01 Família

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💜 Cercado de Amor 💜

Eu sou Park Jimin e tenho dezessete anos.

Medo. Vinte e quatro horas por dia, é o que eu deveria sentir em meu novo lar. Ser um ômega obediente, outra lição. Estou em dúvida se aprendi. Sou o caçula de uma família de seis irmãos, e agora, casado, contra a minha vontade. Antes de começar a destrinchar minhas tragédias, preciso falar de onde eu vim.

Meus pais são criaturas humildes, amorosas e trabalhadoras. Minha mãe, extremamente religiosa. Nosso lar? Uma ilha muito afastada do continente. Dizem que é o século 21, mas aqui, parece que ainda estamos na idade média. Há um grande povoado, mas vivemos um pouco afastados. Há centenas de anos atrás os colonizadores construíram uma capela no alto de um dos morros da ilha e cá estamos, mas há lugares ainda mais distantes, terras não desbravadas, temidas e marcadas pela história oral dos antigos. Se faziam para assustar as crianças e jovens para não se aventurarem, até hoje não sabemos. O que sabemos é que esses lugares criaram fama, cercados de mistérios e talvez, fantasia popular.

Temos um governante, um tipo de Soberano, como na antiguidade e alguns nobres. Mas minha família é pobre. Minha mãe ora várias vezes ao dia e nós a acompanhamos. Ela sempre diz que nossa condição de híbridos se deve a algum grande pecado que a humanidade cometeu e por isso fomos condenados ao exílio eterno nessa ilha. Ela diz que por isso, devemos pagar nossas penitências. Creio em tudo que minha mãe fala, e tenho medo do castigo divino, caso eu ou meus irmãos façamos algo errado contra a vontade do sagrado, que para ser sincero, não sei bem qual é.

Minha mãe é uma linda ômega, meu pai um alfa forte e trabalhador. Ele nos mantém com o trabalho na capela. O pároco é um beta gentil, mas a igreja tem poucos recursos então meu pai trabalha muito e ganha pouco, isso significa que vivemos na humildade.

Sou o caçula, cinco alfas e eu, o ômega, dá para acreditar? Jimin, pitico, é como eles me chamam, meu pai e meus irmãos. Minha mãe me chama de bebê e acho que vai me tratar como um pelo resto de minha vida. Quando digo para meus irmãos me deixarem um pouco em paz e que já sou grande o suficiente para cuidar da minha vida, eles simplesmente começam a rir, me deixando totalmente sem graça. Dizem que não passo de um pitico tolo e que sou como um pintinho, por causa de meus cabelos muito loiros, lábios carnudos e rosados. Eu não fico triste, afinal sou a cópia de minha mãe, a única diferença é que herdei os olhos muito azuis de meu pai, e fui o único, he, he, he. E então, ele tem muito orgulho de seu filho ômega carregar olhos azuis fortes e impactantes como os dele, não que eu seja vaidoso, até porque nosso espelho é tão pequeno e velho, que mal dá para nos vermos direito.

Sobre o medo? Foi minha mãe que me ensinou e disse que era para a minha própria segurança. Se eu tiver medo, vou me proteger, se eu tiver muito medo, jamais vou me expor ao perigo. Mas nem sempre consegui obedecer nesse quesito, bem feito para mim, que sofro agora as consequências de minha desobediência.

Mas voltando ao passado, acho que eu estava com uns treze anos quando um alfa me atacou no meio da plantação de milho. Um homem extremamente rude e de aparência grosseira e cheiro fétido. Ele tentou me machucar, até hoje não sei direito o que ele queria. Só sei que me agarrou no meio da plantação, se jogou contra meu corpo. Eu sou bem pequeno, então, não tive forças para me libertar, ele rasgou minhas roupas, machucou meus braços, tentou até colocar a boca suja contra meus lábios, o que me deu muito nojo. Fiquei me debatendo e gritei, antes dele colocar a mão suja sobre minha boca. Meu irmão Yoongi, o número 3, estava em casa e ele tem uma audição fora do comum. Minha salvação, foi ele ter me ouvido. Gritar é meu dom, sempre que meus irmãos me negavam algo eu gritava até ser atendido, culpa deles que me mimaram, agora que lutem. Mas meus gritos e Yoongi salvaram minha vida daquele louco. Meus irmãos e meu pai me socorreram. Meu irmão Yoongi correu em sua forma lupina e pediu socorro. Vários alfas e betas da Aldeia vieram ajudar. No fim, o homem foi preso e condenado, pois já era procurado por machucar outros ômegas solteiros.

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