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⁵ By Shaena

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Eu estou voando. O vento é quente, cortante, e sinto o gosto metálico de sangue na boca. Skyfire e eu sobrevoamos um deserto... mas não é um deserto comum. A terra está encharcada em vermelho, cada grão de areia é tingido de sangue, espalhado até onde os olhos podem ver.

Meu braço lateja. Olho e vejo uma ferida aberta, o sangue escorrendo pela pele, quente e viscoso. Tento entender o que aconteceu, mas o calor me sufoca, e o céu escurece ao meu redor. As rajadas de vento parecem zombar de mim, jogando grãos de areia vermelha contra meu rosto. Sinto meus olhos arderem.

Então, ao longe, vejo outra figura no céu: Aenys, montado em Mercúrio. Um alívio breve invade meu peito, mas ao mesmo tempo um medo profundo toma conta de mim. Eu tento me aproximar, mas Skyfire hesita, e quando fixo o olhar em Aenys, vejo o que temia. Mercúrio sendo atingido por uma balista.

Estendo a mão, como se pudesse alcançá-los, mas Aenys e Mercúrio caem, engolidos pelo deserto.

— Aenys! — grito com toda a minha força, mas o som se perde. 

Ouço um grito de dor de Skyfire, e quando percebo, também estamos caindo, o desespero me sufocando enquanto despenco no vazio.

Acordo com um solavanco, arfando, os lençóis grudados ao meu corpo. Meus dedos buscam pela adaga na mesa ao lado, como se eu estivesse me defendendo de alguma coisa. Aperto o cabo com força, tentando lembrar que foi só um sonho.

Olho ao redor, tomando fôlego, e a familiaridade do meu quarto me envolve de volta à realidade. Passo a mão pela testa e encontro gotas de suor. Ainda tremo. Foi só um sonho... mas não consigo apagar a sensação. A imagem de Aenys e Mercúrio caindo não sai da minha mente.

Respiro fundo, mas mesmo assim, o desconforto não passa. Não consigo ignorar o que acabei de sonhar. Sem pensar muito, me levanto, saio do meu quarto e me dirijo aos aposentos de Aenys.

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Entro no quarto de Aenys por uma passagem secreta. Como a Fortaleza estava em construção ainda, haviam algumas passagens inacabadas e eu, Aenys e Maegor descobrimos isso há alguns anos.

Encontro Aenys sentado em sua mesa, a luz da vela projetando sombras sobre seu rosto enquanto ele escreve, concentrado. Ao me ver, ele parece surpreso, franzindo o cenho.

— Shaena? — ele coloca a pena de lado e se levanta. — Está tudo bem?

— Eu... — hesito, me esforçando para disfarçar o tremor na minha voz. — Tive sonhos ruins. E, bom, não consegui mais dormir.

Aenys dá um passo em minha direção, o rosto preocupado.

— Sonhos ruins? Do que eram?

Sinto um nó de irritação no peito.

— Só um pesadelo.

As palavras saem hesitantes, quase como um sussurro. Mas ele sabe o que significa. Um pedido para ficar. Era um código nosso, uma versão abreviada de um pedido mais longo: fique e me faça esquecer os pesadelos. Fique e durma ao meu lado. Fique e espante os sonhos ruins. Um pedido que nós dois já fizemos tantas vezes antes. Desde que éramos crianças, tínhamos esse costume. Quando os pesadelos vinham ou quando nossos pais iam para a guerra, deitávamos um ao lado do outro, encontrando no silêncio e na presença um conforto que ninguém mais poderia dar.

𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora