31. Pezzi del nostro cuore

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Charles tinha pensado que conversaria com Carlos exatamente no dia em que aquele episódio com Max ocorreu, porém só conseguiu ir até ele quase dois dias depois. Era noite de sábado, eles deveriam estar dormindo para se aprontar pra corrida amanhã. Uma das mais importantes do campeonato para Charles, não apenas por ser Monza, mas pelo momento em que tudo se encontrava. Tinha tudo para voltar a ser líder do campeonato naquela etapa, havia conseguido ser pole novamente, com Carlos largando logo atrás. Max largaria apenas de quinto, Charles quase que literalmente tinha a faca e o queijo em mãos. Ele deveria estar cem por cento focado nisso. Mas ele sabia que não conseguiria focar, sem antes resolver o que tanto estava lhe angustiando.

Ele se encontrava na frente da porta do quarto de Carlos, pensando se batia ou não. Haviam sido colocados no mesmo hotel, como sempre era quando iam para Monza. Na manhã daquele sábado, Carlos até tentou interagir mais consigo. Mas era Charles quem estava mais frio dessa vez. Ele não queria saber, não queria fingir que nada estava acontecendo. Estava exausto desse comportamento dele, não voltaria a agir normalmente sem que antes pusessem as cartas na mesa. Ou Carlos lhe contava agora o que estava havendo, porquê ele estava lhe excluindo desse jeito, ou não teriam como continuar.

Eles poderiam até se amar, mas Charles aprendeu durante sua vida que uma relação não era feita apenas de amor. Amor nenhum era capaz de suportar a exclusão, a falta de confiança.

E pensando assim, Charles respirou fundo e bateu na porta. Ele não sabia o que iria acontecer, mas seja como for, sentia que seria o melhor para os dois.

Eles queriam ficar juntos, mas não eram maduros o suficiente pra isso. Eles não estavam prontos para lidar com as consequências.

Ou Carlos não estava. E ele acabaria perdendo muito por isso.

Carinõ... ─ Carlos disse de forma doce ao ver que era Charles batendo em sua porta. Charles suspirou ao ouvir seu apelido favorito.

─ Oi, Cahlos. ─ respondeu, sem apelidos e com seu jeitinho característico de falar o nome dele. Ignorar o R do nome de Carlos já era algo de seu sotaque, e Charles forçava isso ainda mais, pois sabia que ele gostava. Porém, dessa vez, seu tom foi mais sério, o que fez Carlos engolir seco. Ele sabia que havia chegado o momento de eles conversarem. ─ Será que... Eu posso entrar? Nós precisamos conversar, não acha?

Eles não desviavam o olhar um do outro. Encaravam-se fixamente, tentando ler o que cada um queria dizer com os olhos. Talvez eles nem precisassem decifrar muita coisa. Sabiam que daquela conversa poderia sair algo muito bom, ou muito ruim. Eles não sabiam se estavam prontos para tudo o que seria dito. Nem tinham muita ideia do que dizer, na verdade. Porém, era algo que precisava ser feito. Já haviam adiado aquilo por tempo demais.

Carlos abaixou a cabeça, fugindo do olhar de Charles. Ele não respondeu verbalmente se Charles podia entrar, apenas cedeu espaço, e com o braço, apontou para dentro. Charles encheu os pulmões de ar e adentrou o quarto, um passo de cada vez. Quando estava no centro do quarto, Carlos fechou a porta e a trancou, e acendeu a luz que estava apagada. Ficaram em silêncio por dois minutos, com Charles de costas para Carlos. Até o momento em que ele se virou, e puderam voltar a se encarar nos olhos.

Charles sentia seu coração batendo na garganta. Suas mãos começaram a suar frias, e o nervosismo fazia-o sentir borboletas no estômago. Ele tinha saudades de quando estas mesmas borboletas eram sinal de algo bom, e não um mal presságio. Era certo que sairia machucado daquela discussão, e isso era extremamente dolorido. Sabia que não devia sofrer por antecipação, mas neste caso, como não? Aquilo não podia mais ser adiado. Eles tinham que se comportar como os adultos que eram.

─ Estava com saudades de você, carinõ. ─ Carlos disse, dando um fraco sorriso. Charles não respondeu nada. ─ Me desculpe não ter falado direito com você desde aquele dia, eu...

Desideri NascostiOnde histórias criam vida. Descubra agora