Paixão & Café

11. Amizade

Anna

12:19. Aula extra não está exatamente na minha lista de passatempos, mas sei que vai me ajudar nos testes finais, então... aqui estou eu. Só falta 1 minuto e meu pai provavelmente já está me esperando no carro lá fora.

Caramba, parece que o minuto final é sempre o mais longo.

"... por isso Bauman tornou-se uma grande referência nos contextos...", a voz do professor faz ecos na minha cabeça e as palavras perdem sua forma à medida que meu cansaço aumenta, "relações... social... amor...".

Amor...?

Triiiiin * sinal *

Finalmente!

Guardo meu material na mochila com tanta pressa que pareço uma mula desengonçada.

"Ron Weasley", dou um toque no ombro de Nick, "O que acha de passar lá em casa hoje pra gente começar a planejar o trabalho da Smith?"

Ele me encara como se tivesse uma minhoca rastejando na minha testa:

"Credo, Ann, nunca mais chame ela pelo sobrenome, por favor", ele fecha o zíper do estojo, "me leva a imaginar que temos alguma intimidade com ela, e pra mim ela é só uma tia mal humorada com um queixo de reptiliana."

"Eca! Falando assim, você faz parecer que eu tenho um caso com ela. Pra ser bem sincera, eu nem sei o primeiro nome daquela megera. Dá pra você parar de viver no Nicholas Verso? Eu só queria te fazer um convite casual, mas já que você não quer..."

"Eu quero! Nunca disse que não quero. Quero me livrar logo desse trabalho insuportável que está ocupando minha agenda em, pelo menos, setenta por cento."

"Nem me fale. Fui olhar minha lixeira do quarto esses dias e encontrei um pedaço do meu cérebro, olha que empolgante."

"Não se desgaste com isso. Quando terminarmos, vamos encomendar alguns..."

* "Tacos!!!" * - nós dois falamos simultaneamente com entusiasmo, abanando os dedos num sinal de amizade.

Hum... falando em tacos...

"Nick...", ajeito a mochila nas costas, "preciso da sua ajuda."

Ele levanta da mesa e me acompanha para sair da sala.

"Ai, Anna Bittencourt... por acaso você voltou com aquele lance de fazer brownies? Da última vez que você pediu minha ajuda foi pra tirar as crostas de gordura da parede do seu fogão antes do seu pai chegar em casa."

"Não!", eu paro na porta e aperto o cenho com uma mão, "Não tem nada a ver com isso. Estou começando a me sentir ofendida por você sempre me associar a desastres."

"Ai, que alívio! Não se sinta ofendida, só tente entender o meu lado: aquele dia foi traumatizante."

"Ok, consegue ouvir o meu real motivo, se não for incômodo?"

Antes mesmo de Nick formular sua resposta, Brandon passa entre nós como se fôssemos invisíveis, nos atingindo com a mochila cinza da Adidas tão larga quanto suas costas de jogador de basquete metido a Michael Jordan.

"Ter educação é bom, Brandon.", resmunga meu amigo.

"Ah, não vi vocês aí. Chegaram há quanto tempo?", debocha.

Entro na briga:

"Poucos segundos antes de você provar sua insignificância."

"Repita mais uma vez."