Capítulo Vinte e Três

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|AMARA|

Kaile está parado à minha frente, a poucos centímetros de distância. Seu olhar é intenso, e não consigo mais fugir do que sinto. Eu tento, mas já não faz mais sentido. O beijo que trocamos no laboratório e todas as provocações desde então foram só um prelúdio para o que, no fundo, eu já sabia: estou completamente apaixonada por ele.

Sinto o coração acelerado, minha mente corrida, tentando encontrar uma saída. Mas desta vez, não há como escapar. Não quero. Ele me encurralou na parede, tanto física quanto emocionalmente, e sei que a única coisa que resta é me render. E então, sem pensar muito, me inclino na direção dele, até que nossos lábios se toquem.

O toque é suave no começo, mas rapidamente se intensifica. Não há mais espaço para dúvidas ou medos. Eu o beijo com toda a vontade que estava guardando, como se cada parte de mim gritasse que isso era o que eu precisava fazer o tempo todo. Kaile responde com a mesma intensidade, e logo nossas línguas se entrelaçam em um ritmo profundo e cheio de desejo.

Ele sorri no meio do beijo, e sinto suas mãos descendo pela minha cintura, me puxando para mais perto. Meu corpo se pressiona contra o dele, e o toque é ousado, intenso. Não há mais medo, só a certeza de que, a partir de agora, somos algo mais.

O beijo dura uma eternidade e ao mesmo tempo parece rápido demais. Só nos afastamos quando ambos estamos sem fôlego, as respirações descompassadas, os corações disparados. Olho em volta, e percebo que há gente nos observando. O calor no meu rosto é inevitável, e me afasto um pouco de Kaile, tentando retomar o controle. Mas, claro, ele não facilita as coisas.

— Eu tô apaixonado por você, Amara — ele diz, em alto e bom som, diante de todos.

Minha boca se entreabre de surpresa. Todos que estão por perto nos olham, esperando pela minha reação. O calor que já sentia parece triplicar, subindo do meu peito até as bochechas. Não acredito que ele está fazendo isso na frente de todo mundo.

— O quê? — consigo murmurar, ainda processando a coragem dele.

— Isso mesmo — ele responde, com aquele sorriso travesso no rosto. — Eu estou apaixonado por você e quero namorar com você.

Eu fico em choque por um segundo. Não por causa dos sentimentos, mas pela audácia de Kaile em me expor assim, de maneira tão pública. Mas a surpresa logo é substituída por uma onda de felicidade que não consigo mais esconder. Ele realmente está falando sério. O sorriso no rosto dele, a sinceridade no olhar... tudo me faz entender que isso é real.

Sem saber exatamente como responder, simplesmente dou um passo à frente e envolvo meu braço ao redor do pescoço dele.

— Sim — digo, com a voz quase falhando pela emoção. — Eu aceito.

Ele não espera mais nada. Me beija de novo, profundo e cheio de paixão, me girando no ar como se estivesse comemorando. Sinto seu riso vibrando contra meus lábios, e antes que eu perceba, estamos rindo juntos, ainda nos beijando. No entanto, nosso momento é interrompido de maneira abrupta quando uma onda gelada atinge nós dois.

— O que é isso? — exclamo, ofegante, completamente molhada.

Olho para o lado e vejo Rodolfo, Débora e Lígia segurando baldes vazios, com sorrisos triunfantes no rosto. Eles riem, enquanto Kaile e eu tentamos nos recuperar do susto. A água fria pingando do meu cabelo e da roupa nos traz de volta à realidade.

— Isso é pra apagar o fogo de vocês dois! — Lígia grita, gargalhando enquanto Kaile a encara, fingindo estar ofendido.

— Eu já disse que vocês dois estavam quentes demais — brinca Rodolfo, enquanto Débora apenas observa, rindo e balançando a cabeça.

Kaile se afasta de mim por um momento, também rindo, e passa as mãos nos cabelos molhados, tentando tirar o excesso de água.

— Vocês não prestam! — ele grita de volta, mas seu sorriso é amplo. — Amara está toda molhada agora!

— Melhor do que pegando fogo, não acha? — Débora rebate, rindo alto.

Eu, apesar de envergonhada, não consigo evitar sorrir. A confusão, a brincadeira, o momento... tudo é tão leve, tão cheio de alegria que, mesmo com a roupa molhada e os olhares ao redor, me sinto genuinamente feliz.

— Vem, vamos sair daqui antes que fiquem ainda mais intrometidos — Kaile sussurra no meu ouvido, ainda rindo.

Ele coloca o braço ao redor dos meus ombros, me cobrindo com seu corpo enquanto me leva até seu carro. Tentar secar minha roupa no meio daquele caos seria inútil, então apenas deixo que ele me guie, ainda sentindo o riso preso no peito.

Quando entramos no carro, o ambiente parece mudar. O riso e a leveza ainda estão ali, mas há algo mais profundo entre nós. Uma sensação de que, finalmente, nos encontramos.

— Sabe — ele começa, olhando para mim enquanto dirige —, eu não achava que seria tão fácil te convencer a aceitar meu pedido de namoro.

— Fácil? — pergunto, levantando uma sobrancelha. — Você me pediu na frente de todo mundo! Não me deu muita escolha, né?

Ele ri, mas não desvia o olhar da estrada.

— Eu estava preparado para aceitar um não, se fosse o caso. Mas sabia que precisava tentar. Não dava mais para aguentar você fugindo de mim.

Eu o encaro por um momento, e tudo o que ele disse, toda a coragem que ele teve para se abrir, me faz perceber que, por mais que eu tenha tentado fugir, o destino nos puxava para esse momento. E agora, não há mais como negar.

— Eu também não aguentava mais fugir — confesso, baixinho, mas o suficiente para que ele ouça.

Kaile sorri, um sorriso cheio de promessas, e sinto uma onda de alívio e felicidade tomar conta de mim. Agora estamos juntos, e mesmo que o futuro seja incerto, sei que esse é o começo de algo real. Algo nosso. Ele me olha de relance, com aquele sorriso travesso de sempre, e, sem pensar, estendo a mão, entrelaçando nossos dedos. E ali, naquele momento, entendo que, por mais que eu tenha resistido, por mais que tenha tentado fugir, o que temos é algo que vale a pena lutar. Algo pelo qual vale a pena me render.


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Aprendizes -Os Bertottis #4 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora