29. Il prezzo della felicità

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Maranello, Itália - Setembro de 2022.

Poucas semanas eram tão agitadas na vida dos pilotos da Ferrari quanto a do Grande Prêmio de Monza. Eles já tinham estado na Itália naquele ano para o GP da Emilia-Romagna, porém, este estava longe de ser o evento que os italianos mais aguardavam. Monza era o evento, o Autódromo Nacional de Monza era o grande templo do automobilismo mundial. E como sempre, logo após saírem da Holanda, Carlos e Charles sequer tiveram tempo de voltar para suas casas. Eles foram direto para a Itália, tinham compromissos em Maranello e, na quarta-feira, viajariam para Monza para mais uma etapa do campeonato. Uma das mais importantes para Charles até aqui.

Não somente por ser o GP de Monza. Charles tinha conseguido vencer na Holanda de novo. Max ainda era líder do campeonato, mas dessa vez apenas 2 pontos separavam os dois. Verstappen conseguiu apenas um quinto lugar em sua home race, tinha sido melhor que na Bélgica, porém ainda abaixo do que era esperado. Não dava pra dizer que a culpa era de Max, a RedBull realmente cagou no pau com o novo pacote de atualizações. Se Charles fizer apenas 2 pontos a mais que Max em Monza, ele retomará a liderança. Dentro de casa, assim como foi em Mônaco. Ele estava tentando controlar os próprios pensamentos e ansiedade para que isso não lhe atrapalhe, não estrague seu objetivo no próximo fim de semana.

Charles também se via afundado em estudos para que não se dispersasse com outras coisas. Desde a Holanda, desde que jogou um pouco mais de lenha na fogueira que era o relacionamento dele e de Carlos, os dois mal olhavam na cara um do outro. Tinham pego o avião juntos para Maranello, mas seguiam frios um com o outro, Carlos permanecia no próprio mundinho dele, se recusando a deixar Charles entrar. Isso era muito triste, deixava Charles profundamente chateado, pois tinha entregado sua alma numa bandeja para Carlos, mas sentia que ele nunca entregaria a dele. Que namoro era esse que apenas um cuidava para que a plantinha germinasse?

Pois era assim que Charles via os relacionamentos. Como uma plantinha que precisava ser cuidada todos os dias para que crescesse saudável.

Charles não fazia a mínima ideia do que Carlos poderia estar pensando. Alguma coisa estava acontecendo com ele, algo muito sério. O conhecia bem o suficiente para saber que ele estava triste. Mas se ele não queria deixá-lo lhe cuidar, como poderia obrigar? Não havia nada que Charles pudesse fazer, além de respeitar o espaço que ele estava precisando. Além de esperar que ele viesse até si. E isso deixava Charles absolutamente frustrado.

Sentia tanto a falta dele. Queria poder ir até ele e beijá-lo, abraçá-lo, dizê-lo que estava com ele para qualquer coisa. E, na verdade, sentia já ter dito tudo isso. Carlos sabia perfeitamente de tudo. Mas preferia permanecer num casulo, e Charles não sabia se poderia continuar com alguém que não era como ele. Que não se entregava, não dava tudo de si. Que não era sincero com os próprios sentimentos. Charles estava cansado.

E seguiria se cansando ainda mais, até se tornar insuportável.

E de fato, Charles não fazia nenhuma ideia do que poderia estar acontecendo com Carlos. O porquê ele tinha se fechado tanto. Aliás, eles sequer conversavam desde que chegaram em Maranello. E bem, Carlos estava disposto a tentar falar com Charles naquele dia. Não dizer o que estava acontecendo, mas... Falar com seu namorado. Tocá-lo, abraçá-lo. Eles não se beijavam há quase uma semana, e Carlos estava ficando abstinente.

Mas novamente, os planos de Sainz foram todos por água abaixo.

Ele teve uma surpresa bem desagradável assim que estava passando pelas catracas da fábrica. Caminhou pela área do prédio em direção à entrada principal, quando uma visão fez seu coração parar no peito. Duas pessoas, uma delas era Mattia Binotto, e a outra, bem, Carlos não esperava vê-lo tão cedo. Não achou nem que ele fosse vir para a corrida.

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