39. Elefante bianco

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→ Trigged Warning de menção a automutilação e relações familiares abusivas neste capítulo. Se este é um conteúdo sensível pra você, pode pular a parte escrita em negrito, me coloco a disposição para explicar a cena no privado ou nos comentários. Quem decidir ler, favor estar ciente das próprias responsabilidades e limites.

Charles não soube calcular quanto tempo Max e ele ficaram em silêncio. Talvez tenham sido poucos minutos, mas na percepção dele pareceram ser muitas horas. Até mesmo cochilou, ou somente descansou os olhos. Sua cabeça estava completamente vazia, depois de meses, ele conseguiu ter um momento onde não pensava em absolutamente nada. Afinal, estava muito ocupado com os estímulos sensoriais que o rodeavam.

O cheiro de sexo permeava todo o ambiente do quarto. Era um cheiro intenso, poderoso e imponente, tão incrivelmente Max que ele não conseguia explicar. Sua pele estava pegajosa, o suor começava a secar e grudar em si, o que começava a deixá-lo desejoso por um banho. O meio de suas pernas estava igualmente grudento, porém escorregadio por conta do lubrificante, e também era capaz de sentir o esperma do amante escorrer por entre elas, o que era uma pena. Charles gostava muito de se sentir cheio. Talvez fosse capaz de viver cheio daquilo, andar por aí carregando a ejaculação de outro cara apenas para ter a sensação de pertencer a alguém. Era um pensamento insano, ele sabia. Mas excitante.

E ao mesmo que pensava em uma porção de coisas imundas, ele também tinha o coração quente. Max continuava segurando sua mão, não havia a soltado por nenhum momento desde que terminaram de foder. Ou eles tinham feito amor? Talvez um pouco das duas coisas. Enquanto estavam na sala, Charles o pediu para que fizesse amor consigo. E bem, considerando o que ele tinha visto logo antes de alcançar seu segundo orgasmo, era possível dizer que realmente, eles não tinham simplesmente fodido.

A lembrança do caleidoscópio que viu nos olhos de Max ficaria em sua mente por algum tempo.

─ Charles? ─ a voz meio rouca e sonolenta de Max preencheu o ambiente, tirando Charles de sua quase meditação. Estar com a cabeça vazia apenas focado no sensorial era uma meditação, não? ─ Você está bem? ─ seus lábios se curvaram em um sorriso. Lá vinha ele de novo.

─ Acho que essa é a pergunta que eu mais ouvi sair da sua boca neste último mês. ─ era pra isso ter ficado apenas em pensamento, era injusto falar assim com Max. Ele estava apenas sendo gentil. Porém, era um tanto quanto irritante.

─ Desculpe. Você está tão quieto... Eu fiz algo que você não gostou? ─ é, não importava o quanto Charles ficasse irritado, Max continuaria se preocupando com seu bem estar. E bem, mesmo sendo um pouco chato, Charles não fingiria que não gostava disso. Como ele tinha pensado antes, gostava muito de ser mimado. De ser cuidado. E Max tinha a habilidade de fazer isso como ninguém.

Ele nunca tinha se sentido tão importante para alguém. E ele precisava que Max soubesse disso.

Espreguiçou-se, e com certo esforço, sentou-se na cama, erguendo-se até que pudesse encarar os olhos de Max. Olhos murchos, cansados. Satisfeitos. Charles amou poder ver que ele também tinha gostado do que eles fizeram.

─ Não, mon lion. Não se preocupe com isso, eu amei tudo. ─ Leclerc pôde ver os olhos de Max crescerem com o apelido, e as bochechas ganharem ainda mais cor. Charles também sentiu suas entranhas se retorcerem após simplesmente soltar isso sem nem pensar. Mas ele não estava arrependido. Se Max se dava o direito de lhe dar apelidos em sua língua nativa, Charles faria o mesmo.

Ele só esqueceu que, ao contrário dele, que não entendia holandês, Max entendia francês. E pôde sentir milhares de fogos de artifício explodirem em seu peito com aquele ato de carinho vindo de Charles.

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