Capítulo 21

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Essa é uma gravação do dia 29 de novembro de 2021, o dia exato que um milagre havia acontecido, ou algo sobrenatural que só seria possível em livros folclóricos.

Rosana estava preocupada com a jovem Rafaela, a pobre menina estava definhando junto com Kun, ela não comia e só bebia café e energéticos, sendo preciso Rosana tirá-los da casa. Ela se sentia culpada pelo o que houve, mas aquilo foi apenas uma forma de defesa. Deveríamos saber que aquela era uma ideia péssima e eu também fui culpado de tê-la deixado sozinha com Kun em plena lua cheia.

Já se passaram tantas semanas e mesmo o doutor Oliveira dizendo que ele acordaria, Kun parecia piorar.

Após uma reunião com fornecedores, decidi passar na mansão, Rosana disse que eu deveria ver como os dois jovens estavam e mandar a menina ir para casa descansar um pouco. Eu não esperava que aquilo poderia acontecer — não, não conseguia acreditar, mesmo meus olhos estando fixos naquela cena.

Toda mansão estava muito silenciosa e eu acreditava que era porque a menina Rafaela estivesse no andar de cima olhando Kun. O que eu não esperava era ver o cômodo completamente vazio, com as cortinas fechadas e apenas o corpo inerte de Kun na cama, mas nenhum sinal da menina.

Desconfiado, caminhei lentamente até ele, pois não vi a movimentação de respiração dele, que mesmo estando mais fraco, era perceptível. Caí de bunda no chão ao perceber que ele não estava respirando. Minhas mãos tremiam de nervoso e chamei pela menina Rafaela, mas ela não parecia estar na casa.

Rapidamente me pus de pé, para ter certeza que era apenas ilusão da minha parte e tocando seu pulso, arregalei os olhos — Kun estava morto. Cobri a boca com a mão, sem acreditar naquilo — ele não podia morrer, não sendo um imortal.

Corri até minha pasta em busca do celular, pois precisava ligar para o doutor e para Rosana. Fiquei ali em pé, parado olhando o corpo moribundo do meu irmão e no fundo sabia que finalmente ele havia descansado em paz e se juntaria aos nossos antepassados.

O doutor Oliveira afirmou a morte de Kun, enquanto Rosana gritava em prantos que ele não podia ter morrido antes de nós. Aquele era um dia infeliz, mas havia algo ainda mais estranho em toda aquela situação.

[...]

Rosana andava de um lado para o outro na pequena sala da casa dos funcionários na cidade. Nossas suspeitas estavam corretas, a menina Rafaela havia desaparecido, ou melhor, fugido.

— Por que ela sairia assim sem nos avisar da morte do irmão Kun? — Rosana me encarou e apenas balancei a cabeça sem ter uma resposta. — Neco — de repente ela me olhou de forma desesperada. — A menina Rafaela estava em estado de desespero e se ela finalizou o Kun, pra que ele não sofresse mais? — Arregalei os olhos, não acreditando naquela sandice de Rosana.

— Não, ela nunca faria isso! Aquela menina amava meu irmão! — rebati.

— Amava ao ponto de fazer qualquer coisa pra ele ser livre! Ela estava desesperada por não achar uma solução pra livrá-lo da maldição e sabia que Kun desejava morrer. — Balancei a cabeça em negativa, sem acreditar em suas palavras. — Então me diga por que ela fugiu?

Eu não tinha resposta, Rosana tinha razão.

[...]

A lua cheia brilhava intensamente no céu, iluminando o salão, onde havíamos posto o caixão de Kun. Aquela deveria ser sua última lua cheia, o primeiro da espécie e o último a andar pela terra.

Não conseguia acreditar que ele havia mesmo partido — séculos sofrendo e finalmente conseguiu o que queria e pelas mãos de sua amada. Eu me sentia tão infeliz com aquilo, pois tinha perdido todo mundo e aquela casa não seria nada sem ele.

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⏰ Última atualização: Jan 03 ⏰

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Beauty and the Beast (Qian Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora