Capítulo 12 - Suzanne ~ Complementação

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          Finalmente estou conseguindo voltar aqui para continuar o que eu precisava, já há algum tempo fazer, fui interrompida em meus pensamentos, na verdade em minhas memórias por conta da terrível dor que me assolou ao relembrar do meu Christopher.

          Sei que levei um bom tempo para conseguir estar aqui novamente, para sentir-me mais forte como estou agora, não que eu tenha conseguido superar a minha perda, e isso é algo que eu tenho a completa certeza que nunca vou superar, mas tenho me prendido às coisas boas, às boas lembranças vividas com meu Senhor, todo o meu aprendizado ao lado dele, o que precisei assumir após a sua partida com relação aos negócios dele, claro que eu já tinha alguns envolvimentos, Christopher, após o seu AVC começou a me incluir a me mostrar tudo, eu já havia percebido que ele estava me preparando para que um dia eu viesse a tomar a frente de tudo, é claro que eu nunca havia pensado em que a minha participação fosse voltada para isso, eu sempre me via sendo estimulada por ele para voltar e crescer em minha profissão.

          Sorrio agora ao lembrar-me que por conta de minha profissão é que fui conhecê-lo e tornar-me o que sou hoje. Mas não foi apenas o fato de ter que assumir os negócios do Christopher que está me fazendo reerguer-me, é claro que eu teria que assumi-los de uma forma ou de outra afinal eu me tornei a herdeira dele, e acredito agora, que o meu casamento com ele, no mesmo momento em que o Senhor Hunter casou com a sua Queta já foi algo premeditado pelos dois, passei a acreditar que eles em conversas perceberam, por conta das nossas diferenças de idade, tanto a do meu Senhor com a minha, quanto a do Senhor Hunter com a Henriqueta.

          Mas eu estava contando sobre conseguir me reerguer e não foi só essa parte profissional que me levou a isso, não foi o fato de ser a herdeira, pois eu poderia simplesmente passar tudo adiante, vender tudo, propor alguma sociedade e apenas me trancar em minha perda e saudade. Sei claramente que o que mais me ajudou, na verdade o pilar que me reergueu e que me sustenta foi o Senhor Hunter ter concordado em virem morar comigo, sei que aquela minha proposta pode ter sido bem estranha para ele, acho que Henriqueta muito conversou com ele, afinal, mesmo que por um período de tempo, ele deixaria a sua casa, toda a sua rotina para vir morar na casa de um outro Dominador, apesar de ser o seu grande amigo, mas uma casa que não tinha as lembranças dele e ainda mais com outras pessoas, comigo que sempre foi a submissa de seu amigo.

          Ter as crianças aqui foi algo fundamental, parte da alegria voltou a essa casa, quando eu precisava estar fora por questões de compromisso de trabalho eu ficava com vontade de voltar para casa, estar com o meu afilhado, brincar com ele, ver Henriqueta com a pequena Suzanne no colo tudo isso me preenchia de felicidade, tudo isso foi me ajudando a querer viver, mas confesso que não foi apenas isso. Sei nitidamente que a profissional que eu era e o sentimento  que eu nutria por Henriqueta, desde o primeiro dia que a conheci, de ser tutora e protetora dela me fazia o meu lado maternal estavam me sustentando.

          Entretanto o meu lado mulher, no sentido de ser a fêmea estava morto, eu tentei acreditar nisso, na verdade eu me forcei a isso, botei em minha cabeça que eu não seria mais fêmea, seria apenas profissional, mãe, madrinha e avó.

          A presença do Senhor Hunter teve uma importância muito grande, com muito cuidado e tato ele foi me mostrando que eu precisava vencer algumas coisas, que eu precisava mexer nas coisas pessoais do meu Christopher, suas roupas, seus documentos, de início eu não aceitava de forma alguma mudar alguma coisa no quarto dele, quarto que passou a ser meu e dele após a saída de Cristel de nossa relação. Eu não queria mexer em nada em nenhuma peça de roupa dele, em nada eu até mesmo quando ia me deitar tirava a colcha da cama apenas do meu lado, mas o Senhor Hugo insistiu, volta e meia conversávamos sobre o fato de que deixar as roupas dele nos armários só as fariam se deteriorarem com o tempo. Que pessoas menos afortunadas poderiam ter algum conforto, acabei concordando e doando todas as roupas dele para uma instituição de caridade e foi apenas por estar mexendo em suas gavetas, embalando tudo com a ajuda do Senhor Hunter e de sua Queta que eu acabei encontrando entre as suas meias uma carta para o Senhor Hunter.

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