24. Luce del luna

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Ao anoitecer, Carlos e Charles decidiram enfim tomar aquelas cervejas que deveriam ter tomado durante a tarde. Após saírem do quarto e antes de entrarem no mar, Carlos percebeu que tinha simplesmente deixado o balde com as longnecks ali esquentando ao sol, e imediatamente colocou tudo para dentro do freezer de novo. E agora, esparramados sobre o colchão vermelho da proa, ainda de roupa de banho e um tanto quanto molhados por terem saído da água há pouco tempo, eles pegaram uma cerveja cada um e ficaram a beber enquanto estavam em silêncio um ao lado do outro, apenas desfrutando da companhia ao compasso que o balanço tranquilo do barco os dava ainda mais preguiça.

Charles estava deitado com a barriga para cima, apenas com o tronco elevado pelo apoio nos cotovelos. Carlos estava de lado, encarando de perfil o rosto de seu amante, os goles de cerveja indo e vindo. Ele não tinha nada para dizer, e aparentemente Leclerc também não, pois tudo o que precisava ser dito já foi falado naquela tarde. Os momentos vivenciados dentro daquele quarto iam e voltavam à mente do espanhol, ele observava o rosto agora tão tranquilo de Charles, mas só conseguia se recordar das expressões dele enquanto o fazia seu naquela cama, enquanto ele choramingava aos seus toques e pedia por mais, enquanto Carlos dizia que estava apaixonado. Sim, ele realmente disse, e Charles respondeu que era recíproco.

Carlos sabia que paixão e amor eram sentimentos distintos, e que Charles lhe causava ambos. Mas estava feliz e tranquilo por ter conseguido verbalizar pelo menos um deles, era incrível como não se arrependia por nada do que vivenciava com Charles. Ele o fazia se sentir livre como nunca se sentiu antes. Pensar assim o fez levar as mãos até o rosto dele, acariciando aquela bochecha e fazendo-o se virar para si, interrompendo o que quer que ele estivesse pensando. Ele lhe deu um sorriso lindo, exibindo suas covinhas, e um rubor tomou conta daquelas bochechas, fazendo Carlos suspirar. Deus, ele o amava tanto.

─ No que está pensando, mi amor? ─ perguntou Sainz, dando mais um gole em sua cerveja. Charles fez o mesmo, eles tomaram quase que sincronizadamente, olhando nos olhos um do outro. Charles baixou a garrafa, e o sorriso permanecia em seu rosto.

─ Em nada de muito importante, sinceramente. Só em como... ─ ele ergueu a cabeça, encarando as estrelas. O céu estava muito bonito naquela noite, não havia uma única nuvem e a falta de luminosidade artificial fazia as estrelas brilharem ainda mais. A lua estava minguante no canto do céu.

Charles amava as estrelas, ele costumava observá-las com seus pais, seus irmãos e Jules durante as noites entre uma corrida e outra quando era criança, quando as competições de kart eram mais uma diversão que qualquer outra coisa. Jules sempre foi muito inteligente, ensinou a Charles algumas coisas sobre constelações e o universo que a cabecinha pequena de Leclerc já tinha esquecido há algum tempo. Mas nunca se esqueceu de todo o afeto construído naqueles dias. Charles sentia tanta falta deles. O que Hervé e Jules pensariam se soubessem de tudo isso que estava acontecendo? Eles o apoiariam?

Charles pôde constatar que sim.

─ Eu estou feliz. Eu estou muito feliz! ─ após seu breve momento de divagação, de lembrar de seu pai e de Jules e ficar de coração quentinho, ele voltou a encarar Carlos, que em nenhum momento tirou os olhos de si. Leclerc percebeu como os orbes castanhos brilhavam. Aquilo fez acelerar seus batimentos cardíacos.

─ Você está feliz, cariño? ─ questionou o mais velho. Charles apenas confirmou com a cabeça.

─ Sim, chéri. Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida! ─ aquilo encheu o coração de Carlos de alegria. Uma felicidade genuína pareceu tomar conta de todo seu ser, achou que fosse impossível ficar mais feliz do que já estava, mas aquilo representou o mundo todo para si. Charles lhe era tão importante, a tranquilidade e a felicidade dele era algo pelo qual Carlos lutava todos os dias. E saber que foi capaz de proporcionar isso pra ele era tudo o que ele precisava ouvir.

Desideri NascostiOnde histórias criam vida. Descubra agora