EM ALGUM LUGAR DE NOVA IORQUE...
Carlos: Logo, minha princesa... logo você vai estar comigo... e então vai pagar por todos esses anos que eu tentei te encontrar! Você e aquele mentiroso do seu pai!
DE VOLTA A PENDLETON...
Eu ainda estava de pé na frente da minha casa, aterrorizada. Eu não conseguia entrar na casa e minhas pernas se recusavam a me ouvir. Numa fração de segundos, eu decidi correr para a rua e pedir ajuda para o meu vizinho ao lado.
Vizinha: Sim?
— Hum, oi, madame...
Vizinha: Você não viu a placa de "Proibido vendedores"?! Saia daqui! O que quer que você esteja vendendo, eu não preciso!
Ela bateu a porta na minha cara. Aí vai o amor entre vizinhos. Mais uma vez, fui deixada sozinha com minha mente barulhenta.
— Bem, foda-se você também senhora! Em pensar que eles preferiam te deixar pra morrer do que escutar!
Eu estava andando sem rumo pelo lado escuro da rua, morta de medo. Eu respirei fundo e repeti o meu mantra na minha mente.
— ( Você está segura aqui, provavelmente é só um ladrão, a mensagem foi um erro, existem outras Cíntias no mundo. )
Eu não conseguia respirar, não conseguia pensar direito. Estúpida Açucena, pelo menos podia ter pedido o número dos rapazes! E então uma ideia apareceu na minha mente.
— ( É claro! Ivana! Eu tenho o número dela! Falei que podíamos sair. )
Decidi tentar a sorte e ligar para a garota de quem eu não sabia nada. Afinal, era a minha única esperança, sendo o único contato no meu celular. O telefone tocou algumas vezes antes de ela atender.
LIGAÇÃO INICIADA.
Ivana: Sim?
— Ivana, oi, aqui é a Açucena Carvalho.
Ivana: Oi, como você está?
— Eu preciso falar com você.
Ivana: Claro, Açucena. Sobre o quê?
— Hum, escute... é um assunto delicado... podemos nos encontrar em algum lugar? Se você não estiver ocupada...
Ivana: Hum... claro... quer me encontrar no centro da cidade?
— Na verdade... por acaso você tem um carro? Eu tive um pequeno acidente com o meu.
Ivana: Mesmo? Que tipo de acidente?
— Te conto quando a gente se encontrar.
Ivana: Vou te buscar. Me mande mensagem com o endereço.
— Você é a melhor. Até daqui a pouco.
LIGAÇÃO ENCERRADA.
Eu desliguei e mandei uma mensagem para Ivana com a minha localização.
LITERALMENTE DOIS MINUTOS DEPOIS...
Eu vi um carro luxuoso estacionar na minha frente e Ivana saiu dele.
Ivana: Oi, Açucena!
— Como você chegou aqui tão rápido?
Uma suspeita apareceu em mim. Ela não podia ter vindo tão rápido, a não ser que...
— Você estava no bairro ou algo assim?
Ivana: Açucena, por favor, não tem trânsito a essa hora... é claro que eu vim rápido, e mais, eu não moro muito longe daqui.
— Mesmo? Então nós somos praticamente vizinhas? Eu moro nessa rua.
Eu percebi que já tinha falado muito pra ela.
Ivana: Pode-se dizer que sim...
Algo nela estava me deixando nervosa. Ela era suspeita.
— ( Que se dane! Todo mundo é suspeito pra você! )
Ivana: Então... o que você tem em mente?
— Como é?
A pergunta dela me trouxe à realidade.
Ivana: O que eu quis dizer foi - aonde você quer ir?
— Aah, isso... vamos a qualquer lugar, desde que seja longe daqui.
Ivana: Eu vi uma lanchonete legal quando estava andando pela cidade mais cedo. Talvez a gente possa ir lá dar uma olhada...
— Contanto que eles tenham bebida lá, está ótimo pra mim.
Ivana sorriu educadamente e apertou a chave para abrir a porta do carro.
Nós rimos o caminho todo para a lanchonete e eu comecei a me sentir melhor. Mas não conseguia me livrar da sensação no meu estômago por causa dos últimos eventos. Tinham coincidências demais... se é que eram mesmo coincidências...
Ivana: Vou querer uma pizza grande de calabresa e uma cerveja! E você?
— Uísque, puro.
Ivana: Nossa, Açucena, não acho que eles tenham isso aqui!
A garçonete sorriu e balançou a cabeça.
— Ivana, aqui é uma cidade de cowboys, não esqueça disso!
Alguns minutos depois, estávamos apreciando a comida e bebida em silêncio. Ivana falou primeiro.
Ivana: Então, Açucena, o que te traz a essa cidade?
— Um desejo de mudar.
Eu optei pela opção menos suspeita.
— Sabe, eu fiquei entediada com a minha vida antiga. A cidade grande onde eu morava me sufocava com as luzes, o ritmo acelerado, as pessoas esnobes... eu tinha que ir pra algum lugar... mas quieto. E você?
Ivana: O quê? Ah, quer dizer, o que eu estou fazendo aqui? Eu vim a negócios.
— Mesmo? Que tipo de negócios?
Ela parecia muito desconfortável pra alguém que estava falando sobre um mero trabalho.
Ivana: Hum... bem... nada de especial, mesmo... eu tinha alguns fantasmas do passado que não me deixariam até eu terminar algo. Não é nada demais, é um trabalho simples, mas eu tenho um prazo, e se não terminar a tempo, vão haver consequências. Mas nada sério, não se preocupe. Podemos falar sobre outra coisa?
Nós duas ficamos caladas. Ambas com seus respectivos problemas em mente, e eu quase me arrependi de chamar ela para me escutar.
Ivana: Açucena, você mencionou que queria falar sobre uma coisa comigo.
Isso trouxe de volta as memórias dolorosas sobre tudo que aconteceu num curto espaço de tempo. Eu realmente queria contar tudo, mas não sabia se podia confiar nela. Contato humano básico, ter alguém pra conversar e confiar eram estranhos para mim. Eu nunca tive amigo, nem a oportunidade de me aproximar de alguém. Minha necessidade estava ficando mais forte.
Ivana: O que você está pensando? Posso ver que tem algo te preocupando.
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Até o próximo capítulo.
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LAÇADA PELO COWBOY+18
RomansChamo-me Cíntia Almeida, ou me chamava, agora sou Açucena Carvalho. Forçada a me casar com um velho asqueroso, amigo do meu pai, decidi fugir para bem longe. Acabei em uma pequena cidade chamada Pendleton, encontrei lá a minha paz. Mas, essa paz não...