Desideri Nascosti

40. Tutta una vita davanti

→ Aviso de conteúdo sexual explícito neste capítulo. Quem não se sentir confortável em ler, fique à vontade para pular e leia até os asteriscos, não vai afetar sua percepção da história. Quem ler, fazer com responsablidade e respeitando os próprios limites.

Monte Carlo, Mônaco - 16 de outubro de 2022.

Charles não sabia dizer se tinha grandes motivos para comemorações neste ano que se passou. Ele havia se perguntado isso durante toda a semana, sabia que no próximo domingo seria seu aniversário, e já estava sendo pressionado para fazer alguma coisa. Seus amigos de Mônaco lhe questionaram durante os últimos dias, querendo saber o que ele tinha planejado para aquele ano, e sinceramente, se tinha algo que Charles não pensou durante aquela semana, foi nisso.

Era justo, depois de tudo o que aconteceu. Charles não conseguia parar de pensar sobre os ocorridos dos últimos dias, sobre o quanto estava confuso. Assim que voltou pra sua casa depois de sua visita ao apartamento de Max, ele decidiu que se isolaria do mundo um pouco. Seus amigos e família estavam atrás dele justamente por conta do seu aniversário, mas Charles não pensou em nada até aquele sábado. Ele só conseguia ficar quieto em casa, focando em sua rotina e, em seu tempo livre, sentado na frente do piano enquanto criava e pensava.

Isso parecia ser um padrão na vida de Charles, ao menos sempre que se sentia muito incerto sobre as coisas. Ele criava. Escrevia uma porção de partituras, sem saber se levaria aquilo para frente ou não. Mas mesmo assim, conseguia se sentir um pouco mais leve sempre que estava focado na frente do piano. Era absolutamente terapêutico, sua maneira de elaborar tudo o que estava sentindo.

Enquanto escrevia, cenários iam se desenhando na mente de Charles. Cenas que tinha passado, e que imaginava que viria a passar, caso seguisse por um caminho ou por outro. Também tinha feito sua terapia naquela semana, e contou tudo e mais um pouco para sua terapeuta, que o ouviu com a maior atenção do mundo. Charles confessava que, às vezes, preferia que ela dissesse o que ele deveria fazer. Qual era a melhor escolha para sua vida. Mas ela sempre fazia questão de relembrar que não era este seu papel. Que Charles era adulto, e responsável pelas próprias escolhas. E isso era algo que apenas ele poderia decidir.

Sinceramente? Essa claramente era a coisa mais difícil. Mesmo que não conseguisse entender o porquê. Aliás, ele realmente precisava decidir alguma coisa agora? Não seria mais interessante apenas desfrutar o momento, as sensações que estava vivendo, ao invés de correr com algo que não precisava ser escolhido com tanta pressa?

Ah, o controle. A necessidade de ter tudo na palma de sua mão. Esse era o grande mal de Charles.

Ele ainda estava aprendendo que se vivia um dia de cada vez. Que planejamentos eram necessários, mas a vida era eternamente incerta. Ainda mais quando se tratava de algo tão sensível quanto seus sentimentos. Sabia que estava numa linha tênue, entre um lugar que se mostrou intenso, onde grande parte de seu coração ainda estava, mas que tinha medo de voltar, e se machucar mais uma vez. E outro, que ainda estava descobrindo, e que era bem diferente. Um lugar onde se sentia amado e protegido. Mas que ao mesmo tempo, tinha medo de ele mesmo ser o algoz dessa vez. Ele não suportaria essa ideia.

Charles estava cansado de pensar tanto. Ele não merecia passar o fim de semana de seu aniversário com a cabeça tão atormentada. E foi quando ele decidiu aceitar a ideia de seu amigo Riccardo, e ir ao Jimmy'z no sábado que antecede o domingo de seu aniversário.

E ele convidou Max, colocando seu lado impulsivo para fora. Ele lhe convidou para sua casa, afinal. Seria uma falta de educação Charles não chamá-lo para comemorar consigo. Não tinha certeza se ele aceitaria ou não, Max era um cara mais reservado, podia se sentir deslocado por Charles estar com outros amigos.