então ele ficou frente a frente comigo.
Aquela aproximação foi um deleite para minha pobre alma necessitada, o corpo dele era quente, o cheiro era inebriante e eu só pensava em coisas de adulto que podia fazer em cima daquela mesa.
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Beauty and the Beast (Qian Kun)
Manusia SerigalaUma jovem fugindo do seu passado, se ver envolvida em uma questão difícil de remediar... a fera solitária e amaldiçoada, que habitava a casa da colina era seu mestre, amigo, amante... seria a jovem bela a salvar a besta horrenda de sua maldição? Kun...