Capítulo 18

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Meus olhos se arregalaram ao ouvir aquilo, pois tinha oitenta porcento de certeza que aquele ritual daria certo, não havia como errar, porém o olhar assustado do chefe me fez crer que falhei. A decepção estava estampada na minha cara — tudo que eu queria era livrá-lo da maldição, mas falhei e me senti patética por isso.

A surpresa veio pelo fato da expressão do patrão estar apenas entristecida, mas não decepcionada, como se já soubesse que não daria certo. Cornelius foi até o mesmo, entregando-lhe uma garrafinha de água, a qual bebeu com avidez — realmente nada havia mudado de verdade.

— Sinto muito, patrão — falei quase em um murmúrio, tendo a atenção dos dois homens a mim. — Eu falhei!

Os olhos dele se focaram nos meus, complacentes. Ele não parecia estar aborrecido comigo, mas eu sim estava muito aborrecida e queria me dar um tapa. Toda aquela pesquisa de nada serviu, pois não consegui encontrar uma forma de salvá-lo daquela maldição e iria me punir por isso.

Talvez estivesse sendo um pouco dura comigo, queria levar em conta que foi apenas uma derrota, poderia procurar por mais soluções, mas lá no fundo meu lado pessimista gritava em desespero, pronta para sair.

— Não está se culpando pelo o que aconteceu, está? — ele chegou próximo a mim com uma expressão suave, no entanto eu sentia que também estava decepcionado pelo o ocorrido.

— Queria que o ritual tivesse funcionado — murmurei desgostosa e ele me lançou um sorriso suave, tocando de leve meu ombro.

— Não se culpe por algo que estava fora do seu controle — respondeu. — Não existia qualquer garantia que fosse funcionar. Nunca em toda minha existência de amaldiçoado ouvi falar de um bestial voltando a ser humano! — assenti contrariada, então senti seus dedos quentes tocando meu queixo, erguendo-o.

O coração errou a batida naquele momento — tudo nele me deixava entorpecida, iludida e cheia de tesão; sua expressão serena era o que mais chamava atenção, como se soubesse nossos segredos, sem nem tirar a serenidade nos olhos. O calor de seus dedos me levaram a um nível muito mais alto de descontrole físico e depois do beijo que demos na última vez, só queria estar novamente em seus braços.

— Está tentando me seduzir, senhor? — perguntei com os olhos presos nos seus e apertando os olhos, o patrão sorriu lindamente.

— Menina saliente! — afagou meus cachos, para logo se afastar, caminhando até o carro.

Pus a mão no peito, sentindo meu coração bater acelerado — realmente eu estava perdida, perdida em um sentimento que me consumia a cada dia. Estaria eu apaixonada por aquela fera amaldiçoada?

Voltamos para casa desanimados e com um peso no coração por não termos conseguido cumprir nossa missão — eu em específico. Era tudo tão frustrante, mas ao olhar para o chefe Kun no banco da frente na SUV, percebi que ele já estava acostumado a perder as batalhas, então não era o momento de desistir.

O caminho foi feito em completo silêncio, entretanto peguei meu caderno de anotações, pois traçaria um novo plano para encontrar respostas. Nem que colocasse o mundo abaixo, encontraria a cura para a maldição dele. Lá no fundo sabia que era o certo e me sentia responsável por isso.

Cornelius foi deixado em casa, onde sua esposa o aguardava na porta — seu olhar se estendeu na figura do chefe e percebendo o semblante do marido, sua face de contorceu em tristeza. Ela já não sentia rancor por Kun, compadecia-se da dor que a imortalidade lhe estava proporcionando. O casal acenou em nossa direção e retribuindo o gesto, seguimos com o carro, onde eu seria entregue em minha casa.

Minha casa não era longe dali, uns três quarteirões — as ruas se estendiam em casas e sobrados antiquados, mas de uma beleza ínfima, como se a cidade fosse um cenário de época visto apenas em novelas na TV. Chegando a minha residência, um silêncio se instaurou dentro do automóvel; eu deveria sair dali de dentro, mas algo me impedia de ir, assim como ele não disse uma única palavra, sequer pedindo para que saísse do carro.

Beauty and the Beast (Qian Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora