Capítulo 1.

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Eu disse a mim mesma que não ficaria nervosa. Eles não podem realmente me ver, então por que meu coração está batendo tão forte?

Ajusto minha câmera pela quarta vez, verificando o ângulo antes de avaliar o que estou vestindo novamente.  É um sutiã fofo com a calcinha combinando – o que vem a seguir não é nada que eu já não tenha feito mil vezes antes. Mas é que agora, estarei fazendo para espectadores  invisíveis e receberei por isso.

Respiro fundo, lembrando a mim mesma de que preciso  do dinheiro. Que é meu corpo, e estou tomando posse dele. Tudo o que eu fizer a partir deste ponto é minha escolha e  estou no controle total. Esse pensamento faz com que eu me sinta corajosa.

Respiro fundo. Verifico minha peruca. Ajusto minha máscara.

Eu posso fazer isso.

Eu ativo a câmera.

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P.O.V KARA ZOR-EL

—  Eu serei uma sem-teto.

Eu escuto Cat estalando a língua em sua cozinha (que, aliás, não é tão longe em um apartamento de 65 metros quadrados), e quando eu levanto meu rosto do veludo envelhecido de seu sofá, posso vê-la sacudindo uma espátula para mim.

— Sem chorar pelo leite derramado — ela me diz. — Você não vai ser uma sem-teto. Você pode ficar no sofá, se necessário.

Eu faço uma careta para o mencionado sofá de veludo, olhando dele para a pilha de jornais no canto do estofado para a televisão que desafia o tempo ao se recusar a morrer dentro de  sua casca de madeira.

— Eu não quero... atrapalhar — digo timidamente, não querendo ferir seus sentimentos. — Vou dar um jeito.

Em meu terceiro ano de pós-graduação em terapia ocupacional, perder meu emprego como assistente de terapia no hospital infantil não fazia parte do plano. Eu mal tenho conseguido pagar o aluguel com o salário que eles estavam me dando, e agora que eles tiveram que reduzir a equipe, meu apartamento menor ainda do outro lado do corredor da casa de Cat parece cada vez mais que será uma coisa do passado, muito em breve.

— Bobagem... — Cat argumenta. — Você sabe que é bem-vinda aqui.

Eu tiro um cacho loiro do meu rosto, empurrando-me das almofadas do sofá para ficar em uma posição sentada.

Conheço Cat Grant há cerca de seis anos; eu a conheci quando ela me convidou para um chá depois que me tranquei para fora do apartamento na minha primeira semana aqui. Uma mulher de setenta e dois anos como minha melhor amiga não estava exatamente na minha lista de coisas para realizar neste lugar, mas ela pode ser mais interessante do que eu, então acho que pode ser isso.

— Cat... — eu suspiro. — Eu te amo. Você sabe disso, mas... você só tem um banheiro e não tem Wi-Fi. Nunca daria certo entre nós.

— É a diferença de idade, não é? — Ela faz beicinho.

— Absolutamente não. Você sempre será a única mulher para mim.

— Estou apenas dizendo. A opção está aberta.

— E o que você vai fazer quando trouxer para casa seus homens do bingo e eu estiver sentada aqui no seu sofá?

— Oh, não vamos incomodá-la. Iremos para o quarto.

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