27. Ecco come giochiamo

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O fim de semana em SPA-Francorchamps parecia estranhamente promissor para a Ferrari. Logo na sexta-feira de treinos, pode-se perceber que os carros vermelhos seriam dominantes, e o pacote de atualizações que a RedBull trouxe das férias foi um belo tiro no pé. Max não conseguiu ficar no pódio em nenhum dos treinos, enquanto os rostos de Charles e Carlos foram figurinhas carimbadas em todos eles. Aquela decadência justo na home race ─ podia-se dizer que era já que Max havia nascido na Bélgica ─ de Verstappen com certeza não tinha o deixado nem um pouco feliz, mas até aí isso era problema dele. Charles estava bem satisfeito com a situação, aparentemente conseguiria diminuir bem a diferença de 38 pontos entre Max e ele já naquele fim de semana e isso era ótimo.

No sábado, foi até que fácil para Charles conquistar a pole position. Como era de se esperar, o tempo deu uma mudada no sábado de manhã e isso já conseguiu desanimar o monegasco, que nunca foi um grande piloto em pista molhada. Mas a equipe tinha acertado muito no carro durante as férias, estava tudo indo até que bem demais. Charles foi o pole, com Carlos e Lewis logo atrás. Aparentemente, teríamos dobradinha da Ferrari em território inimigo, e isso era muito engraçado. Max largaria apenas de sétimo, e Checo sequer foi para o Q3. Como Charles tinha pensado, estava tudo indo bem demais. E como a pessoa ansiosa que era, sempre vinha a sensação de que algo ruim acabaria acontecendo nessas horas.

E talvez ele estivesse certo em se sentir assim.

Não aconteceu nada de ruim na corrida de Charles, na verdade. Ele venceu na Bélgica, ficando imensamente feliz e radiante. Foi pular nos mecânicos com um sorrisão enorme, ele tinha conseguido diminuir a diferença para Max. O holandês, com sua RedBull completamente ferrada pelas novas atualizações, chegou apenas em oitavo. A diferença de 38 pontos caiu para apenas 17. Charles ainda estava na briga, ele iria conseguir. Fazia tempo que ele não sentia um frio tão grande na barriga pelo entusiasmo de um bom resultado, por perceber que ainda dava para buscar aquele título.

Leclerc dividiu o pódio com Lewis e com um surpreendente Lando Norris, que fez uma bela corrida com sua McLaren ─ que ao contrário da RedBull, parece ter acertado no pacote de atualizações. Carlos, de forma muito parecida com a Áustria, acabou fora da corrida perto de ela acabar. Teve uma falha no motor, justo quando estava quase certo que haveria dobradinha da Ferrari.

Antes mesmo da corrida acabar, o espanhol estava na garagem olhando os dados de telemetria no pit wall, comparando seu desempenho ao de Charles com uma pulga atrás da orelha, após uma falha tão parecida com aquela de Spielberg ─ dessa vez o carro não pegou fogo ao menos. Ele conversou com Rick e com Mattia, e meio estressado, retornou à garagem, frustrado. Quando faltavam umas 15 voltas para o fim, Binotto saiu do pit wall e foi atrás de Carlos, encontrando-o sentado num canto escondido da garagem. Percebeu que ele estava chateado, e sentiu que devia uma explicação.

Mattia Binotto nunca escondeu que Carlos era seu preferido. Se dependesse apenas de si, quem estaria brigando pelo campeonato era ele, e não Leclerc. Charles era uma criança chorona e imatura, Carlos tinha muito mais inteligência, frieza e maturidade. E trazia patrocínios para a equipe, ponto importantíssimo. Mas infelizmente, as coisas não dependiam apenas de Mattia.

A alta cúpula da Ferrari era obcecada por Charles. E ele não tinha o que fazer a não ser obedecer. A aproveitaria aquele momento para ter uma conversa séria com Carlos.

Chegou na frente dele e cruzou os braços, olhando-o sentado numa caixa de metal na garagem, bebendo água. O rapaz espanhol ergueu os olhos para si, e o italiano sorriu para ele.

─ Não faça essa cara, garoto. Eu sei que dois DNF's dentro de um curto período de tempo é desanimador, mas vamos trabalhar para não acontecer mais. ─ Binotto disse, simplesmente. Conseguiu ver Sainz revirar os olhos e rir do comentário.

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