11 - La mano negra.

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Dias atuais- Sicília, Italia

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Dias atuais
- Sicília, Italia.

Não era ela, mas eu tinha certeza de que era. Tinha certeza de que era ela dirigindo, me desafiando na rua como fez daquela vez. Meu ser gritava com todas as forças que aquela mulher era, sim, a Little Ghost. Mas, quando levantei sua viseira, foi como se eu tivesse levado um soco no estômago, me desnorteando na mesma hora. Os olhos, os olhos azuis que nunca saíram da minha cabeça e que eu reconheceria em qualquer lugar, não eram os mesmos. Os azuis da Ghost são mais como a cor do oceano, o mar que te puxa para baixo, fazendo-te admirar sua profundidade, mas ao mesmo tempo te matando porque está te afogando.

A noite estava pesada, como se o próprio ar carregasse o peso dos acontecimentos. Eu me encostei no meu carro, observando a rua enquanto as luzes dos faróis ainda dançavam ao longe, dissipando o cheiro de borracha queimada e gasolina. Ela não era a Little Ghost. O pensamento ecoava na minha mente, repetindo-se como um disco quebrado, martelando em minha cabeça e me fazendo duvidar da minha sanidade. Será que eu estou começando a alucinar? Se todo esse tempo eu estive obcecado por uma pessoa que nem merece a porra da minha obsessão?

Para com essa merda, Belchior.

Os outros carros começaram a se dispersar, as risadas dos outros corredores desaparecendo aos poucos enquanto a multidão se dispersava. Eu deveria estar comemorando, aliás, eu ganhei essa porra dessa corrida, mas não estou. Estou emburrado e ouso dizer até decepcionado, pelo simples fato da mulher que eu queria foder hoje não aparecer. Filha da puta. Scarlett se aproximou, saindo de algum lugar atrás de mim, como se estivesse misturada às sombras. Ela deixou todo mundo me parabenizar para poder vir falar comigo, bem à cara da ruiva. Seus passos eram suaves, mas meus ouvidos estavam bem atentos a eles. Ela se encostou no carro ao meu lado, cruzando os braços e observando o ponto que meus olhos estavam vidrados.

— Deimons — ela chamou, sua voz cortando o silêncio pesado da noite.

Eu me virei para ela, tentando esconder a confusão que sentia, mas sabendo que era inútil. Scarlett sempre teve um jeito de ver através de mim, como se pudesse ler os pensamentos que eu nem sabia que tinha. Eu sempre digo que ela é meu Ying; ela me conhece até mais que os meninos. Crescemos juntos, sabemos muitas coisas um do outro. Não há como esconder algo de uma irmã extremamente assertiva.

— O que foi? — Perguntei, minha voz mais áspera do que eu pretendia. A ruiva estreitou os olhos para mim em reprovação e eu bufei. — O que houve? — Minha voz soou mais gentil agora.

— Não era quem você esperava que fosse? — Sua pergunta foi direta, sem rodeios. Acabei rindo nasalmente. Como esse pedaço de gente me conhece tão bem? — Seus olhos murcharam na mesma hora. Que lamentável de se ver — ela brincou.

— Não, não era. Quando eu abri a viseira dela, não consegui ver a pessoa que queria — dei de ombros, um pouco fora de mim por conta dos pensamentos conturbados. — Mas isso não vem ao caso. Acho que estou ficando maluco mesmo.

ETERNALLY (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora