𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨

━ xxxiv. ♕

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³⁴ By Maegor*

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Só consigo sentir cheiro de sangue e fumaça.

O chão está coberto de sangue, e não sei mais se escorrego nos corpos ou nos pedaços da minha armadura que fui deixando pelo caminho. Minhas mãos estão encharcadas, minha espada já pesada e meus músculos em brasa. Mas sigo. Mato, corto, rasgo. O gosto de ferro preenche minha boca como se eu mesmo estivesse sangrando por dentro.

Grito ordens, mas não sei se alguém me ouve. Já não sei nem se eu mesmo me ouço.

Sempre imaginei que morreria como um guerreiro. Todo Targaryen sonha com uma morte grandiosa — como cavaleiro de dragão, queimando os céus, invencível até o último suspiro. Mas aqui estou eu: com nada além de uma espada, cercado por mercenários que não deveriam ser mais que um incômodo.

Não quero morrer assim. Não nesse lamaçal de sangue, às mãos de homens sem nome.

Respiro fundo. Preciso lutar. Mesmo que a causa esteja perdida.

E então, quando tudo parece prestes a desabar, o céu se abre.

Skyfire rasga as nuvens com um rugido que cala a todos. As asas violetas se abrem como uma maldição sagrada, e por um instante todos acreditam que a salvação chegou. Eu também.

Mas não por muito tempo.

Shaena mergulha com rapidez, e vejo seu olhar fixo... em Aenys.

Ela o alcança, e percebo tarde demais o quanto ele está em perigo. A batalha se deforma num caos absoluto. Não consigo enxergar nada além da fumaça sufocante. Meu peito arde e minha visão turva.

Até que uma claridade rasga o horizonte.

E então eu vejo. Não ouço — o som foi arrancado do meu mundo faz tempo —, mas vejo o horror.

Aenys cai.

O dragão dele despenca dos céus como uma estrela morta. Mercúrio gira no ar, descontrolado, como se sentisse o impacto antes mesmo de tocar o chão.

Não consigo respirar.

Não consigo me mexer.

Todo o campo de batalha desaparece. O som morre. A dor desaparece. Só restam as imagens: o corpo do meu irmão caindo. Shaena voando até ele e eu, preso nesse instante que nunca deveria existir.

Não sei se ele está morto. Só sei que parece. E que, se ele estiver... se ela também se machucar...

Não. Não.

Shaena sobe outra vez aos céus. Skyfire gira sobre as tropas, cuspindo chamas, e meu peito alivia por um mísero segundo. Ela está viva.

Ela está viva.

Minha mãe finalmente chega e vejo um pingo de esperança no horizonte. As chamas de Vhagar devoram os mercenários em segundos. Os navios próximos ardem no mar. As construções, os homens, os gritos — tudo vira cinza.

Mas eu não sinto nada.

Nem orgulho. Nem alívio. Só o mesmo ódio que cresce dentro de mim desde o momento em que vi Aenys cair.

Fico ali, de pé, coberto de sangue e cinzas, vendo nossa vitória se desenhar no horizonte, mas sem sentir o gosto dela. A batalha é nossa. Eles recuam. Gritam. Fogem. Morrem.