36. Apice mentale

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─ Posso entrar? ─ Charles perguntou, quase que fazendo um bico com os lábios. E bem, Max entendeu o que ele estava querendo. Ele queria lhe enlouquecer. O loiro prendeu a respiração e engoliu seco mais uma vez. Charles percebeu quando seu pomo de adão subiu e desceu.

─ C-Claro! ─ ele deu espaço para que Charles entrasse. Não havia muito o que fazer se não deixar. Ele sabia o que Charles queria, Max não era burro. Mas... Por quê agora?

Leclerc o fez, e Max apenas fechou a porta. O quarto estava escuro, apenas a luz da janela entrava. A lua estava alta no céu de Singapura, a noite extremamente quente. Isso só parecia deixar Charles mais insano e confuso. Ele ainda se mantinha de costas pra Max, e um silêncio momentâneo tomou conta do ambiente. Charles fechou as mãos em punhos, sentindo-as suadas ao mesmo tempo que seu coração martelou seu peito.

─ Charles? Está tudo bem? ─ Max indagou, aproximando-se alguns passos do monegasco. O ar do quarto, de um minuto para o outro, tornou-se extremamente denso. Leclerc respirou fundo, agora que estava ali, não iria voltar atrás.

Ele não pensou em mais nada. Virou-se para Max e, com as duas mãos em seu peito, o encostou na porta do quarto e o beijou, grudando seu corpo ao dele. Enfiou sua língua por entre seus lábios, e agarrou os cabelos loiros da parte de trás de sua cabeça. Max ficou paralisado, tudo aconteceu tão de repente que demorou para processar que Charles estava o beijando. Seu corpo se enrijeceu, sequer conseguiu fechar os olhos, não acompanhando a velocidade com a qual Charles explorava sua boca. Sequer tocou seu corpo, enquanto ele puxava seus cabelos e pressionava o quadril no seu, parecendo querer fundir seus corpos em um só.

Ele quis muito corresponder, porra, quis virar e ser ele a pressionar Charles contra a porta. Mas aquilo não estava certo. Ele já tinha beijado Charles antes, sabia como era. Sabia o que era ele derretendo em seus braços, e agora não era assim. Estava óbvio para Max que ele queria forçar uma situação. E Max nunca faria isso, nunca daria corda para algo que só iria machucá-los. Então, apenas levou as mãos aos seus ombros e o afastou, ouvindo o som das bocas se separando. Charles abriu os olhos e o encarou, os olhos verdes murchos e a respiração ofegante. Max lhe fitou profundamente.

─ O que... O que está fazendo? ─ indagou.

─ Te beijando. Já fizemos isso antes. ─ Charles respondeu, como se aquilo fosse a coisa mais simples do mundo, enrolando os dedos em seus cabelos e fitando sua boca. Max voltou a engolir seco, e então, deu um sorriso. Levou uma das mãos ao rosto dele, acariciando sua bochecha e vendo-o piscar pra si. Apenas aquele carinho já pareceu ter abaixado um pouco a guarda de Charles, que parecia menos ansioso.

─ Não é disso que estou falando. Não faça nada do que você vá se arrepender, Charlie. ─ Max afirmou, num tom de voz baixo e calmo. Tranquilo, como sempre. Charles prendeu a respiração com os lábios entreabertos, e os olhos verdes queriam arder.

E novamente, Charles se perguntou como era possível ele ser assim. Apenas encarando seus olhos, Max parece ter sido capaz de ler todos os seus pensamentos, pôde ter a certeza de que Charles não estava ali por inteiro. De que o que o levou até ali foi uma crise de raiva e decepção, que estava querendo lhe usar para ferir Carlos. E da mesma forma como aconteceu em Mônaco, ele soube ser prudente e freiar seu instinto destrutivo. Algo absolutamente bonito.

─ Não vou me arrepender. ─ disse, num tom não tão mais alto do que um sussurro. Mesmo assim, decidiu fazer uma nova tentativa, esperando que Max mudasse de ideia. Esperando que ele, assim como Carlos, pouco se fodesse para seus sentimentos. Charles sentia que merecia ser usado, ser punido. E queria que Max fizesse esse papel.

Ouvir aquela voz fez o corpo todo de Max se arrepiar. Charles levou uma mão ao rosto dele, deslizando o polegar por aqueles lábios grossos e sardentos. Olhou para eles, e sua boca se encheu de água, ao compasso que seus olhos enchiam de lágrimas. Merda, ele estava tão confuso. Sabia qual era seu objetivo, mas... De certa forma ele também queria estar ali. queria estar com Max, queria que ele lhe levasse pra cama e lhe fodesse. Sempre quis isso. Talvez não fosse o momento certo, mas mesmo assim, gostaria de tentar.

Desideri NascostiOnde histórias criam vida. Descubra agora