03| Olhos de Demônio

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Eu não pensei bem no que faria quando chegasse ao endereço que aquele número me mandou

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Eu não pensei bem no que faria quando chegasse ao endereço que aquele número me mandou. Porém, nunca imaginei ou sequer passou pela minha cabeça que essa noite eu invadiria a casa de alguém, entraria em uma briga e levaria um soco na cara.

As coisas saíram completamente do controle e foram longe demais.

E o problema maior disso tudo é que nem mesmo sei de quem é a porcaria da casa. Se fosse de um daqueles quatro, eu estaria frita, lascada, ferrada...

Todos os sinônimos de "eu estou fodida".

O peso das consequências do que fiz só agora estava começando a pesar sobre meus ombros, quase me sufocando.

— Temos que ir. — Digo, tentando colocar meus pensamentos em ordem para não entrar em pânico.

— Sab, eu... — Calian começa a falar e ele levanta suas sobrancelhas, fazendo aquela cara de cachorrinho abandonado, o que me dizia que ele estava prestes a tentar se desculpar.

— Conversamos depois... — Apresso meus passos, tentando voltar pelo mesmo caminho que fiz para chegar até ele.

Ele me acompanha, mas logo para e também me detenho.

— Espera, como soube que eu estava aqui? — Indaga, e aguarda a minha resposta.

— Calian, me escuta, temos que dá o fora daqui. — Meu tom de voz é sério para tentar demonstrar a urgência da situação.

— Que porra você fez, Sab? — Ele me lança um olhar preocupado e me avalia por alguns segundos.

Então, de repente, me puxa pelo braço, me levando em direção aos arbustos.

Atravessamos um enorme jardim e percebo que ele nos levou direto ao pátio da entrada. Cortamos um bom caminho. Na verdade, já não lembrava de como voltar para o meu carro seguindo o caminho que fiz por dentro da mansão gigantesca.

— Você veio dirigindo, certo? Onde está o carro? — Calian pergunta, e procura pelo Maverick em meio ao mar de carros que estavam ali.

Eu aponto, indicado o local onde ele estava estacionado.

— Merda... — Calian xinga e põe as mãos na cabeça, vendo o capô retorcido e o farol direito arruinado. Agora também consigo notar os arranhões e a lataria um pouco amassada.

Não demora muito para ele ligar os pontos quando sua atenção se dirige ao portão destruído.

Eu o ignoro e caminho à sua frente em direção ao Maverick. Me aproximo rapidamente do automóvel e, assim que entro, coloco a chave na ignição e tento ligar o motor. No entanto, escuto um ruído nada satisfatório vindo dele.

— O que deu em você?! — Calian exclama assim que entra no carro, sentando ao meu lado no banco do passageiro. — Tem alguma noção do que fez?!

— Isso tudo é culpa sua pra começar! — Grito de volta, odiando seu olhar raivoso sobre mim.

Príncipes do Caos (Destinados ao Caos I)Onde histórias criam vida. Descubra agora