Capítulo Dez

46 10 0
                                    

|KAILE|

Entro na sala cheio de confiança. É o dia da grande proposta do CEO e, claro, estou pronto para qualquer coisa que ele jogue no meu caminho. Rodolfo, Lígia e Débora estão comigo, como sempre, e, claro, não param de me atazanar com piadinhas desde o dia anterior, depois da palestra em que fui desafiado a estabelecer uma disputa com a novata, Amara Magalhães.

— E aí, Kaile, preparado pra perder pra novata? — Rodolfo me provoca com aquele sorriso de quem sabe exatamente onde me cutucar.

— Ah, qual é, Rodolfo, ela mal chegou e já acha que manda em alguma coisa — eu reviro os olhos, fingindo desdém. Não vou dar o braço a torcer, mesmo que, no fundo, a ideia de enfrentar Amara me incomode um pouco mais do que deveria.

Rodolfo não deixa barato. Ele coloca a mão no queixo e olha para o nada, fingindo ponderar.

— Bom, se você não quiser, eu posso tentar a sorte com ela, né? — ele lança, casualmente. — A garota é linda, e esses lábios vermelhos dela...

Eu travo por um segundo, mas me recupero rápido. Não vou demonstrar que a provocação bateu onde ele queria. Em vez disso, dou um sorriso preguiçoso e dou de ombros.

— Fica à vontade, Rodolfo. Talvez ela goste de caras que se esforçam mais, né? Vai ver é o seu momento de brilhar.

Mas, por dentro, a ideia de Rodolfo ciscar pro lado dela não me agrada nem um pouco. Não que eu tenha algum interesse, claro. É só que... bem, Amara é a única garota que não cai no meu charme. E isso mexe comigo mais do que eu gosto de admitir.

Débora, sempre desbocada, não perde a chance de alfinetar Rodolfo.

— Ah, por favor, Rodolfo. Ela pode até ser bonitinha, mas todo mundo sabe que eu sou muito mais bonita que a novata. Ou vai negar?

Ela fala rindo, mas tem algo no tom dela que me faz levantar uma sobrancelha. Ciúmes, talvez? Será que a Débora tá gostando do Rodolfo? Pela primeira vez, vejo uma ponta de algo além da amizade entre eles. Mas, antes que eu possa processar isso, Lígia entra na conversa, sem filtro como sempre.

— Olha, o Rodolfo até pode tentar, mas a Amara me parece durona demais. Ela não tem cara de quem vai dar mole pra ninguém, muito menos pra você, Kaile. Aliás, acho que você só fica provocando a garota porque quer a atenção dela.

— Que absurdo, Lígia! — falo, exagerando a reação para provocar risos. — Só tô testando os limites dela, mais nada. Isso faz parte do meu charme irresistível, não é?

— Irresistível só se for pra você mesmo, né, loirinho? — Débora joga de volta, rindo.

Reviro os olhos e sento na minha cadeira. A galera tá agitada hoje, a sala toda cheia de expectativa sobre o que o CEO vai propor. Ninguém para de falar sobre a tal grande disputa. E, sinceramente, eu sei que estou pronto para isso, mas uma parte de mim se pergunta o quanto a Amara vai estar também. Ela parece durona, mas será que é boa o suficiente pra me enfrentar de igual pra igual?

Eu tento ignorar o pensamento. A porta se abre e o CEO entra. O burburinho na sala diminui aos poucos, todos prestando atenção enquanto o homem de meia-idade caminha até a frente da sala, com aquela postura impecável de quem já está acostumado a ter a atenção de todos. Ele cumprimenta a turma com um sorriso discreto e começa a falar sobre o mercado de trabalho, as dificuldades da engenharia civil, blá blá blá. Os assuntos são importantes, claro, mas todo mundo está ansioso é pelo desafio.

E finalmente, ele chega ao ponto.

— Sei que vocês estão curiosos sobre a proposta que mencionei ontem — ele diz, olhando diretamente pra mim e, em seguida, para Amara, que está sentada na outra ponta da sala. — O desafio de vocês dois será criar um projeto inovador. Quero ver uma proposta que seja realizável, de menor custo, mas com o máximo de segurança.

Ele dá uma pausa dramática, enquanto a sala explode em cochichos de excitação. Já posso sentir os olhares dos meus amigos perfurando minhas costas. Tento parecer calmo, mas minha mente já está correndo com mil ideias. Isso é o que eu faço de melhor, afinal.

— Vocês têm uma semana para trabalhar nisso — o CEO continua. — No final, quero que apresentem a mim e a um painel de professores. Vamos avaliar a criatividade, a viabilidade e, claro, o impacto do projeto de vocês. Boa sorte aos dois.

Amara e eu trocamos olhares. O dela é afiado, como sempre. Ela está me desafiando sem nem precisar falar. O pior é que parte de mim gosta disso. A adrenalina de ter um oponente à altura é empolgante. Mas não posso deixar isso transparecer. Dou um sorriso provocador em resposta, do tipo que sei que a irrita, e ela me devolve com um sorriso confiante.

A sala fica em euforia depois que o CEO se despede. Meus amigos já se reúnem ao meu redor, como sempre, e começam a falar ao mesmo tempo.

— Aposto que você ganha, Kaile — Débora diz, com uma piscadela. — A novata pode até ser esperta, mas você tem mais experiência.

— Ah, sei não — Rodolfo corta, colocando lenha na fogueira. — A garota é dura na queda, e, sinceramente, tenho minhas dúvidas. Acho que ela pode te surpreender.

— Até parece! — Lígia ri, cutucando o braço de Rodolfo. — Você tá torcendo pra ela só porque achou ela bonita, admita.

— E você, Lígia, tá dizendo isso porque acha que a Amara vai detonar o Kaile — ele rebate, piscando para mim. — Confessa aí, irmão. Tá com medo?

Eu rio, balançando a cabeça. Eles nunca mudam.

— Medo? Nem de longe, Rodolfo. Só estou me aquecendo. Essa disputa vai ser tranquila.

Débora levanta as sobrancelhas, como quem não acredita muito.

— Aham, tranquilo. Eu aposto que você vai ficar virando noites em cima desse projeto.

Rodolfo se anima e logo já estamos em uma roda de apostas. A galera quer saber quem vai ganhar, e as opiniões estão divididas. Rodolfo, claro, aposta na Amara, só pra me provocar, enquanto Débora e Lígia jogam as fichas em mim. O clima é leve, todo mundo rindo e brincando, mas, lá no fundo, sinto aquela pressão familiar se acumulando.

Vai ser uma semana intensa. Tenho que mostrar quem é o melhor aqui, e vou fazer isso com estilo. Amara pode até ser um desafio interessante, mas, no final, só pode haver um vencedor. E eu vou fazer o possível para garantir que esse vencedor seja eu.

Sento na cadeira, observando a sala ainda agitada, enquanto minha mente já começa a esboçar planos para o projeto. Seja o que for que a Amara tenha em mente, vou estar preparado para superá-la.

E assim, começa o jogo.


💔

Hello! Lembre-se da estrelinha e do comentário. Mil Beijos, Sra.Kaya 😘

Aprendizes -Os Bertottis #4 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora